domingo, 5 de dezembro de 2010

Moldávia: entre a Rússia e o Ocidente

Centro de Chisinau, capital da República da Moldávia. Foto: Direitos Reservados

As eleições parlamentares da República da Moldávia, realizadas no passado dia 28, não conseguiram arrumar a casa e resolver a crise política que dura há já alguns anos. O Partido dos Comunistas da Moldávia conseguiu o melhor resultado e arrecadou 42 lugares dos 101 do Parlamento. Os partidos pró-ocidentais conseguiram uma maioria suficiente para formar governo, mas insuficiente para elegerem um novo presidente. Segundo a Constituição, o presidente deve ser eleito pelo Parlamento com o voto de três quintos dos deputados. Esta era a maior aposta destas eleições, já que o país vive há mais de um ano com um presidente interino.
Por outro lado, o escrutínio veio confirmar que, apesar de enterrada oficialmente na recente cimeira da NATO em Lisboa, a Guerra Fria continua a dominar a política nas ex-repúblicas soviéticas: também na Moldávia o confronto ideológico se deu entre os reformadores a favor da adesão do país à UE e os conservadores que querem uma aproximação à Rússia.

Parece óbvio que o Partido dos Comunistas moldavo se oporá a todo o custo à eleição dum presidente com visões ocidentais, que tente uma aproximação à UE. Por outro lado, o resultado pouco esclarecedor das eleições poderá agravar os problemas económicos da Moldávia. O país, que exporta sobretudo vinho e produtos alimentares, sofre de corrupção enraizada, com uma imprensa e um aparelho judicial submissos ao poder político. E uma aproximação à Roménia, até uma união, se houver interesse mútuo, poderá ser interpretada como um bilhete de entrada na UE e de acesso ao espaço livre do mercado europeu.
Ao longo da sua história agitada a República da Moldávia passou várias vezes pelos domínios romeno, turco e russo. Anexada pela antiga URSS em 1944, declarou a independência em 1991, mas do total da população moldava cerca de dois terços são de etnia romena, o que alimenta os sonhos dos unionistas. A Roménia, aliás, tem sido acusada repetidas vezes de ingerência na política interna da Moldávia e de financiar os partidos pró-ocidentais. Mas a Rússia também não se coíbe de apoiar a pequena região separatista da Transnístria, que apesar de fazer parte da República da Moldávia, declarou a independência em 1990 com o apoio do Exército Vermelho.
Corneliu Popa, correspondente da Rádio Romena, Diário de Notícias, 4-12-2010

Língua moldava ou língua romena
Durante os anos soviéticos, os moldavos falam e escreviam na chamada língua moldava - versão de língua romena em grafia eslava. O moldavo nunca foi reconhecido pela comunidade científica e em 2009, por vontade das forças políticas reformadoras, o romeno voltou a ser a língua oficial do país. 75% da população fala romeno. Mas a língua russa ainda é usada no dia-a-dia.

Só 69 euros como ordenado mínimo
Devido aos problemas económicos e ao desemprego crescente (mais de 7% em 2010), os moldavos preferem procurar emprego no estrangeiro. Após o último aumento salarial, o ordenado mínimo na República da Moldávia é de apenas 69 euros por mês. A Rússia, Itália, Roménia, Portugal e Espanha são os destinos favoritos de cerca de um milhão de emigrantes moldavos.

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