Corredor experimental, localizado no meio da pista e com 1,3 metro de largura, permite uma velocidade máxima de 60 km/h apenas no sentido da Lagoa
Gabriella Lourenço
A partir desta segunda-feira
(19/8), entrou em vigor a primeira motofaixa experimental dedicada a
motociclistas no Rio de Janeiro. Delimitada em um trecho de dois
quilômetros da Autoestrada Engenheiro Fernando Mac Dowell, conhecida
como Lagoa-Barra, a faixa está sinalizada na cor azul e pode ser
utilizada por motocicletas ao longo das 24 horas do dia. A recomendação, no
entanto, é que seja usada preferencialmente quando o tráfego estiver
congestionado.
A Autoestrada Lagoa-Barra
foi escolhida como o local inicial para a motofaixa devido à alta incidência de
acidentes e à maior facilidade de controle operacional, já que a base da CET-Rio
está a apenas 2,5 km de distância. Além disso, a via possui faixas de trânsito
mais largas, com pavimentação recentemente recuperada.
Posicionada entre as duas faixas de trânsito atuais, a motofaixa tem 1,3 metro de largura e fica no meio da pista, apenas no sentido Lagoa. A velocidade máxima permitida no corredor é de 60 km/h, promovendo maior disciplina, enquanto nas demais faixas de rolamento da avenida, o limite permanece em 80 km/h. Os carros poderão passar sobre a motofaixa para mudar de faixa de trânsito.
A motofaixa começa 80 metros após a Rua Princesa Diana de Gales e termina 40 metros antes do Viaduto Mestre Manuel, ambos em São Conrado. Placas informativas foram instaladas para orientar os condutores, com mensagens como “Cuidado ao mudar de faixa” e “Trânsito lento; utilize a motofaixa”.
Para garantir que a velocidade máxima de 60 km/h seja respeitada na área, a CET- Rio instalou um radar de monitoramento. A companhia informou que a fase de testes e análises do projeto durará cerca de quatro meses. Se os resultados forem positivos, a próxima avenida a receber a motofaixa será a Rei Pelé, em um trecho de 1.470 metros da Radial Oeste, próximo ao Maracanã.
Segundo a CET-Rio,
cerca 600 motocicletas circulam por hora na Autoestrada Lagoa-Barra, o
que corresponde a 20% do fluxo total de veículos. No entanto, 44% das vítimas
de acidentes de trânsito no trecho são motociclistas ou passageiros de motos.
Câmeras da Prefeitura ainda
revelam que 41,9% das motocicletas se envolvem em situações perigosas ao mudar
de faixa, circular pelo acostamento ou entre os carros. A presença dessas
câmeras também facilitará o acompanhamento da nova motofaixa.
O modelo de motofaixa em teste
é inspirado no projeto Faixa Azul de São Paulo, criado em 2022.
Diferente da capital paulista, no Rio o uso da motofaixa será opcional,
permitindo que motocicletas continuem a circular nas demais faixas.
Atualmente, São Paulo
conta com 98,2 km de faixas exclusivas para motos, com uma meta de alcançar 200
km até o final de 2024. Desde a implementação da Faixa Azul, apenas
quatro mortes foram registradas nos trechos onde ela está presente.
“Recentemente, cobrei do
presidente da CET-Rio, durante uma audiência pública, a adoção de motofaixas na
nossa cidade, tendo em vista o sucesso da medida em São Paulo. O número de
acidentes e mortes caiu muito por lá. A motofaixa é uma medida de urbanismo
tático, uma vez que surge como uma alternativa criativa para “driblar” a
morosidade da gestão pública em projetos de planejamento urbano”, afirma o
vereador Pedro Duarte, que tem defendido a implementação da motofaixa no
estado do Rio e enviando ofícios ao presidente da CET-Rio.
Vale ressaltar que, a
iniciativa de São Paulo ainda é alvo de questionamentos por entidades de
trânsito, que afirmam não ter observado melhorias estatísticas significativas.
Título e Texto: Gabriella Lourenço, Diário do Rio, 19-8-2024; Fotos: Daniel Martins/Diário do Rio
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