Aparecido Raimundo de Souza
NOS ENCANTA, SOBREMANEIRA, o amor lindo e romântico, sentimental e casto, puro e virginal (ainda
que de mentirinha), em tramas-dramalhões água com açúcar. Fazemos referência
aos seriados que nos prendem no sofá da sala, do começo ao fim, enquanto
comemos pipocas e tomamos refrigerante. Citaremos alguns que são
inconfundíveis, como as temporadas de “Magnum”, vividas por Jay Hernandez, na
pele de Thomas Magnum e a linda e encantadora Perdita Weeks, no papel de Juliet
Higgins.
Nos arrebata a alma, deixando nosso âmago em pandarecos, vermos Clark
Kent apaixonado e com o coração dividido entre duas beldades de tirar o fôlego,
essas esfuziantes criaturas vividas por Kristin Kreuk (Lana Lang) e ao mesmo
tempo Erica Durance (Lois Lane). E observem que esses amores (alguns
platônicos) não são somente entre as estrelas de carne e osso. Também nos
desenhos animados, encontramos casais que valem a pena ser lembrados, como o
Popeye e a sua insubstituível Olívia Palito, Marge e Homer Simpson, Fred e
Vilma Flintstone, Barney e Betty Rubble, Pato Donald e Margarida, Shrek e
Fiona...
No mesmo trilho, o Coiote pelo Papa-Léguas, Frajola e Piu Piu, Mandrake e
a princesa Narda. Falamos também dos amores proibidos, hoje tão em voga, tão em
moda, a ponto de não sabermos quem é quem. Nessa bebida de sabores diversos,
temos o filho-filha da lindíssima e encantadoramente bela Gretchen, o
simpático-simpática Thammy Miranda e Andressa Ferreira, o cantor-cantora Lulu
Santos e seu marido-marida Clebson Teixeira, o intérprete metade-cantor,
metade-cantora-terror, Pabllo Vittar com Leonardo Portilho.
Não podemos deixar de citar Roberto Carlos e seu inseparável Calhambeque,
Ford-1929, tampouco o padre Fábio de Melo com a sua surrada Batina, a cantora
Maria Gadu e a estonteante Lua Leça, as ex-BBBs Clara e Vanessa, a cantora
Daniela Mercury e Marlu Verçosa, a atriz Maria Zilda com a arquiteta Ana Kalil,
o espevitado e traquinas Pimentinha, aquele menino levado da breca, que
vive morrendo de amores pelo senhor
Wilson... Como o pobre homem não lhe dá a devida atenção, o moleque se presta a
perturbar a paz tirando o sossego da infeliz criatura.
Dentro desse rol, seria injusto deixarmos passar em branco o apaixonado e
sonhador Batmam pelo cuscoso Robim, o tenebroso Esqueleto e He Man, o temido e
audacioso Lobo Mau pela cálida e inocente Chapeuzinho Vermelho, e o pior de
todos, a queda quase incompreensível e espantosa da Branca de Neve pelos Sete
Anões. Esse último, cá entre nós, uma festa erótica orgiamente surubenta e bem
a lá brasileira (brasileira?!) de tirar o fôlego dos mais tranquilos e
ordeiros. Em resumo, um puta bacanal que sobrevive desde os tempos medievais,
além de deixar as criancinhas de zero a noventa e nove sem entender bulhufas.
Apesar dos pesares, entre pombinhos e crocodilos, ninfetas e cavalos puro sangue, em nome do
amor, seja ele verdadeiro ou genuíno, real ou falso, mentiroso ou sincero,
sério ou dessério, ou apenas um paliativo para ingleses verem, o que vale, o
que conta, o que faz a diferença, é a onda arrebatadora e abrasada, asfixiante
e aliciada que o move, que o alimenta,
que o torna vivo e inquestionavelmente imorredouro. O amor não tem limites, não
tem partido, não tem distinção de sexo, raça, cor, credo, nem tampouco mais ou
menos.
O amor está presente nos romances, e, como nas tramas das telinhas, nos
leva a viajar léguas e léguas por sendas maravilhosas. Por ser assim e não de outra forma, já que
chegamos à campainha, o melhor a fazermos é acioná-la, para que toque e todos
escutem o seu som curto e mavioso. Podemos trazer à essa dança, igualmente
frenética, os amores sedutores e perfeitos, como o pastoril John Tyree por
Savannah Lynn Curtis, em (“Querido John”, de Nicholas Sparks), o bucólico
Charlie St. Cloud, por Tess Carrol, em
(“Morte e vida de Charlie St. Cloud”, de Bem Sherwood), ou o acolhimento
afetivo e enfeitiçantemente eletrizante de Brake Landon por Erica Hathaway, em
(“Atração Magnética”, de Meredith Wild).
A lista é enorme, gigantesca, assim como o amor e os seus milhares e
milhões de entrelaçamentos. A cada dia, no nosso cotidiano, aprendemos que o
amor, embora, às vezes pareça único, se divide, se multiplica e se soma, ao
igual instante em que se diminui, se abranda, se reprime, se deprecia, se
estrangula e se enfraquece. O amor, em outros tempos, se edificava, se
valorizava, se engrandecia. Durava, perdurava, se arraigava num prometer “para
sempre” e se aquartelava, sólido e encorpado, incorruptível e venerável, até
que a morte o separasse.
Sinalizamos, nesse remoer de lembranças corvejantes, o aconchego dos
nossos avôs e avós, tataravôs e tataravós... Aqueles seres divinizados que
escolhiam uma companheira e iam com ela até a derradeira morada. Os amores de
hoje, ou melhor, os falsos-amores do nosso século, em face de tantas tribulações e adversidades,
desinquietações e contrariedades, entre eles os incontáveis distúrbios de
comportamento macho-fêmea, fêmea-macho, ou “femeafemeomachomacha”, viraram
músicas de sabores duvidosos, se transformaram em piadinhas esdrúxulas,
infortuniosas, com braços e pernas acorrentados a um bombástico e grotesco
embuste ardiloso.
Os amores de hoje, não se comparam, nem de longe, aos entrelaçamentos de
antigamente. Coisa linda de se ver! Difícil, e aventuroso, pois, encontrarmos
por ai, perdidos numa esquina cotidiana de nossa rotina, um Mark Elliott e uma
sonhadora doutora Han Suyin (William Holden e Jennifer Jones protagonistas de
“Suplício de uma saudade”), um Romeu Montéquio capaz de tudo pela sua Julieta
Capuleto, ou um Conde Drácula, pela sua princesa Lisa ou o desfigurado Eric, o
temível “Fantasma da Ópera”, que tantos anos depois, ainda se perde de
paixão pela sua eterna corista órfã,
Christine Daaé.
Título e Texto: Aparecido
Raimundo de Souza, de
Florianópolis, Santa Catarina. 28-1-2020
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