terça-feira, 9 de dezembro de 2025

[Aparecido rasga o verbo] Sexta-feira 13

Aparecido Raimundo de Souza

O CHUPETO, na sexta-feira, foi com uns amigos do bairro onde morava, acampar. Na mochila, levava comida à beça para o final de semana. Refrigerante, bolo, água, café entre outras guloseimas. Os amigos também se abasteceram de provimentos para não passarem necessidades. Primeiro dia, Chupeto aproveitou a cachoeira. Nadou, pulou, andou de canoa e jogou bola.

Na barraca onde estava, além dele, se fazia presente o Macarrão com Godóia, a sua namorada, o Elísio Fumaça com o irmão Furúnculo e o Trombeta Sonora com o desconhecido Bicarbonato Laranjeira, um amigo que viera de fora. No sábado, logo pela manhã, a galera se divertiu mais ainda. Ao cair da tarde armaram um churrasco, beberam refrigerante e comeram biscoitos e bolos.

Macarrão, num dado momento sumiu com a Godóia para detrás de umas árvores gigantescas pras bandas do rio. E por lá ficaram. O Elísio Fumaça mais Furúnculo se puseram a jogar cartas enquanto o Trombeta Sonora mais o amigo desconhecido, o tal do Bicarbonato Laranjeira, cantava, o outro tocava violão.

“Fazendo história no off, solto por aí
É, para de se iludir
Cê tá mentindo quando fala
Pela boca que eu não presto
Na sua vida eu errei
Mas eu te comi certo
É o Japa NK, é jacaré, jacaré
Pega essa visão, caralho
Posso até não te dar flores
Mas eu dou tapa na bunda
Assume que é eu
Que na cama te afunda
Não tem pra que negar
Vem, vem, vem, vem
Bebe vem sentar
Vem sen, vem sen,
vem sentar...”*

Tardão da noite, aí por volta das duas, se recolheram. Manhã seguinte, domingo Chupeto acordou por volta das onze horas. Sol alto, calor insuportável. Arregalou os olhos. Olhou em redor. Não viu ninguém do grupo. Nem as coisas que haviam trazido. Chamou pelos amigos.

— Macarrão, ei, Macarrão...
Nada.
Insistiu.
— Godóia, Godóia...
Silencio total.
Elísio, Furúnculo...
Nenhuma resposta. Tampouco som, ou o menor ruído que denunciasse a presença de alguém.

Chupeto, ficou cabreiro. Se levantou, olhou em redor, nada. Nem os provimentos que trouxeram de casa se faziam presentes.
Se vendo sozinho e sem resposta dos amigos, saiu da barraca assustado. Gritou insistentemente pelos amigos:
— Macarrão, Godóia, Elísio, Furúnculo, Trombeta... onde vocês se meteram... cadê as nossas coisas? Ora, vamos parem de sacanagem... não estou de brincadeira... apareçam...
Um sujeito desconhecido que passava com uma garota loira olhou para Chupeto furioso.
— Ei cara, que merda é essa?
— Estou procurando por meus amigos...
O desconhecido, aos gritos:
— Ficou maluco, pirou o cabeção?

Chupeto tentou argumentar. O estranho, todavia, estava possesso. Sem mais nem menos, sem explicação alguma, partiu para cima de Chupeto. A moça que estava com ele, o agarrou pelas costas, prendendo-lhe as mãos para trás.
— Vou te mostrar, seu cara de tarado, com quantos paus se faz uma canoa...

Sem mais palavras, ou qualquer tipo de explicação, o sujeito simplesmente passou a aplicar uma série de porradas no pobre do Chupeto. Sem escapatória, indefeso e só, o desditoso apanhou mais que ladrão de galinha. A cabeça girou, o rosto se fez numa enorme bola vermelha. De contrapeso, o corpo se encheu de hematomas, de marcas e arranhões, obviamente pela surra e pelos safanões levados.

Depois desta tunda inexplicável, Chupeto caiu emborcado em meio a uma possa de sangue. Quando conseguiu voltar a si, não sabe precisar quanto tempo depois, ao tentar se levantar, percebeu, só nesse momento se deu conta que estava completamente pelado.

Explicação necessária*
Letra da música dos Artistas: MC Jacaré, DJ Japa NK, MC Ryan SP, MC Meno K, DJ DAVI DOGDOG.
Data de lançamento: 2025
Artista em destaque: DJ DAVI DOGDOG
Álbum: “Posso Até Não Te Dar Flores”.

Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, 9-12-2025


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