Washington Fajardo
Produtores de festas,
promoters de megablocos e de eventos privados mandam na cidade do Rio de
Janeiro sempre com a defesa de que trazem recursos para a cidade. Mentira.
Festas/blocos fechados, cercadinhos no réveillon, megablocos no espaço público
são operações de MARCAS.
Estas marcas, brands, negócios, produtos, e suas celebridades, agentes, executivos etc. ganham muito dinheiro e não trazem tantos benefícios públicos. Ou são eventos de consumação fechada ou funcionam com operadores exclusivos. São eventos para convidados. São eventos de massa para veicular produtos e consumo. Nem criam tantas oportunidades, nem tantas dívidas trazem. Isso virou uma praga no Rio. Recursos públicos são disponibilizados para organizar e montar tais “festividades”.
É uma ideia de desenvolvimento
turístico totalmente equivocada pois é baseada no CONSUMO da cidade e não na
imersão na urbanidade do Rio. É a lógica da cidade à venda ao invés da promoção
da cidade que acolhe, estimula e fornece cultura.
Marcas e promoters lucram
muito. E se o evento dá errado, como aconteceu neste domingo, 13/1, no Bloco da Favorita,
o ônus é todo público.
Desordem, quebra-quebra,
destruição de patrimônio e o caos no espaço público são DANOS À REPUTAÇÃO DO
RIO que geram desinvestimentos, afastam visitantes e consolidam a fama de
cidade decadente e sempre em DESORDEM.
Lembremos o caos do carnaval
de 2018 e suas imagens de inferno urbano que motivaram a intervenção federal na
segurança pública da cidade.
Cariocas precisam abandonar o
discurso fácil de farra e algazarra e exigir mais ordem na alegria pois é
possível. Ministério público precisa investigar a relação entre promoters
poderosos, marcas e autoridades públicas.
A imagem do Rio é muito
preciosa e cada segundo de caos urbano vai circular pela imprensa do país e do
mundo. Melhorar uma reputação urbana é muito difícil e leva tempo. Estas marcas
privadas lucram e a marca pública “Rio” é destruída.
O carioca precisa refletir.
Basta de nos vangloriarmos de vivermos num lugar “da beleza e do caos”. É um
comportamento urbano suicida.
Copacabana é o bairro da
cidade com a maior concentração de população idosa, então por que todo mundo
quer fazer foto aérea dos seus eventos na paisagem do bairro, mas ninguém quer
cuidar ou conservá-lo?
A festa deles acabou e a
bagunça agora é nossa.
Chega de confusão no Rio.
Chega de achar que extroversão é sinônimo de desorganização.
Não somos uma cidade de final de semana; somos uma metrópole com história de séculos e que precisa funcionar bem todos os 365 dias do ano.
Não somos uma cidade de final de semana; somos uma metrópole com história de séculos e que precisa funcionar bem todos os 365 dias do ano.
Título e Texto: Washington
Fajardo, Arquiteto e urbanista, Diário do Rio, 13-1-2020, 11h20
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