Francisco Vianna (Da imprensa
internacional)
Hugo Chávez radicaliza e
aprofunda ainda mais sua “revolução bolivariana” e gera preocupação, numa
Venezuela que está com sua economia destroçada, apesar de todo o petróleo que
possui.
Depois de ter sido reeleito para mais um mandato, o caudilho venezuelano Hugo Chávez se apressa em aprofundar a sua revolução socialista apresentando uma proposta comunista sinistra para substituir o arco atual do estado que permitirá um acúmulo ainda maior de poder em suas mãos.
Analistas políticos dizem que
o governo de Caracas planeja radicalizar o chamado “socialismo do século XXI” a
partir do próximo ano e que a oposição, que já era débil e amedrontada, perdeu
ainda mais força e ânimo depois da derrota de Capriles nas eleições do mês
passado e estão praticamente incapazes de oferecer resistência.
O escritor e historiador
Agustín Blanco Muñoz afirmou que na Venezuela hoje não há qualquer programa
conhecido para deter a investida comunista de aprofundar e radicalizar o
“Socialismo do Século XXI”. Não existe nenhuma planificação, nenhum programa de
metas, nenhuma ação que se oponha aos desígnios de Chávez. A oposição
venezuelana se limita a conseguir algumas prefeituras e governos estaduais.
Chávez, reeleito com diversas
urnas sendo impugnadas pelo Tribunal Superior de Justiça, promete aprofundar
sua revolução socialista e acelerar as mudanças políticas e econômicas “para
estabelecer uma sociedade mais igualitária e justa”. Para isso, o caudilho quer
acabar com as prefeituras e reduzir os governos dos estados a meros organismos
de consulta, criando um novo ordenamento econômico em torno do governo central
e das comunas, que ele chama de “economia comunal”, que, segundo o próprio
Chávez, implicará em novas relações de trabalho e produção onde a única força
capitalista será a do “estado comunal”, com base na renda do petróleo.
Tais conceitos começam a gerar
alarme e pânico entre alguns setores da oposição, e não faltam avisos de que
Chávez pretende desmantelar as instituições democráticas descritas pela
constituição, uma vez que elas consistem nos últimos obstáculos que ainda
separam o chavezismo de uma ditadura socialista plena no país.
A consecução dos planos de
Chávez e seus seguidores irá, seguramente, aumentar em muito a dependência dos
venezuelanos ao estado, um projeto que só serve para agudizar a polarização e
acelerar o colapso econômico do país, cuja economia desce aceleradamente
ladeira abaixo causando o empobrecimento mais intenso e rápido de um país
sulamericano, conforme as declarações de uma deputada e ex-candidata
presidencial Marina Corina Machado, que explica: “o socialismo chavezista é uma
neoditadura que tem contado com recursos econômicos gigantescos para
desenvolver uma campanha política sem precedente, pregando “a justiça e a
inclusão social”, das quais se afasta cada vez mais. O resultado tem sido uma
crescente dependência da sociedade ao estado, fuga de capitais produtivos
privados importantes, a perda da capacidade de produção, a divisão pelo ódio,
pelos preconceitos econômicos, raciais, geracionais e ainda religiosos. O poder
se concentrou numa reduzida burguesia estatal, em parte graças a instituições
prostradas e servis”.
Enquanto isso, as comunas se
preparam para nivelar a todos por baixo, pelos mesmos padrões de pobreza e
miséria existentes em Cuba, de onde Chávez importou do castrismo as bases de
sua doutrina socialista ‘bolivariana’.
A população está apavorada e
assustada pelo fantasma da fome, que já começa a se manifestar por um
desabastecimento que lembra o de Cuba. Não será nenhuma surpresa se em breve o
Palácio Miraflores mandar distribuir “libretas” de racionamento de comida como
de há muito corre na ilha-cárcere dos irmãos Castro.
No réquiem pela Venezuela, a
permanência de Chávez no poder pode significar a pá de cal final no
sepultamento de um país outrora próspero e promissor.
Título, Imagem e Texto:
Francisco Vianna, 14-11-2012
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