Paulo Hasse Paixão
“O momento dela”, lemos na capa da mais recente edição da revista Time, enquanto, num retrato a carvão de inspiração estalinista a vice-presidente Kamala Harris olha para o horizonte, num exercício de glorificação de todas as qualidades que a senhora não tem.
Em desespero de causa, os
media corporativos estão atualmente a tentar fazer de Kamala uma figura
política transformadora. Mas, ao mesmo tempo, têm de a apresentar como uma
moderada sensata, como uma candidata de consenso. Uma missão quase, quase,
quase impossível, só acessível a propagandistas de grande calibre.
Há apenas algumas semanas,
antes de Joe Biden desistir da eleição presidencial de 2024, todos estavam de
acordo: Kamala Harris era o elo mais fraco, um embaraço nacional, e devia ser
ignorada até que desaparecesse da paisagem.
Isso já não é uma opção.
O establishment está de pleno acordo que Trump é uma ameaça à sua própria existência (e quem dera que isso fosse verdade). Por isso, tem de ignorar os defeitos de Kamala e desfazer Trump em pedaços, enquanto tenta entusiasmar as massas com uma candidata que prima pela incapacidade, pela vacuidade, pela idiotia, e que nem um programa eleitoral propôs aos americanos.
Harris vai romper
superficialmente com posições e políticas anteriores – como está a fazer em
relação à fronteira com o México, que descobriu agora que existia e que está
escancarada, apesar de ter sido nomeada pelo seu chefe como czarina da raia –
de forma a ganhar o apoio dos eleitores desiludidos com os fracassos de Biden,
mas ainda alérgicos à candidatura de Trump.
Os meios de comunicação social
continuarão a retratá-la como uma figura de “esperança e mudança”, ao mesmo
tempo que dão destaque às suas escassas propostas, geralmente inconsistentes e
sem sentido.
Acontece que o povo americano
já experimentou viver sob a liderança de Kamala. Os media estão a tentar
fazê-los esquecer esse desastre e forçá-los a ficar entusiasmados com alguém
que só promete mais do mesmo: uma América a naufragar na sua própria decadência
moral e institucional.
A capa da Time é assim um
exemplo, gritante e obsceno, de como a imprensa corporativa vai retratar Kamala
daqui para a frente: Como uma pessoa que ela não é. Como o inverso da pessoa
que ela é. Como sempre fazem os mestres propagandistas dos mais sinistros
regimes totalitários da história da humanidade.
Narrativa liberal-estalinista Vs. realidade. Neste caso, como em todos os outros, a propaganda corporativa inverte diametralmente a verdade dos factos. pic.twitter.com/NSiG9eD4Zm
— ContraCultura (@Conta_do_Contra) August 11, 2024
Título e Texto: Paulo Hasse
Paixão, ContraCultura,
14-8-2024
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