quinta-feira, 14 de junho de 2012

Neo-keynesianismo ou neo-ludismo

Carlos Guimarães Pinto

A economia interessa-se pelo estudo da aplicação de recursos escassos para satisfazer necessidades ilimitadas. Todos os alunos de economia ouvem uma frase semelhante numa das suas primeiras aulas. A escassez de recursos e a infinitude de necessidades são dois dos mais importantes axiomas da economia. A segunda lição é de como esta escassez e infinitude se equilibram através do mecanismo de preços. A necessidade (a procura) vê a sua infinitude limitada pelo preço a pagar pela sua satisfação e a escassez de recursos (a oferta) é combatida pelo preço a receber por quem a contraria. A alocação de recursos passa a ser um problema de preferências e de custos.

Com o tempo, e aprendizagem de modelos mais complexos, alguns tendem a esquecer-se destes axiomas. A procura (a necessidade) não precisa de ser estimulada porque é, por definição, infinita. O bem-estar é maximizado quando o sistema de preços relativos reflecte as preferências individuais dos consumidores entre diferentes bens e serviços consumidos em diferentes períodos de tempo, assim como os custo de satisfazer essas preferências.

A subutilização de factores de produção, tantas vezes apontada como justificação para políticas do lado da procura, resulta de dois factores principais: pela manipulação prolongada do mecanismo de preços (incluindo taxas de juro) que eventualmente é quebrada ou através de um processo de destruição criativa, introduzido por mudanças estruturais na economia. Exemplos do primeiro caso são as constantes bolhas de construção (bolha imobiliária, bolha de investimento público, etc) quando o preço do consumo futuro (taxa de juro) é mantido artificialmente baixo durante muito tempo. Um exemplo do segundo caso é o efeito da internet em indústrias tão diversas como os mídia ou as agências de viagem. Sim, existem muitos pedreiros desempregados, gruas paradas, máquinas de impressão subutilizadas e escritórios de agências de viagem às moscas. Esta é a capacidade subutilizada que muitos, erradamente, querem colocar em funcionamento, prolongando o período de ajustamento necessário para adaptar as preferências dos consumidores aos custos de produção. Não é preciso arranjar construção para empregar pedreiros, é preciso deixá-los tornarem-se costureiros. Também não vale a pena gastar dinheiro para colocar máquinas de impressão a imprimir mais jornais, mas antes deixar que os donos as substituam por servidores eficientes que tornem os seus sites mais rápidos.
Título, Imagem e Texto: Carlos Guimarães Pinto, O Insurgente

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