Rivadávia Rosa
Para auxiliar na
compreensão, que os pseudos marxistas fingem entender, cito do “Crítica do
Programa de Gotha” (Glosas Marginais ao Programa do Partido Operário
Alemão), de Karl Marx por ser a obra – conjunto de notas – escritas
com relação ao projeto de unificação dos partidos socialistas alemães
numa única agremiação operária – em que ele de “fato pensou o socialismo”.
Karl Marx: “… Apesar
desse progresso, esse igual direito continua marcado por uma limitação
burguesa. O direito dos produtores é proporcional a seus fornecimentos
de trabalho; a igualdade consiste, aqui, em medir de acordo com um padrão
igual de medida: o trabalho. Mas um trabalhador supera o outro
física ou mentalmente e fornece, portanto, mais trabalho no mesmo tempo ou pode
trabalhar por mais tempo; e o trabalho, para servir de medida, ou tem de ser
determinado de acordo com sua extensão ou sua intensidade, ou deixa de ser
padrão de medida. Esse direito é direito desigual para trabalho desigual. Ele
não reconhece nenhuma distinção de classe, pois cada indivíduo é apenas
trabalhador tanto quanto o outro; mas reconhece tacitamente a desigualdade dos
talentos individuais como privilégios naturais e, por conseguinte a desigual
capacidade dos trabalhadores. Segundo seu conteúdo, portanto, ele é, como
todo direito, um direito da desigualdade. O direito, por sua natureza, só
pode consistir na aplicação de um padrão igual de medida; mas os indivíduos
desiguais (e eles não seriam indivíduos diferentes se não fossem desiguais) só
podem ser medidos segundo um padrão igual de medida quando observados do mesmo
ponto de vista, quando tomados apenas por um aspecto determinado, por
exemplo, quando, no caso em questão, são considerados apenas como
trabalhadores e neles não se vê nada além disso, todos os outros aspectos
são desconsiderados.
Além disso: um trabalhador é
casado, o outro não; um tem mais filhos do que o outro, etc.etc. Pelo mesmo
trabalho e, assim, com a mesma participação no fundo social de consumo, um
recebe, de fato, mais do que o outro, um é mais rico do que o outro etc. A fim
de evitar todas essas distorções, o direito teria de ser não igual mas antes desigual.”
MARX, Karl. Crítica do programa de Gotha. São Paulo: Boitempo Editorial,
2012, p. 30/31
Friedrich Engels:
“Eliminação de toda a
desigualdade social e política”, em vez de “superação de toda distinção de
classe”, é também uma expressão muito duvidosa. De um país para outro, de uma
província para outra e até mesmo de um lugar para outro, sempre existirá certa
desigualdade de condições de vida, que poderá ser reduzida a um mínimo, mas
nunca completamente eliminada. Os habitantes dos Alpes terão sempre condições
de vida diferentes das dos povos das planícies. A representação da sociedade
socialista como o reino da igualdade é uma representação unilateral
francesa, baseada na velha “liberdade, igualdade, fraternidade”, uma
representação que teve sua razão de ser como fase de desenvolvimento, em
seu tempo e em seu lugar, mas que agora, como todas as neutralidades das
primeiras escolas socialistas deve ser superada, uma vez que serve apenas para
provocar confusão nos cérebros e porque, além disso, descobriram-se formas mais
precisas de tratar a questão”. (Carta de Friedrich Engels a August Bebel,
Londres, 18-28 de março de 1875, ibid, p. 56)
Título e Texto: Rivadávia Rosa, 19-06-2012
A adequação da mais-valia aos exemplos da microeconomia sempre foi patética pelo fato da teoria estar basicamente errada. Já numa situação utópica, se os dividendos obtidos com as vendas de mercadorias fossem repartidos em cotas fixas e proporcionais, o igualitarismo submarxista já seria logo inviável: se eu garanto 90% do que é necessário para a produção e você desenvolve 10% dela, é evidente que meu ganho final haveria de ser superior, e não igual, pois eu garanti mais processos necessários à produção daquelas mercadorias. Mas como a situação não é assim, prevalece aquilo que está na cabeça de um simples vendedor de hot-dog: o valor atribuído a cada cachorro-quente é aquele que está entre as variações que o mercado apresenta e a ambição do vendedor. Por isso, ele pode vender dentro das variações vistas ou fora delas, e isso pode gerar, no caso de toda a Economia, distorções a criar crises futuras. O Mercado Financeiro funciona pelo mesmo princípio. Não há como estabelecer uma matemática coerente de salários pq como diria Mises: o comunismo é economicamente impossível devido à falta de uma teoria de cálculo de preços. Sempre haverá determinações no que diz respeito a salários. Se elas não vêm do mercado (e os liberais já previam que os cartéis, por exemplo, ou os monopólios, podem comprimir os salários para baixo, e também por isso são ruins), vêm então de um Estado, e então, de um corpo burocrata e tirânico que arrogou para si o poder político e econômico simultaneamente. O correto de qualquer movimento comunista seria tentar reproduzir seus princípios em microescala, em cooperativas ou mutualismo econômico. Sem falar nas tentativas infelizes, isso seria a única maneira de colocar uma pedra sobre a questão pois o que efetivamente não funciona é o sequestro dos meios de produção e a imposição de profissões e turnos à revelia das pessoas. Isso sempre terminou em desgraça. O mercado tem pólos perversos, mas ainda nada viável a ele foi proposto. Sinto dizer...
ResponderExcluirIrretocável o comentáriosobre mais-valia.
ResponderExcluirSabemos que em nosso Estado paquidérmico, o Estado se apropria da parte do “Leão” das riquezas produzidas no País, não só dos empresários, mas também dos trabalhadores, ou seja, a famigerada mais-valia (Mehrwert – ‘mais-valor’, valor adicionado, valor excedente, traduzido como ‘mais-valia’).
Mesmo assim, o sonho delirante, digo utópico dos socialistas, vulgarmente conhecidos como comunistas é de um “capitalismo altruísta” (entenda-se conduta ‘altruísta’ o agir exclusivamente em favor dos interesses dos outros), enquanto o governo promove descaradamente uma escravidão coletiva 'nunca vista antes', com a imposição de uma nababesca nomenklatura parasitária (parasitária - eufemismo para nomenklatura).
Rivadávia Rosa