quinta-feira, 4 de agosto de 2016

[Estórias da Aviação] Churrasco na cobertura

Alberto José
Em 1972, eu estava trabalhando na Primeira Classe do B-707 quando um dos passageiros me chamou e elogiou o serviço. Disse que eu tinha sido extremamente atencioso e pediu o meu nome e o meu endereço para me mandar uma "lembrança".


Meses depois, eu já havia esquecido a promessa do passageiro, quando um mensageiro de uma grande empresa bateu à minha porta e entregou um convite para um churrasco da Presidência da Varig! Eu cheguei a argumentar que talvez fosse engano, etc. mas ele confirmou o meu nome e disse que o diretor havia recomendado a entrega pessoalmente. Também falou que, na recepção o meu nome estaria junto ao nome da empresa.

No dia marcado, vesti um terno completo, bem caprichado e fui para o prédio da VARIG, onde me levaram até à cobertura e lá apresentei o meu convite que, como combinado, estava vinculado à diretoria da empresa.

Adentrei aquele salão repleto de diretores e clientes selecionados, adornado com magnífica decoração e muitas mesas contendo mulheres lindas e todas as bebidas e iguarias que foram importadas e/ou preparadas pelo serviço de bordo.

Garções uniformizados se abasteciam na imensa churrasqueira onde "mestres assadores gaúchos" se esmeravam no preparo das carnes, tendo como fundo a magnífica paisagem da baía e do Pão de Açúcar.

Comissárias de Bordo da RAI (Rede Aérea Internacional), especialmente selecionadas e uniformizadas, desfilavam com bandejas cheias de brindes (relógios, chaveiros, isqueiros, etc.) que eram avidamente recolhidos pelos convidados.

A todo momento, espoucavam as rolhas das garrafas de champanha francês sendo abertas. As garrafas de Royal Salute e Johnnie Walker eram abertas e repostas sem cessar.



O buffet, onde havia uma imensa travessa de caviar iraniano “Beluga Malossol” era reabastecido continuamente devido à grande procura.

Como, felizmente, ninguém me conhecia, eu, discretamente, parava junto a grupos de diretores e ouvia coisas estarrecedoras. O mais inocente era a "paquera" dirigida às vistosas acompanhantes dos outros pares que adentravam o salão.

O presidente, Erik de Carvalho, desfilava seguido por um séquito de bajuladores. Entre um discurso e outro, houve sorteio de passagens internacionais - com espaço positivo - e eram servidas carnes nobres vindas da churrasqueira (e dos pampas) e bebidas finas.

Naquele ambiente animado, muita "gente importante" desligava o "yaw damper" e entrava em parafuso.

Várias vezes, fui assediado por belas convidadas que tentavam saber qual era o meu cargo na empresa indicada no meu convite.

Realmente, era uma festa digna das Mil e Uma Noites!

Na saída, com uma linda bolsa da Varig cheia de brindes, ainda me deram "de lembrança" uma garrafa de Perrier Jouet Belle Époque e uma garrafa de Royal Salute, como fizeram para a maioria dos convidados.

Que festa!... Como foi bom participar da festa do "primeiro escalão"!
Título e Texto: Alberto José, 3-8-2016

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