segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Não há D.Sebastião nesta manhã de nevoeiro

Maurício Barra
D. Sebastião I (1554-1578), pintura atribuída a Cristóvão de Morais, Museu Nacional de Arte Antiga. Foto: Paulo Pereira
Uns dizem que o “ pensamento de Álvaro Cunhal  é completamente actual”, confirmando que o PC teve sempre um problema com a liberdade, nunca aceitou a democracia representativa e não desiste de na rua derrubar os Governos legitimamente eleitos (quaisquer que sejam, para eles qualquer governo eleito até hoje é de direita), continuando limitados  à mundovisão antifascista que rejeita a queda do muro de Berlim; outros, com obrigações inerentes a fazerem parte do arco governativo, continuam a pensar que ainda não estamos na Europa, querem uma democracia dirigida pelos interesses de uma minoria instalada no Estado sobredimensionado, em nome de um Estado Social que eles mesmos colocaram em risco de não cumprir a sua função social, propondo soluções de governo que não aceitam o primado das regras da União Europeia.
A imprensa e os comentadores, maioritariamente, continuam a campanha “a toque de caixa“ de criar cenários, uns atrás de outros, para justificar o fim do governo, em exercícios de retórica que por vezes antecipam o dispositivo de manobras do principal partido da oposição.
A todos une a recusa da realidade. Comprometidos com a origem da situação que nos trouxe à porta da bancarrota, fazem o papel de “não fomos nós que destruímos a economia  do país” e, com birra, acusam quem tem a responsabilidade de prover o “remédio” que nos pode salvar a todos.
Quem conhece a História de Portugal reconhece a situação. Mantivemos mais de uma vez esta nação com metade da corte amantizada com quem nos queria acabar com a independência, atravessámos mares com os “velhos no Restelo” a trair quem tinha audácia. Tivemos sempre dentro de nós o “país do não”, o país das manhãs de nevoeiro em que a providência resolve as desgraças que nós próprios criámos. E, no entanto, cá estamos. A assumir as circunstâncias que a realidade nos obriga a respeitar. A viabilizar um país para que o interesse de todos esteja acima de uma parte. A lutar para que os entorses sociais de quarenta anos de democracia socialista não se transformem no país sem direito de escolha a que estávamos condenados quando caímos na bancarrota.
Título e Texto: Maurício Barra, Forte Apache, 21-01-2013

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