quarta-feira, 14 de agosto de 2024

As elites têm medo da Liberdade e do povo

Telmo Azevedo Fernandes

Com a sutileza de um troglodita e a elegância de um mamute, um comissário europeu [foto] ameaçou censurar e punir severamente Elon Musk se este transmitisse no Twitter a sua conversa com o ex-presidente dos Estados Unidos da América. Obviamente, não só a conversa entre Musk e Donald Trump teve lugar, como se registaram audiências astronómicas.

O raivoso comissário não hesitou em usar e abusar da posição de poder da Comissão Europeia para tentar coagir o dono da rede social X e, arrogantemente, impedir que centenas de milhões de utilizadores tivessem acesso à informação e conteúdo que lhes interessaria. Uma pulsão censória de fazer inveja a ditarorezecos e tiranetes nada recomendáveis.

Mas não é só o narcisista Thierry Breton que acha que vai salvar a plebe europeia dos supostos ataques do dono do X. Recentemente, no Reino Unido, outros políticos angustiados tiveram a distinta lata de afirmar que Musk estava a liderar e a promover violência e tumultos. Estas elites dirigentes não têm coragem, nem honestidade, nem tão pouco a humildade de reconhecer o impacto negativo e profundamente desestabilizador das suas próprias políticas na sociedade e que estão na origem das tensões sociais a que todos assistimos. O pavor desta gentalha é o de que a liberdade de expressão possa levar a que uma revolta das massas os tire do poder e das posições de privilégio assim como destrua a autoridade que o sistema ainda garante às elites.

Mas voltando ao autoritarismo presunçoso e antidemocrático dos órgãos europeus não eleitos, será bom lembrar que o regulamento invocado para calar o pio a Musk e Trump foi o chamado «Digital Services Act». Ora, este indecente diploma foi votado favoravelmente por todos os eurodeputados Portugueses, com excepção dos do BE e do PCP. A Iniciativa Liberal e o Chega não tinham à altura deputados europeus, mas o grupo Renew Europe, onde aliás Thierry Breton é dirigente, e que a Iniciativa Liberal passou, entretanto, a integrar votou unanimemente a favor.

E mais: cá em Portugal, não passou assim tanto tempo desde que a unanimidade dos deputados do nosso Parlamento deixou passar a infame “carta portuguesa dos direitos digitais”, uma espécie de transposição para a realidade nacional do regulamento invocado para tentar justificar a atitude censória do comissário europeu contra Trump e Musk.

Ou seja: sob a ultrajante máscara do combate à «desinformação» e ao «discurso de ódio», a regulação das redes sociais e a determinação por via da Lei do que pode e não pode ser dito em público tem levado a um repugnante e profundo declínio do valor da Liberdade.

A civilização é uma opção alternativa à barbárie. Mas nem todos escolhem a primeira.

A minha crônica-vídeo de hoje, aqui:

Título e Texto: Telmo Azevedo Fernandes, Blasfémias, 14-8-2024

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