terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O Brasil tem jeito?...

Relato de um cidadão iludido com o seu país cuja geração não verá mais um Brasil pujante e sério... por conta de governos negativos e ineptos...

Valdemar Habitzreuter

Nasci na década de 40. Em criança nada atinava sobre política, economia e coisas do gênero. Em 54, num certo dia – 24 de agosto – meu pai adentrou em casa – estivera na cidade para comprar mantimentos – e disse preocupado: Getúlio está morto. Eu fiquei surpreso com o estado emocional de meu pai naquele momento, sem compreender o significado do fato de o presidente Getúlio Vargas ter cometido suicídio.

Getúlio Vargas era considerado o protetor dos trabalhadores. Seus discursos sempre começavam com a epígrafe “trabalhadores do Brasil”, e assim angariava a simpatia do povo brasileiro. Meu pai era um dos que o admiravam e lhe depositava confiança por dias melhores. 

Mas, Getúlio morreu e, apesar de a política supostamente fervilhasse nos bastidores em torno da sucessão de Vargas, nada de novo vinha pelos ares da situação corrente – não tínhamos acesso a jornais e rádio, interioranos que éramos. Mesmo quando Café Filho foi empossado como o novo presidente, não havia notícias ou especulações a respeito do que poderia acontecer no novo governo. Dias melhores?... Bom, a esperança sempre era o consolo... que, no entanto, é inútil para o bem-estar material imediato.

Getúlio Vargas e Café Filho, vice-presidente e sucessor

A vida continuava e as dificuldades de minha família, e, creio, para a maioria das famílias brasileiras, se apresentavam com muita atrocidade, naquela época. É claro, que eu, então, já adolescente, achava isso uma contingência da vida, pois não havia, no momento, perspectiva de um porvir melhor.

Veio Juscelino, e sua preocupação toda foi construir uma nova capital para o Brasil – Brasília. Seu slogan “cinquenta anos em cinco” empolgou os brasileiros de que dias melhores viriam. O governo de Juscelino passou e os dias melhores para a maioria da população, uma ilusão. Após Juscelino, o caos político se instalou no cenário brasileiro: os governos de Jânio e Jango, que vieram em seguida, foram um desastre só.

Daí os militares tomarem as rédeas do governo com o intuito de arrumar a casa e evitar o suposto assalto comunista. Ficaram arrumando a casa por mais de 20 anos – 1964-1985. Diz-se que neste período houve o boom do milagre econômico brasileiro. Mas que milagre foi esse se o povo continuava na miséria e sua liberdade cívica restringida?

Sem a arrumação devida da casa, prometida pelos militares, presidentes civis foram novamente eleitos. Sarney, Color e Itamar passaram pela presidência com atuações pífias, e o povo continuando sob o jugo do sofrimento pelas diretrizes governamentais improvisadas e suas políticas distorcidas e errôneas.

Veio FHC. A economia deu uma guinada para melhor, com a derrubada da inflação que castigava sistematicamente, desde sempre, o trabalhador brasileiro. Parecia que os tão esperados dias melhores, desde minha infância e a de todos os brasileiros de minha geração, haviam chegado. O dinheiro adquiriu um valor real. A inflação não corroía mais tão amargamente os salários e a vida acenava com um sorriso a todos os brasileiros. Claro, era um aceno apenas...

A era FHC passou. Lula assumiu. As bases políticas e econômicas deixadas por FHC para erigir um Brasil melhor não foram aproveitadas a contento. Em cima dessas bases o PT (governos Lula/Dilma) tentou e tenta erigir um castelo de areia do bem-estar para todos – um império socialista, sem saber que o socialismo só se sustenta num regime de economia forte, dando incentivo ao capital e não considerando-o como um mal necessário na construção de uma sociedade de bem-estar para todos (ao contrário, é um bem necessário).

Mas, até que Lula não desprezou por completo as bases econômicas implantadas por FHC. No entanto, as bases políticas de uma democracia forte e real foram desprezadas, procurando modelos estrangeiros tais como o castrismo, chavismo e outros ismos de conotação socialista populista, sem contar com as simpatias arabescas de feições terroristas...

Deu no que estamos presenciando hoje: a insustentabilidade de uma verdadeira meta de progresso para o Brasil. Mazelas de todos os tipos continuam afligindo os brasileiros. A economia, que inicialmente teve um relativo impulso com Lula, deu lugar a uma marcha à ré e um significativo retrocesso com Dilma, a ponto de adentrarmos numa recessão. Assim, o brasileiro ainda não tem motivo de poder dizer: eis que agora eu vivo num país ideal. Este ideal fica a eons de distância.

O PT sustenta-se no poder há mais de doze anos com um discurso mentiroso e hipócrita. Dá migalhas aos pobres, aos quais promete o céu, e assalta os ricos e a classe média, alegando que quer a igualdade social. Mas, o que ele realmente quer é locupletar-se do poder. O roubo do dinheiro dos cofres públicos é sua especialidade para financiar suas campanhas eleitoreiras. “Nunca antes na história desse país” presenciou-se uma corrupção tão avassaladora e perniciosa como no atual governo. Os brasileiros caíram numa cilada insidiosa, deixando-se levar por um bando de políticos traidores e ladrões.

Agora: qual é a causa de o Brasil não entrar nos trilhos do desenvolvimento sustentável que culminaria numa sociedade feliz onde se pudesse usufruir satisfeito a coisa pública: boa assistência hospitalar, educacional, serviço público exemplar, garantia de segurança ao cidadão, etc.? Ao meu ver é a política da negatividade. O governante em exercício não dá prosseguimento ou até destrói as boas realizações de seu antecessor. Rejeita, talvez, por pura inveja, os feitos benéficos dos predecessores, caracterizando-os como negativos, prejudiciais.

Assiste-se a acusações mútuas. Não vemos isso a todo instante entre PT e PSDB. Já virou marca registrada do PT a expressão: “O FHC é o culpado”. E assim desenrola-se governo após governo a política da destruição, da negação, da inveja e da inimizade. 

Pergunto-me: o que virá após a era petista? O Brasil tem jeito? Com certeza, minha geração não verá o acordar do gigante, pois a sordidez de nossos políticos é tamanha que o gigante nem dormindo mais está, e sim, praticamente, morto de tantas pancadas. Quem o ressuscitará? Deposito minhas esperanças nas gerações futuras; é claro, sem petismo e tantos outros ismos destrutivos da vida de um Estado, infernizando seus cidadãos.
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 24-2-2015

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