Carlos Guimarães Pinto
A economia interessa-se pelo
estudo da aplicação de recursos escassos para satisfazer necessidades
ilimitadas. Todos os alunos de economia ouvem uma frase semelhante numa das
suas primeiras aulas. A escassez de recursos e a infinitude de necessidades são
dois dos mais importantes axiomas da economia. A segunda lição é de como esta
escassez e infinitude se equilibram através do mecanismo de preços. A
necessidade (a procura) vê a sua infinitude limitada pelo preço a pagar pela
sua satisfação e a escassez de recursos (a oferta) é combatida pelo preço a
receber por quem a contraria. A alocação de recursos passa a ser um problema de
preferências e de custos.
Com o tempo, e aprendizagem
de modelos mais complexos, alguns tendem a esquecer-se destes axiomas. A
procura (a necessidade) não precisa de ser estimulada porque é, por definição,
infinita. O bem-estar é maximizado quando o sistema de preços relativos
reflecte as preferências individuais dos consumidores entre diferentes bens e
serviços consumidos em diferentes períodos de tempo, assim como os custo de
satisfazer essas preferências.
A subutilização de factores de
produção, tantas vezes apontada como justificação para políticas do lado da
procura, resulta de dois factores principais: pela manipulação prolongada do
mecanismo de preços (incluindo taxas de juro) que eventualmente é quebrada ou
através de um processo de destruição criativa, introduzido por mudanças
estruturais na economia. Exemplos do primeiro caso são as constantes bolhas de
construção (bolha imobiliária, bolha de investimento público, etc) quando o
preço do consumo futuro (taxa de juro) é mantido artificialmente baixo durante
muito tempo. Um exemplo do segundo caso é o efeito da internet em indústrias
tão diversas como os mídia ou as agências de viagem. Sim, existem muitos
pedreiros desempregados, gruas paradas, máquinas de impressão subutilizadas e
escritórios de agências de viagem às moscas. Esta é a capacidade subutilizada
que muitos, erradamente, querem colocar em funcionamento, prolongando o período
de ajustamento necessário para adaptar as preferências dos consumidores aos
custos de produção. Não é preciso arranjar construção para empregar pedreiros,
é preciso deixá-los tornarem-se costureiros. Também não vale a pena gastar
dinheiro para colocar máquinas de impressão a imprimir mais jornais, mas antes
deixar que os donos as substituam por servidores eficientes que tornem os seus
sites mais rápidos.
Título, Imagem e Texto: Carlos
Guimarães Pinto, O Insurgente
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