quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Presidente do PT acha que imprensa e Ministério Público podem levar o país ao nazismo e ao fascismo.

Aceito o desafio de demonstrar que o petismo pode ser herdeiro dos fascistas, mas jamais o jornalismo livre
Reinaldo Azevedo
Rui Falcão, presidente do PT, ainda não se conformou com a imprensa independente e afirmou ontem, na Câmara, que esse jornalismo que ele deplora e o Ministério Público podem conduzir o país ao nazismo e ao fascismo. Esta quarta-feira foi um dia adequado para tratar do tema. Há 80 anos, Adolf Hitler chegava ao poder na Alemanha. Escrevi um post a respeitoO nazismo — a forma que tomou o fascismo alemão — tinha um ideário e um programa para a imprensa. Já chego lá.


Falcão, reconduzido à presidência do PT com o apoio unânime dos mensaleiros, acha que os jornalistas e o Ministério Público demonizam a política. Leio na Folha esta declaração formidável:
“Sejamos francos: quem é a oposição no Brasil? Há oposição dos partidos políticos, mas há oposição mais forte, mas que não mostra a cara, quando poderia fazê-lo. É o que chamo de oposição extrapartidária, que se materializa numa declaração que a imprensa veiculou de Judith Brito, que disse com todas as letras: ‘como a oposição não cumpre seu papel, nós temos que fazer’. E vem fazendo.”
Judith Brito é a presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais). E não! Ela não afirmou o que Falcão lhe atribui. Ele pinça duas ou três palavras de uma resposta mais ampla dada ao Globo. O link da reportagem está aquiEla criticava, e com absoluta razão, o Plano Nacional de Direitos Humanos (neste blog, chamado de “Plano Nacional-Socialista de Direitos Humanos), que simplesmente instituía a censura no país. E fez uma afirmação que sustento neste blog desde o primeiro dia. Reproduzo:
“A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação. E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo.
A declaração é de março de 2010. Judith disse o óbvio: uma das atribuições da imprensa é mesmo vigiar o poder e os poderosos, segundo os marcos legais e constitucionais. Ocorre que, nas democracias, essa é também uma das tarefas da oposição. Como, no Brasil, ela anda tímida e atrofiada, em contraste com a hipertrofia do governo, a imprensa acaba assumindo o lugar da única voz discordante. MAS ATENÇÃO! NÃO PORQUE TENHA UM PROJETO POLÍTICO! Não tem! Aliás, existem “imprensas”, no plural.
Falcão, este notável pensador de rapina, acaba se traindo e revela o que ele próprio pensa da oposição: é fraca e irrelevante. Na verdade, ela não o preocupa e aos petistas; tiram de letra! Chato mesmo é ter de aguentar o jornalismo que ainda não se rendeu, que ainda não caiu de joelhos. E olhem que vocês conhecem a rotina de sabujice que tem caracterizado a grande imprensa nestes tempos. O próprio Falcão foi tratado na CBN, por exemplo (leia post), como o defensor das criancinhas, embora tenha feito um projeto de lei inconstitucional. Fernando Haddad aparece como herói da cidade. Políticos de oposição têm sido impiedosamente ridicularizados. O petismo emplaca a pauta que bem entender em certos veículos. Não está bom para Falcão.
Nota antes que continue: quem ouvia atentamente o discurso de Falcão em seu primeiro dia de trabalho na Câmara? José Genoino, o deputado condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha. O presidente do PT só não incluiu o Poder Judiciário entre os agentes do novo nazifascismo porque se acovardou.

Quem repete os nazistas mesmo?
Pois é… Ontem lembrei trechos aqui do programa dos nazistas e afirmei que qualquer semelhança com as teses dos partidos de esquerda não era mera coincidência. Ao contrário: a raiz do pensamento é comum. A tentação de se criarem entes que vigiem a sociedade — quando, nas democracias, é a sociedade que vigia esses entes — é a mesma. Fascismo e comunismo reúnem os fanáticos da reengenharia social e do controle das vontades. E a imprensa livre está muito além daquilo que eles podem tolerar.
Vejam se o item 23 do programa nazista não se encaixa à perfeição no discurso de Rui Falcão (em vermelho):
23. Exigimos que se lute pela lei contra a mentira política deliberada e a sua divulgação através da imprensa. Para que se torne possível a constituição de uma imprensa alemã, exigimos:
a) que todos os redatores e colaboradores de jornais editados em língua alemã sejam obrigatoriamente membros do povo (Volksgenossen);
b) que os jornais não-alemães sejam submetidos à autorização expressa do Estado para poderem circular. Que eles não possam ser impressos em língua alemã;
c) que toda participação financeira e toda influência de não-alemães sobre os jornais alemães sejam proibidas por lei, e exigimos que se adote como sanção para  toda e qualquer infração o fechamento da empresa jornalística e a expulsão imediata dos não-alemães envolvidos para fora do Reich.
Os jornais que colidirem com o interesse geral devem ser interditados. Exigimos que a lei combata as tendências artísticas e literárias que exerçam influência debilitante sobre a vida do nosso povo, e o fechamento dos estabelecimentos que se oponham às exigências acima
.
Aliás, boa parte da pregação petista seria abraçada pelo nacional-socialismo sem hesitação, como se pode ver aqui. Se é de nazistas e fascistas que Rui Falcão quer falar, eu topo a brincadeira. E, como se nota, estaremos em campos opostos nisso também.

Somos “os judeus” de Rui Falcão
Contestando um vídeo gravado por este senhor, em que, ora vejam!, ele atacava a imprensa livre — e é por isso que essa gente paga a imprensa do nariz marrom com o nosso dinheiro —, demonstrei as semelhanças que havia entre a sua fala e um pronunciamento de Goebbels no dia 10 de fevereiro de 1933. Hitler estava no poder havia apenas 11 dias.
Um dos alvos de Goebbels no discurso foi a imprensa dos “judeus insolentes”. Leiam trechos:
(…)
Se hoje a imprensa judaica acredita que pode fazer ameaças veladas contra o movimento Nacional-Socialista e acredita que pode burlar nossos meios de defesa, então, não deve continuar mentindo. Um dia nossa paciência vai acabar e calaremos esses judeus insolentes, bocas mentirosas!
(…)
Eu só queria acertar as contas com os [nossos] inimigos na imprensa e com os partidos inimigos e dizer-lhes pessoalmente o que quero dizer em todas as rádios alemãs para milhões de pessoas.
Eis aí. Somos os “judeus insolentes” de Rui Falcão.
Enquanto o presidente do PT fazia esse discurso, Luiz Inácio Apedeuta da Silva, o chefão do partido celebrava o reino da liberdade e da justiça em Cuba.
Título e Texto (e Grifos): Reinaldo Azevedo, 31-01-2013

Um comentário:

  1. É o DNA. Insultar o debatedor, ‘adversário’, ou quem defende uma ideia diferente, ignorando os argumentos contrários e fazendo-se de desentendido - não é uma demonstração de caráter, mas limitações morais e intelectuais, resultado da incapacidade de convivência no mundo civilizado. Isso é claro, é ‘justificado/fundamentado’ pelo mestre fariseu (delles), vulgarmente conhecido como terrorismo intelectual - que consiste num conjunto de mecanismos jornalísticos e publicitários inventado porLênin para intimidar e reduzir ao silêncio os inimigos do comunismo.
    Assim a regra máxima leninista do debate político – não é persuadir o adversário, nem apontar seus erros, mas destruí-lo:
    “Acuse os outros de fazer o que você está fazendo”. Wladmir Illich Ulianov - Lênin (1870-1924).
    Rivadávia Rosa

    ResponderExcluir

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-