Leandro Ruschel
O Globo deixou há muito tempo de ser apenas um jornal: tornou-se o centro nervoso da propaganda do regime, uma metástase que corrói o debate público e legitima a perseguição política no Brasil. Agora, em mais um editorial vergonhoso, exige que o Estado puna aqueles que não impediram a “fuga” de Ramagem.
A mensagem é clara: para os colaboracionistas do regime de exceção brasileiro, não basta censurar, sufocar e constranger seus adversários dentro do território nacional. Eles querem transformar o planeta inteiro em território de caça, exportando a repressão e pressionando outros países a cooperarem com a perseguição.
Ramagem é apenas mais um entre
centenas de exilados políticos produzidos pela nova máquina autoritária
brasileira. E, ironicamente, nem a ditadura militar chegou a tal grau de
obsessão. Naquele período, muitos exilados puderam reconstruir suas vidas e trabalhar
com dignidade no exterior.
Darcy Ribeiro
assessorou governos latino-americanos e lecionou em universidades no Uruguai,
na Venezuela e no Chile.
Miguel Arraes viveu 14
anos na Argélia, atuando como consultor e articulador político.
Leonel Brizola, depois do Uruguai, permaneceu plenamente ativo nos Estados Unidos até seu retorno triunfal ao Brasil, após a Anistia.
