Valfrido M. Chaves
É ponto pacífico que a melhor
compreensão sobre o pensamento e ação alheios devem ser obtidos a partir da
lógica e do objetivo final desses outros. É um erro crasso usarmos, para tanto,
a nossa própria lógica, quando a do outro é diversa, assim como seus fins.
Temos que entrar no pensamento alheio para compreendê-lo. Estes resmungos nos
incomodam a partir da conclamação de alguns condenados pelo STF na Ação 470,
para que a militância do PT leve para as ruas o “julgamento do Julgamento”,
assim corrigindo e denunciando o “julgamento político” efetuado pelo STF, que
teria vitimizado ilustres brasileiros.
Nesse esforço “analítico”
apontamos que a “Negação da negação”, uma das “leis da dialética”, sempre
presente no pensamento ideológico marxista que comandou a “práxis” mensaleira,
seja o ponto central da “conclamação”. Nessa lógica dialética, o leitor faria
uma negação, por exemplo, quando nega, contesta algo sem eliminar a existência
do todo em que esse algo aconteça. Ao contestar um mau salário ou más condições
de trabalho, um operário estaria fazendo uma “negação”. Faria, entretanto, uma
“negação da negação” quando contestasse a propriedade particular, princípio que
admite, mantém a empresa e o assalariado. Na Alemanha nazista, por exemplo, o
judeu não tinha aquele ou este direito contestado. Ele não era sujeito de
direito algum, nem da vida. Isso seria
um modelo de “negação da negação”. A loucura da corrupção à sombra do poder que
estaria sujeito às Leis da República faz uma negação quando, na penumbra dos
gabinetes palacianos, urde para meter as mãos na bolsa da nação. Delirando com
a impunidade, o corrupto ou corruptor adentram na “negação da negação” quando
contestam a existência mesma dos tribunais que possam puni-los. No caso em
leque, leitor, não estamos diante de um delírio psicótico, mas de uma prática
ideologicamente fundamentada que autoriza e pede às massas que constranjam a
Justiça, dando um passo adiante no solapamento da “democracia burguesa”.
E vejam como todos os golpes
se parecem. Já os vimos com tropas e tanques fechando Congressos, cabresteando Judiciários.
Os vimos recentemente com a compra de siglas e militâncias partidárias, com
recursos públicos. Agora, com o pretendido “julgamento do Julgamento”. Collor
tentou o mesmo, chamando seus “descamisados”, lembram-se? Deu no que deu. Hoje são outros, ao verem
a coisa preta... E que assim continuem, ao sabor da pretensiosa e
delirante “negação da negação”. É esta “lei da dialética”, que torna seus
usuários assemelhados aos autistas, na feliz definição de Ângela Betencourt,
sobre seus captores das FARCs. “Vivem em outro planeta”.
Título e Texto: Valfrido M. Chaves, Psicanalista, Pós
Graduado em Política e Estratégia- Adesg/Ucdb, 27-11-2012
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