Oscar Peña
Não se digladiam mais
falsidades entre os cubanos. O destino de um povo é sumamente sério para que se
joguem com ele. Cuba não tem, hoje, inimigos externos; seus inimigos são seus
próprios nacionais.
O povo cubano está atrapalhado
e paralisado entre duas fortes minorias: a direção histórica da chamada
“revolução socialista” que já dura mais de 50 anos e que desvirtua o grosso da
arrecadação nacional entre os membros da pequena burguesia do politburo do
poder absoluto e extremista do país, e a direção histórica do exílio que
paralisa e freia os Estados Unidos, com a ameaça das contribuições em dinheiro
e em votos, para estabelecer uma política inteligente e moderna com relação à
ilha-cárcere dos Castros. O mecanismo de pressão eleitoral, doações financeiras
e lobbies que se exerce nos Estados Unidos de forma legal é um dos poucos
cânceres políticos deste grande país. O povo cubano é vítima de seu longo
regime de um só governo e de seus primeiros exilados, que hoje constituem, em
Miami, uma comunidade rica, com capitais suficientes para provocar um
extraordinário progresso econômico em Cuba, mas que não tem esse contingente de
cubanos – a segurança jurídica e política para fazê-lo.
As autoridades de Cuba
deveriam ter a ética de se calar e não tentar dividir mais as culpas pelos
problemas do país. Elas não têm que esperar por mudanças da política
norteamericana com relação a Cuba para depois – como anunciam – elas mesmas
mudarem e demonstrarem sua disposição de “boa vontade nacional”. Isso é falso.
Os argumentos do politiburo
cubano, para manter o país completamente fechado por muitos mais anos dentro de
uma caixa forte, não são sólidos, nem críveis a não ser por uma camada da
população – ainda enorme – completamente desprovida de escolaridade e contato
com o resto do mundo. Não devem continuar a enganar seu povo e a brandir mais
seus assaques de que “os Estados Unidos são hoje o inimigo do povo cubano”. A
verdade verdadeira é bem outra – os irmãos Castros e o mundo a conhecem muito
bem – e consiste no fato de que o primeiro país em saudar, apoiar, e ajudar a
abertura de Cuba serão os próprios Estados Unidos.
Sobre isso que acabei de
afirmar tenho minhas provas. Cheguei aqui deportado de Cuba em 20 de novembro
de 1990 e vim arrumando o meu pensamento de que aos governos americanos fazia
falta engraxar e renovar as peças do histórico exílio cubano atualizando seus
velhos mecanismos de luta contra o regime de Havana para conseguir efetividade
em se somar ao povo, mas confesso e admito que no que se refere às altas
esferas de Washington tive um desacerto em minhas avaliações. Eu estava errado.
Cheguei durante o mandato do
republicano George Bush pai e fui convidado pelo Departamento de Estado e para
meu assombro os funcionários que atendiam na ‘seção Cuba’ me expressaram que
lamentavam minha saída do país porque observavam que minhas projeções políticas
eram muito efetivas no sentido de possibilitarem uma solução nacional que
incluísse todos os cubanos. Descobri que não eram os Estados Unidos o inimigo
do estancamento de Cuba. Era o próprio governo cubano e seus primeiros exilados
os responsáveis por isso.
Sobre a falta de efetividade
dos métodos dos primeiros exilados e seus descendentes, penso que esse é um
lamentável problema de ódio e paixão que os cegam e não lhes permite ser
objetivos e arrastar consigo o povo. Os cubanos se vão de Cuba aos milhares,
mas não se somam ai exílio histórico. Este grupo de pioneiros cubanos exilados,
utilizando seu poder econômico e eleitoral, projeta a agenda das relações
cubano-americanas utilizando apenas métodos estáticos, inativos e
contraproducentes que têm prejudicado o processo de emancipação de Cuba da sua
retrógrada ditadura.
Já para alguns dos
orientadores e políticos históricos cubanos exilados, observa-se que a atitude
de Cuba é como um entretenimento por fazer algo ainda que em vão. O último
episódio destes exilados foi o de levar ao governador da Florida, Rick Scott, a
assinar na Torre da Liberdade uma lei falsa e inaplicável porque a política
exterior dos Estados Unidos é manejada em nível federal. Eles sabem disso, mas
também sabem que isso hipnotiza os cubanos que correm inocentemente a dar-lhes
o voto e isso é o que conta. Isso nada mais é do que jogar politicamente com o
problema cubano.
Título e Texto: Oscar Peña, El Nuevo Herald
Tradução: Francisco Vianna
Relacionados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-