A matéria abaixo transcrita é de 16 de dezembro do ano
passado. Por duas vezes apareceu no meu twitter. À terceira,
resolvi dar uma olhada.
Em itálico,
informações colhidas na Wikipédia; em azul, meus singelos comentários.
Folha é criticada por presidentes desde
Getúlio Vargas
Generais da ditadura militar, além de
líderes eleitos como FHC, Lula e Bolsonaro, também tiveram jornal como alvo
Nelson de Sá
Em 1930, a Folha questionava
Getúlio Vargas insistentemente e se tornou alvo de seus apoiadores. Quando ele
chegou ao poder, os getulistas de São Paulo festejaram empastelando o jornal,
pondo fogo no mobiliário, nas máquinas de escrever.
Revolução de 1930 foi o movimento armado, liderado pelos estados de
Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, que culminou com o golpe de Estado,
o Golpe de 1930, que depôs o presidente da república Washington Luís em 24 de
outubro de 1930, impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes e pôs fim à
República Velha.
Com a quebra da Bolsa de Nova Iorque, ocorrida em outubro de 1929,
iniciou-se uma crise econômica de escala mundial, esmagando todas as economias
com alguma participação nos mercados internacionais, caso do Brasil e suas
exportações de café. Em 1929, lideranças da oligarquia paulista romperam a
aliança com os mineiros, conhecida como política do café com leite, e indicaram
o paulista Júlio Prestes como candidato à presidência da República. Em reação,
o presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada apoiou a
candidatura oposicionista do gaúcho Getúlio Vargas.
Em 1 de março de 1930, foram realizadas as eleições para presidente da
República que deram a vitória ao candidato governista, que era o presidente do
estado de São Paulo, Júlio Prestes. Porém, ele não tomou posse, em virtude do
golpe de estado desencadeado a 3 de outubro de 1930, e foi exilado. Getúlio Vargas assumiu a chefia do
"Governo Provisório" em 3 de novembro de 1930, data que marca o fim
da República Velha no Brasil.
Ó tadinha! Comparar 1930 – momento revolucionário, ou
golpista, chame como quiser - com 2018 é o quê, hein?
A Folha não nos lembra quais as insistentes questões que
colocava a Getúlio Vargas.
Em 1977, a ditadura militar
não gostou da publicação de uma coluna em branco, para marcar repetidamente a
prisão do colunista Lourenço Diáferia, e o general Hugo Abreu ligou do Palácio
do Planalto para o publisher Octavio Frias de Oliveira: “Vamos fechar o seu
jornal”, declarou.
Em 1977 a “ditadura militar” já levava TREZE anos de
ditadura!
Jair Bolsonaro leva 55 dias!
Jair Bolsonaro leva 55 dias!
Primeiro presidente eleito
após a redemocratização, Fernando Collor foi além e em 1990, com menos de três
meses no cargo, mandou a Polícia Federal invadir a Folha.
Os agentes foram diretamente
ao nono andar do jornal e questionaram: “Onde está o Frias?”. Sem encontrá-lo,
conduziram coercitivamente a secretária Vera Lia Roberto e os diretores
Renato Castanhari e Pedro Pinciroli Jr.
Collor processou quatro
jornalistas da Folha, inclusive o diretor de Redação, Otavio Frias
Filho. Otavio respondeu em carta aberta: “Seu governo será tragado pelo
turbilhão do tempo até que dele só reste uma pálida reminiscência, mas este
jornal continuará de pé”.
Collor caiu e, a partir daí,
os governantes eleitos falaram mais do que agiram, contra a Folha e
a imprensa em geral.
Quem “criticou” primeiro Collor de Mello? A Folha ou a
Veja?
Outra coisa, depois dessa invasão da Polícia Federal, a
Folha, agora, já perdoou a Collor de Mello?
Itamar Franco, à sua maneira,
disse em 1993 pedir a Deus para ajudar a preparar o terreno para o próximo
presidente, para “que ele encontre uma imprensa mais compreensiva”.
Itamar Franco assumiu em 1992, portanto, só um ano
depois de governo ele ‘agrediu’ a Folha.
Jair Bolsonaro, quando se candidatou, se tornou um 'agressor' da Folhinha.
Jair Bolsonaro, quando se candidatou, se tornou um 'agressor' da Folhinha.
Fernando Henrique Cardoso
(PSDB), que o seguiu, não achou a cobertura compreensiva. “Nenhum presidente,
talvez só Getúlio, foi alvo de tanta agressividade de certos setores da mídia.
Não esqueça que a Folha fez uma edição de várias páginas com
argumentos para o impeachment”, afirmou em 2002.
Em seus “Diários da
Presidência” (Companhia das Letras), escreveu que o jornal publica “uma
sacanagem atrás da outra”, questionou o “niilismo arrogante” de Otavio e não
escondeu a mágoa pessoal: “É uma coisa doída de dizer, um jornal no qual
trabalhei por dez anos ou mais, escrevi tanto tempo lá, e hoje é um jornal
mesquinho, negativo”.
Muito provavelmente, o sociólogo
tenha sido o mais certeiro na crítica à Folha. Mas, se se trata de criticar
Bolsonaro, a agredida Folha é magnânima: “Governo Bolsonaro está abusando na desordem de início de mandato, diz FHC.”
Direta e publicamente, Lula
questionou menos a Folha, mas também ele, ao final do segundo
mandato, em 2010, recordou magoado um almoço de oito anos antes, no jornal.
“O diretor da Folha perguntou
para mim: ‘Escuta aqui, candidato, o senhor fala inglês?’”, afirmou,
referindo-se a Otavio. “Eles achavam que o [Bill] Clinton não tinha obrigação
de falar português. Era eu, o subalterno, o país colonizado, que tinha que
falar inglês. Peguei o elevador e fui embora.”
O diretor de Redação replicou
então, 2010, que Lula “não foi interpelado sobre falar ou não inglês, mas sobre
o fato de ostentar desprezo pelo estudo”. Em entrevista em agosto, dias antes
de morrer, Otavio lembrou o episódio, mantendo a discordância, e contou ter
visitado o ex-presidente no ano passado após a morte de sua mulher, Marisa.
Em outubro de 2017, ainda em
liberdade, o já ex-presidente reclamou de pesquisa do Datafolha que questionou
eleitores sobre sua prisão.
Nossa! Estou arrepiado com essa agressão de Lula! Se eu fosse a Folha NUNCA MAIS IRIA QUERER CONVERSAR com essa figura!!
Dilma Rousseff, que sucedeu
Lula, era mais formal nos questionamentos, por exemplo, divulgando nota para
“repudiar fatos inverídicos”.
Em discurso após ser
destituída, afirmou que seu “projeto nacional progressista” havia sido
interrompido “com o apoio de uma imprensa facciosa e venal”.
Dialética de oportunidade: a
senhora Dilma se referiu, explicitamente à Follha? A Folha sabe que não.
Neste ano, Jair Bolsonaro nem
esperou ser eleito para iniciar questionamentos e ameaças, que tentam
reproduzir os de Donald Trump nos Estados Unidos.
Aqui, a Folha revela o seu
alinhamento político-ideológico, COM CLAREZA 5!
Falando ao vivo num telão na
avenida Paulista, em outubro, o então candidato discursou: “Sem mentiras, sem
‘fake news’, sem Folha de S.Paulo. Nós ganharemos esta guerra. Queremos a
imprensa livre, mas com responsabilidade. A Folha de S.Paulo é
o maior [sic] ‘fake news’ do Brasil. Vocês não terão mais verba publicitária do
governo”.
No dia seguinte à sua vitória,
voltou à carga. Numa entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, disse que
“esse jornal se acabou”. O apresentador William Bonner reagiu: “A Folha é
um jornal sério, um jornal que cumpre um papel importantíssimo na democracia
brasileira”.
Na última sexta (14), o
presidente eleito prosseguiu com as ameaças de estrangulamento publicitário,
prometendo cortar os gastos da Caixa Econômica Federal com propaganda.
Como os antecessores,
Bolsonaro tende a ver a cobertura crítica como pessoal. Reproduz o último dos
generais-presidentes, João Figueiredo, que deixou o poder em 1985 sem fazer
sucessor militar e, questionado, respondeu: “O trabalho da imprensa foi
trabalhar contra mim”.
Texto: Nelson de
Sá, Folha
de S. Paulo, 16-12-2018
Definitivamente, no que toca ao presidente Jair Bolsonaro,
a Folha, não se limita a “criticar”, é francamente hostil, para não dizer
agressiva.
Generoso leitor, você se lembra desta AMEAÇA?
A Folha está só cumprindo!
Inté!
P.S.: Oxalá leitores mais preparados do que eu, se atrevam a responder à coitadinha com argumentos e mais dados do que os meus!
O novo governo tem tudo pra quebrar esse lixo representado pela Folha. Se não o fizer foi por quê não quis por alguma razão. Tem as ferramentas ( verba publicitária ) e a opinião pública a seu favor. É só começar. E eu acredito que aconteça.
ResponderExcluirJosé Manuel