Pessoal, a revista britânica “The
Spectator” tem feito um ótimo e solitário trabalho crítico em relação às
catastróficas previsões e medidas tomadas em torno da pandemia. Neste artigo,
eles apontam o histórico de equívocos graves cometidos por Neil Ferguson [foto] e o
Imperial College, questiona a deferência com que a mídia os trata, enquanto é
impiedosa com os críticos, e apresenta seis perguntas que gostaria que o Sr.
Ferguson respondesse.
Fiz uma rápida e apressada
tradução porque penso que vale a pena ver esse material divulgado a fim de se
fazer o necessário contraponto por aqui. Divulguem!
Vitor Grando, 16-4-2020
Seis perguntas que deveriam ser feitas
a Neil Ferguson
Duas entrevistas diferentes no
Today Programme nesta manhã. A primeira delas com Neil Ferguson,
professor de biologia matemática no Imperial College de Londres, que foi
instrumental em formar a resposta do governo britânico à crise do coronavírus,
e cujo modelo de trabalho levou à imposição do atual lockdow .
No programa, o professor
recebeu um tratamento diferenciado da parte de Sarah Smith tendo suas visões
sido recebidas com um status de quase-Evangelho enquanto declarava que um
“nível significativo” de distanciamento social poderia ter que ser mantido
indefinidamente até que uma vacina esteja disponível.
Então chegou o Secretário de
Saúde, Matt Hancock. Como era de se esperar, ele foi tratado com a tradicional
agressividade do Today Programme, enquanto o seu histórico de
declarações sobre a testagem, o crescente surto do vírus em casas de repouso e
uso de EPI eram escrutinadas por Nick Robinson.
Enquanto o Sr. S. acredita que
seja correto que Hancock enfrente questionamentos duros, Steerpike não consegue
deixar de pensar se Ferguson não deveria receber o mesmo tratamento. Afinal,
sua recomendação está alimentando fortemente a política do governo e, portanto,
precisa encarar um nível de escrutínio semelhante. Além do mais, o trabalho
científico de Ferguson não pode ser descrito como à prova de balas. Como nesses
dias virou tendência ex-roteiristas, hacks e políticos sugerir questões que a
mídia não está fazendo a políticos, Sr. S decidiu deixar sua contribuição ao
debate público apresentando algumas questões a Ferguson.
Abaixo seguem seis
questionamentos que Steerpike gostaria de ver Neil Ferguson responder na próxima
vez que for entrevistado pela mídia:
Q1: Em 2005, Ferguson
disse que até 200 milhões de pessoas poderiam morrer da gripe aviária.
Ele disse ao The Guardian que “em torno de 40 milhões de pessoas
morreram no surto da gripe espanhola de 1918… Existem seis vezes mais pessoas
no planeta agora, então pode-se esperar um escalonamento a até 200 milhões de
pessoas provavelmente”. No fim, apenas 282 pessoas morreram no mundo por
causa da doença entre 2003 a 2009. Como sua previsão saiu tão errada?
Q2. Em 2009, Ferguson e
sua equipe no Imperial previram que a gripe suína tinha uma taxa de letalidade
de 0.3 a 1.5 por cento. A sua estimativa mais provável era que a letalidade
era de 0.4 por cento. Uma estimativa do governo, baseada na recomendação de
Ferguson, disse que “um pior-cenário razoável” era que a doença levaria a
65.000 mortes no Reino Unido. No fim, a gripe suína matou 457
pessoas no Reino Unido e teve uma taxa de letalidade de apenas 0.026 por
cento nos infectados. Por que a equipe do Imperial superestimou a
letalidade da doença? Ou, tomando emprestadas as palavras de Robinson ao
Hancock hoje de manhã: ‘a previsão não seria apenas nonsense seria? Nonsense
perigoso.
Q3. Em 2001 a equipe do
Imperial produziu um modelo sobre doenças de pés e boca que sugeria que os
animais das fazendas vizinhas deveriam ser abatidos, mesmo sem evidência de
infecção. Isso influenciou a política do governo e levou a um abate total de mais
de seis milhões de cabeças de gado, ovelhas e porcos — com um custo à economia
do Reino Unido estimado em dez bilhões de libras. Especialistas como
Michael Thrusfield, professor de epidemiologia veterinária na Universidade de
Edinburgo, que o modelo de Ferguson sobre doença de pé e boca era
“profundamente falho” e cometeu “erro grave” ao “ignorar a composição das
espécies das fazendas” e o fato de que a doença se espalhou mais rápido entre
espécies diferentes. Ferguson reconhece que seu modelo em 2001 era falho? Se
sim, ele tomou medidas para evitar erros futuros?
Q4. Em 2002, Ferguson
previu que entre 50 a 50.000 pessoas provavelmente morreriam por
exposição à doença da vaca louca na carne. Ele também previu que o número
poderia aumentar a 150.000 se houvesse também uma epidemia nas ovelhas. No
Reino Unido, houve apenas 177 mortes da doença. Ferguson acredita que
seu “pior cenário” nesse caso estava muito elevado? Se sim, que lições ele
aprendeu desde então sobre modelagem?
Q5. O modelo de
Ferguson para o Covid-19 foi criticado por especialistas como John Ioannidis,
professor de prevenção de doenças na Universidade de Stanford, que disse que:
“O estudo do Imperial College foi feito por uma equipe altamente competente de
modeladores. Todavia, algumas das principais pressuposições e estimativas
embutidas nos cálculos parecem substancialmente infladas”. O modelo da equipe
do Imperial para o Covid-19 foi submetido ao escrutínio de outros especialistas
e a equipe questiona suas próprias pressuposições utilizadas? Que garantias
foram tomadas?
Q6. Tem sido relatado
que o modelo do Imperial College de Londres para o Covid-19 é baseado num
código computacional que já tem 13 anos e que foi criado para ser usado para
uma temida pandemia de influenza, em vez de coronavírus. Isso é verdade? Se
sim, quantas pressuposições no modelo do Imperial ainda são baseadas na
influenza e há algum risco do modelo ser falho por causa dessas pressuposições?
Tradução: Vitor Grando, 16-4-2020
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