quinta-feira, 10 de maio de 2012

O problema dos cubanos


Oscar Peña        
Não se digladiam mais falsidades entre os cubanos. O destino de um povo é sumamente sério para que se joguem com ele. Cuba não tem, hoje, inimigos externos; seus inimigos são seus próprios nacionais.
O povo cubano está atrapalhado e paralisado entre duas fortes minorias: a direção histórica da chamada “revolução socialista” que já dura mais de 50 anos e que desvirtua o grosso da arrecadação nacional entre os membros da pequena burguesia do politburo do poder absoluto e extremista do país, e a direção histórica do exílio que paralisa e freia os Estados Unidos, com a ameaça das contribuições em dinheiro e em votos, para estabelecer uma política inteligente e moderna com relação à ilha-cárcere dos Castros. O mecanismo de pressão eleitoral, doações financeiras e lobbies que se exerce nos Estados Unidos de forma legal é um dos poucos cânceres políticos deste grande país. O povo cubano é vítima de seu longo regime de um só governo e de seus primeiros exilados, que hoje constituem, em Miami, uma comunidade rica, com capitais suficientes para provocar um extraordinário progresso econômico em Cuba, mas que não tem esse contingente de cubanos – a segurança jurídica e política para fazê-lo.
As autoridades de Cuba deveriam ter a ética de se calar e não tentar dividir mais as culpas pelos problemas do país. Elas não têm que esperar por mudanças da política norteamericana com relação a Cuba para depois – como anunciam – elas mesmas mudarem e demonstrarem sua disposição de “boa vontade nacional”. Isso é falso.
Os argumentos do politiburo cubano, para manter o país completamente fechado por muitos mais anos dentro de uma caixa forte, não são sólidos, nem críveis a não ser por uma camada da população – ainda enorme – completamente desprovida de escolaridade e contato com o resto do mundo. Não devem continuar a enganar seu povo e a brandir mais seus assaques de que “os Estados Unidos são hoje o inimigo do povo cubano”. A verdade verdadeira é bem outra – os irmãos Castros e o mundo a conhecem muito bem – e consiste no fato de que o primeiro país em saudar, apoiar, e ajudar a abertura de Cuba serão os próprios Estados Unidos.
Sobre isso que acabei de afirmar tenho minhas provas. Cheguei aqui deportado de Cuba em 20 de novembro de 1990 e vim arrumando o meu pensamento de que aos governos americanos fazia falta engraxar e renovar as peças do histórico exílio cubano atualizando seus velhos mecanismos de luta contra o regime de Havana para conseguir efetividade em se somar ao povo, mas confesso e admito que no que se refere às altas esferas de Washington tive um desacerto em minhas avaliações. Eu estava errado.
Cheguei durante o mandato do republicano George Bush pai e fui convidado pelo Departamento de Estado e para meu assombro os funcionários que atendiam na ‘seção Cuba’ me expressaram que lamentavam minha saída do país porque observavam que minhas projeções políticas eram muito efetivas no sentido de possibilitarem uma solução nacional que incluísse todos os cubanos. Descobri que não eram os Estados Unidos o inimigo do estancamento de Cuba. Era o próprio governo cubano e seus primeiros exilados os responsáveis por isso.
Sobre a falta de efetividade dos métodos dos primeiros exilados e seus descendentes, penso que esse é um lamentável problema de ódio e paixão que os cegam e não lhes permite ser objetivos e arrastar consigo o povo. Os cubanos se vão de Cuba aos milhares, mas não se somam ai exílio histórico. Este grupo de pioneiros cubanos exilados, utilizando seu poder econômico e eleitoral, projeta a agenda das relações cubano-americanas utilizando apenas métodos estáticos, inativos e contraproducentes que têm prejudicado o processo de emancipação de Cuba da sua retrógrada ditadura.
Já para alguns dos orientadores e políticos históricos cubanos exilados, observa-se que a atitude de Cuba é como um entretenimento por fazer algo ainda que em vão. O último episódio destes exilados foi o de levar ao governador da Florida, Rick Scott, a assinar na Torre da Liberdade uma lei falsa e inaplicável porque a política exterior dos Estados Unidos é manejada em nível federal. Eles sabem disso, mas também sabem que isso hipnotiza os cubanos que correm inocentemente a dar-lhes o voto e isso é o que conta. Isso nada mais é do que jogar politicamente com o problema cubano.
Título e Texto: Oscar Peña, El Nuevo Herald
Tradução: Francisco Vianna

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