terça-feira, 27 de novembro de 2012

O "julgamento do Julgamento"... (e a negação da negação...)

Valfrido M. Chaves
É ponto pacífico que a melhor compreensão sobre o pensamento e ação alheios devem ser obtidos a partir da lógica e do objetivo final desses outros. É um erro crasso usarmos, para tanto, a nossa própria lógica, quando a do outro é diversa, assim como seus fins. Temos que entrar no pensamento alheio para compreendê-lo. Estes resmungos nos incomodam a partir da conclamação de alguns condenados pelo STF na Ação 470, para que a militância do PT leve para as ruas o “julgamento do Julgamento”, assim corrigindo e denunciando o “julgamento político” efetuado pelo STF, que teria vitimizado ilustres brasileiros.
Nesse esforço “analítico” apontamos que a “Negação da negação”, uma das “leis da dialética”, sempre presente no pensamento ideológico marxista que comandou a “práxis” mensaleira, seja o ponto central da “conclamação”. Nessa lógica dialética, o leitor faria uma negação, por exemplo, quando nega, contesta algo sem eliminar a existência do todo em que esse algo aconteça. Ao contestar um mau salário ou más condições de trabalho, um operário estaria fazendo uma “negação”. Faria, entretanto, uma “negação da negação” quando contestasse a propriedade particular, princípio que admite, mantém a empresa e o assalariado. Na Alemanha nazista, por exemplo, o judeu não tinha aquele ou este direito contestado. Ele não era sujeito de direito algum, nem da vida.  Isso seria um modelo de “negação da negação”. A loucura da corrupção à sombra do poder que estaria sujeito às Leis da República faz uma negação quando, na penumbra dos gabinetes palacianos, urde para meter as mãos na bolsa da nação. Delirando com a impunidade, o corrupto ou corruptor adentram na “negação da negação” quando contestam a existência mesma dos tribunais que possam puni-los. No caso em leque, leitor, não estamos diante de um delírio psicótico, mas de uma prática ideologicamente fundamentada que autoriza e pede às massas que constranjam a Justiça, dando um passo adiante no solapamento da “democracia burguesa”.
E vejam como todos os golpes se parecem. Já os vimos com tropas e tanques fechando Congressos, cabresteando Judiciários. Os vimos recentemente com a compra de siglas e militâncias partidárias, com recursos públicos. Agora, com o pretendido “julgamento do Julgamento”. Collor tentou o mesmo, chamando seus “descamisados”, lembram-se?  Deu no que deu. Hoje são outros,  ao verem  a coisa preta... E que assim continuem, ao sabor da pretensiosa e delirante “negação da negação”. É esta “lei da dialética”, que torna seus usuários assemelhados aos autistas, na feliz definição de Ângela Betencourt, sobre seus captores das FARCs. “Vivem em outro planeta”.
Título e Texto: Valfrido M. Chaves, Psicanalista, Pós Graduado em Política e Estratégia- Adesg/Ucdb, 27-11-2012

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