Rodrigo Constantino
Milton Friedman alertava que se o governo fosse colocado para administrar o deserto do Saara, em cinco anos faltaria areia no local. O que aconteceria se o governo fosse o empresário em um país com abundância de fontes baratas de energia?
Milton Friedman alertava que se o governo fosse colocado para administrar o deserto do Saara, em cinco anos faltaria areia no local. O que aconteceria se o governo fosse o empresário em um país com abundância de fontes baratas de energia?
Sabemos a resposta: apagões
frequentes, necessidade de importar combustível e energia cara para os
consumidores. É importante notar que este resultado não depende tanto assim de
qual partido está no poder, ainda que a capacidade de o PT causar estragos maiores
não deva jamais ser ignorada. Mas o principal ponto é que o mecanismo de
incentivos na gestão estatal é totalmente inadequado.
Quando o empresário depende do
lucro para sobreviver no livre mercado, a busca por excelência passa a ser
questão de vida ou morte para ele. Manter a elevada produtividade de sua
empresa e atender bem à demanda de seus clientes é crucial para ele prosperar.
Para tanto, ele terá de estimular seus bons funcionários, e punir os
incompetentes.
Já nas estatais, os “donos”
somos nós, sem poder algum de influência em sua gestão, que fica sob o controle
de políticos e burocratas cujos interesses diferem dos nossos. A troca de
favores políticos para a “governabilidade”, o uso da empresa como cabide de
empregos para apaniguados ou instrumento de política nacionalista, o descaso
com o “dinheiro da viúva”, estas são as características comuns nas estatais.
Não é coincidência a enorme
quantidade de escândalos de corrupção que é divulgada na imprensa envolvendo
estatais, tampouco o fato de os setores dominados pelo Estado serem os mais
precários. Portos e aeroportos, os Correios, os transportes públicos, as
escolas e os hospitais administrados pelo governo, o Detran, os presídios,
enfim, basta o Estado intervir muito para estragar qualquer setor da economia.
Quando um partido com
mentalidade mais estatizante assume o governo, a situação tende a piorar
bastante. A arrogância de que o governo pode fazer melhor do que a iniciativa
privada acaba levando a um nefasto modelo “desenvolvimentista”. É o caso do
governo atual. A presidente Dilma acredita que é realmente capaz de administrar
os importantes setores de nossa economia.
Isso explica a quantidade
assustadora de intervenções arbitrárias que tanto mal têm causado ao país. A
Petrobras virou símbolo de incompetência, com crescimento pífio da produção e
enorme destruição de valor para seus milhões de acionistas. Seu valor de
mercado já caiu pela metade desde 2010, mesmo com o preço do petróleo estável
no mundo. Enquanto isso, o valor da Ambev quase dobrou no mesmo período e
chegou a ultrapassar o da estatal.
Os bancos públicos se
transformaram em instrumentos de populismo, fornecendo crédito barato a uma
taxa de crescimento irresponsável, que vai acabar produzindo uma bolha
imobiliária no Brasil, tal como vimos nos EUA, na Irlanda e na Espanha. A Caixa
expandiu sua carteira em 45% nos últimos 12 meses!
O BNDES virou um megaesquema
de transferência de recursos dos pagadores de impostos para grandes empresas
próximas ao governo. Grupos como JBS, Marfrig e EBX, do bilionário Eike
Batista, receberam bilhões em empréstimos subsidiados.
A Eletrobras já perdeu cerca
de 70% de seu valor de mercado apenas este ano, pois o governo resolveu usar a
estatal como centro de custo para sua meta de reduzir as tarifas de
eletricidade na marra, em vez de cortar os impostos (que correspondem a 45% da
tarifa final). Como o cobertor é curto, vai faltar recurso para novos
investimentos, prejudicando o futuro do setor.
Existem outros exemplos, mas o
ponto está claro: o governo costuma ser um péssimo empresário, e isso se deve a
fatores estruturais. Quando um partido convencido de sua suposta clarividência
chega ao poder, o estrago por meio das estatais tende a ser ainda pior. Estamos
vendo exatamente isso na gestão Dilma. Suas medidas estancaram o crescimento
econômico, mas a inflação continua elevada.
O Brasil, para usar um termo
dos psicólogos, é hoje um caso borderline.
O governo sofre do transtorno de personalidade limítrofe. Ele ainda não sabe se
quer fazer parte do grupo dos vizinhos mais decentes, como Chile, Colômbia e
Peru, ou do “eixo do mal”, com a Venezuela, Argentina, Bolívia e Equador. Pelos
sinais emitidos até aqui, ele parece gostar é do fracasso socialista mesmo.
Título e Texto: Rodrigo Constantino
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