Telmo Azevedo Fernandes
Pedro Duarte [foto], foi diretor de campanha de Luís Filipe Menezes na corrida à Câmara do Porto, e mais tarde diretor da campanha de Marcelo Rebelo de Sousa às Presidenciais. No primeiro caso, felizmente, perdeu. No segundo caso, infelizmente, ganhou. De qualquer forma, tendo assumido essas funções, partamos do princípio de que perceberá alguma coisa de comunicação.
E deve mesmo perceber, uma vez que afirmou recentemente que “Tem uma visão para a Comunicação Social em que o Estado tem de ter uma intervenção”. O problema está em que Pedro Duarte é agora ministro dos assuntos parlamentares e, nessa qualidade, numa sociedade livre e numa democracia avançada os governantes não devem ter «visões» nem «intervenções» nos media. Se têm, é porque a sociedade não é assim tão livre, nem a democracia especialmente avançada.
Pedro Duarte sucedeu na pasta ministerial à socialista de má memória Ana Catarina Mendes, e recupera agora uma ideia estapafúrdia de outro ministro de António Costa, o ridículo Pedro Adão e Silva: a aquisição a privados dos 45% do capital social da Lusa que faltava ao Estado para ficar com o controlo quase exclusivo da agência de informação. Note-se que, antes das eleições legislativas o PSD rejeitou esta opção, mas agora que os sociais democratas estão confirmados no governo, a ideia passou a ser óptima e oportuna. Aliás, Pedro Duarte, considera agora que a compra das ações da Lusa ao grupo Global Media é “uma prioridade absoluta”.
Esta cambalhota política permite simultaneamente ao Governo por uma pata adicional no controlo da narrativa dos media e fazer um mini resgate a um grupo privado específico que se encontra em stress financeiro.
Para disfarçar a marosca, o próprio primeiro-ministro Luís Montenegro fala num «plano de ação de apoio aos media» com medidas «de caráter muito diversificado», admitindo até um eventual financiamento estatal para comunicação social. Sabemos no que dão estas magníficas e desinteresseiras intenções dos políticos. Já vimos o filme várias vezes, com diferentes protagonistas. É clarinho que o governo fica com maior latitude para interferência e controlo das notícias que saem para o espaço público.
O extraordinário é que, salvo raríssimas, mas honrosas exceções, os jornalistas e órgãos de comunicação social estão muito satisfeitos com tudo isto.
De facto, a Liberdade não é para todos!…
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:
Título, Texto e Vídeo: Telmo Azevedo Fernandes, Blasfémias, 7-8-2024
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