Aceito o desafio de demonstrar que o petismo pode ser herdeiro dos
fascistas, mas jamais o jornalismo livre
Reinaldo Azevedo
Rui Falcão,
presidente do PT, ainda não se conformou com a imprensa independente e afirmou
ontem, na Câmara, que esse jornalismo que ele deplora e o Ministério Público
podem conduzir o país ao nazismo e ao fascismo. Esta quarta-feira foi um dia
adequado para tratar do tema. Há 80 anos, Adolf Hitler chegava ao poder na
Alemanha. Escrevi um post a respeito. O
nazismo — a forma que tomou o fascismo alemão — tinha um ideário e um programa
para a imprensa. Já chego lá.
Falcão, reconduzido à presidência do PT com o apoio unânime dos mensaleiros, acha que os jornalistas e o Ministério Público demonizam a política. Leio na Folha esta declaração formidável:
“Sejamos francos: quem é a oposição no Brasil? Há oposição dos partidos políticos, mas há oposição mais forte, mas que não mostra a cara, quando poderia fazê-lo. É o que chamo de oposição extrapartidária, que se materializa numa declaração que a imprensa veiculou de Judith Brito, que disse com todas as letras: ‘como a oposição não cumpre seu papel, nós temos que fazer’. E vem fazendo.”
Judith Brito é a
presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais). E não! Ela não afirmou o
que Falcão lhe atribui. Ele pinça duas ou três palavras de uma resposta mais
ampla dada ao Globo. O link da reportagem está aqui. Ela criticava, e com absoluta razão, o
Plano Nacional de Direitos Humanos (neste blog, chamado de “Plano
Nacional-Socialista de Direitos Humanos), que simplesmente instituía a censura
no país. E fez uma afirmação que sustento neste blog desde o primeiro dia.
Reproduzo:
“A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação. E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo.”
“A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação. E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo.”
A declaração é de
março de 2010. Judith disse o óbvio: uma das atribuições da imprensa é mesmo
vigiar o poder e os poderosos, segundo os marcos legais e constitucionais.
Ocorre que, nas democracias, essa é também uma das tarefas da oposição. Como,
no Brasil, ela anda tímida e atrofiada, em contraste com a hipertrofia do
governo, a imprensa acaba assumindo o lugar da única voz discordante. MAS
ATENÇÃO! NÃO PORQUE TENHA UM PROJETO POLÍTICO! Não tem! Aliás, existem
“imprensas”, no plural.
Falcão, este notável pensador de rapina,
acaba se traindo e revela o que ele próprio pensa da oposição: é fraca e
irrelevante. Na verdade, ela não o preocupa e aos petistas; tiram de letra!
Chato mesmo é ter de aguentar o jornalismo que ainda não se rendeu, que ainda
não caiu de joelhos. E olhem que vocês conhecem a rotina de sabujice que tem
caracterizado a grande imprensa nestes tempos. O próprio Falcão foi tratado na
CBN, por exemplo (leia post), como o defensor das criancinhas, embora tenha
feito um projeto de lei inconstitucional. Fernando Haddad aparece como herói da
cidade. Políticos de oposição têm sido impiedosamente ridicularizados. O
petismo emplaca a pauta que bem entender em certos veículos. Não está bom para
Falcão.
Nota antes que
continue: quem ouvia atentamente o discurso de Falcão em seu primeiro dia de
trabalho na Câmara? José Genoino, o deputado condenado por corrupção ativa e
formação de quadrilha. O presidente do PT só não incluiu o Poder Judiciário
entre os agentes do novo nazifascismo porque se acovardou.
Quem repete os
nazistas mesmo?
Pois é… Ontem lembrei trechos aqui do programa dos nazistas e afirmei que qualquer semelhança com as teses dos partidos de esquerda não era mera coincidência. Ao contrário: a raiz do pensamento é comum. A tentação de se criarem entes que vigiem a sociedade — quando, nas democracias, é a sociedade que vigia esses entes — é a mesma. Fascismo e comunismo reúnem os fanáticos da reengenharia social e do controle das vontades. E a imprensa livre está muito além daquilo que eles podem tolerar.
Pois é… Ontem lembrei trechos aqui do programa dos nazistas e afirmei que qualquer semelhança com as teses dos partidos de esquerda não era mera coincidência. Ao contrário: a raiz do pensamento é comum. A tentação de se criarem entes que vigiem a sociedade — quando, nas democracias, é a sociedade que vigia esses entes — é a mesma. Fascismo e comunismo reúnem os fanáticos da reengenharia social e do controle das vontades. E a imprensa livre está muito além daquilo que eles podem tolerar.
Vejam se o item 23
do programa nazista não se encaixa à perfeição no discurso de Rui Falcão (em
vermelho):
23. Exigimos que se
lute pela lei contra a mentira política deliberada e a sua divulgação através
da imprensa. Para que se torne possível a constituição de uma imprensa alemã,
exigimos:
a) que todos os redatores e colaboradores de jornais editados em língua alemã sejam obrigatoriamente membros do povo (Volksgenossen);
b) que os jornais não-alemães sejam submetidos à autorização expressa do Estado para poderem circular. Que eles não possam ser impressos em língua alemã;
c) que toda participação financeira e toda influência de não-alemães sobre os jornais alemães sejam proibidas por lei, e exigimos que se adote como sanção para toda e qualquer infração o fechamento da empresa jornalística e a expulsão imediata dos não-alemães envolvidos para fora do Reich.
Os jornais que colidirem com o interesse geral devem ser interditados. Exigimos que a lei combata as tendências artísticas e literárias que exerçam influência debilitante sobre a vida do nosso povo, e o fechamento dos estabelecimentos que se oponham às exigências acima.
a) que todos os redatores e colaboradores de jornais editados em língua alemã sejam obrigatoriamente membros do povo (Volksgenossen);
b) que os jornais não-alemães sejam submetidos à autorização expressa do Estado para poderem circular. Que eles não possam ser impressos em língua alemã;
c) que toda participação financeira e toda influência de não-alemães sobre os jornais alemães sejam proibidas por lei, e exigimos que se adote como sanção para toda e qualquer infração o fechamento da empresa jornalística e a expulsão imediata dos não-alemães envolvidos para fora do Reich.
Os jornais que colidirem com o interesse geral devem ser interditados. Exigimos que a lei combata as tendências artísticas e literárias que exerçam influência debilitante sobre a vida do nosso povo, e o fechamento dos estabelecimentos que se oponham às exigências acima.
Aliás, boa parte da
pregação petista seria abraçada pelo nacional-socialismo sem hesitação, como se
pode ver aqui. Se é de nazistas e fascistas que Rui
Falcão quer falar, eu topo a brincadeira. E, como se nota, estaremos em campos
opostos nisso também.
Somos “os judeus”
de Rui Falcão
Contestando um vídeo gravado por este senhor, em que, ora vejam!, ele atacava a imprensa livre — e é por isso que essa gente paga a imprensa do nariz marrom com o nosso dinheiro —, demonstrei as semelhanças que havia entre a sua fala e um pronunciamento de Goebbels no dia 10 de fevereiro de 1933. Hitler estava no poder havia apenas 11 dias.
Contestando um vídeo gravado por este senhor, em que, ora vejam!, ele atacava a imprensa livre — e é por isso que essa gente paga a imprensa do nariz marrom com o nosso dinheiro —, demonstrei as semelhanças que havia entre a sua fala e um pronunciamento de Goebbels no dia 10 de fevereiro de 1933. Hitler estava no poder havia apenas 11 dias.
Um dos alvos de
Goebbels no discurso foi a imprensa dos “judeus insolentes”. Leiam trechos:
(…)
Se hoje a imprensa judaica acredita que pode fazer ameaças veladas contra o movimento Nacional-Socialista e acredita que pode burlar nossos meios de defesa, então, não deve continuar mentindo. Um dia nossa paciência vai acabar e calaremos esses judeus insolentes, bocas mentirosas!
(…)
Eu só queria acertar as contas com os [nossos] inimigos na imprensa e com os partidos inimigos e dizer-lhes pessoalmente o que quero dizer em todas as rádios alemãs para milhões de pessoas.
(…)
Se hoje a imprensa judaica acredita que pode fazer ameaças veladas contra o movimento Nacional-Socialista e acredita que pode burlar nossos meios de defesa, então, não deve continuar mentindo. Um dia nossa paciência vai acabar e calaremos esses judeus insolentes, bocas mentirosas!
(…)
Eu só queria acertar as contas com os [nossos] inimigos na imprensa e com os partidos inimigos e dizer-lhes pessoalmente o que quero dizer em todas as rádios alemãs para milhões de pessoas.
Eis aí. Somos os
“judeus insolentes” de Rui Falcão.
Enquanto o
presidente do PT fazia esse discurso, Luiz Inácio Apedeuta da Silva, o chefão
do partido celebrava o reino da liberdade e da justiça em Cuba.
Título e Texto (e Grifos): Reinaldo Azevedo, 31-01-2013
É o DNA. Insultar o debatedor, ‘adversário’, ou quem defende uma ideia diferente, ignorando os argumentos contrários e fazendo-se de desentendido - não é uma demonstração de caráter, mas limitações morais e intelectuais, resultado da incapacidade de convivência no mundo civilizado. Isso é claro, é ‘justificado/fundamentado’ pelo mestre fariseu (delles), vulgarmente conhecido como terrorismo intelectual - que consiste num conjunto de mecanismos jornalísticos e publicitários inventado porLênin para intimidar e reduzir ao silêncio os inimigos do comunismo.
ResponderExcluirAssim a regra máxima leninista do debate político – não é persuadir o adversário, nem apontar seus erros, mas destruí-lo:
“Acuse os outros de fazer o que você está fazendo”. Wladmir Illich Ulianov - Lênin (1870-1924).
Rivadávia Rosa