Assisti hoje cedo, durante meu
desjejum, pela CNN, uma reportagem que mostrou que um navio norte-coreano, que
havia partido de Cuba, foi interceptado por militares panamenhos a serviço da
aduana do Panamá dentro do qual, sob um carregamento de sacas de açúcar cubano,
havia dois containers com armas e mísseis balísticos, descobertos pelo sistema
automático de localização de conteúdo do Canal do Panamá, usado para coibir o
tráfico internacional de armas.
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Este míssil foi achado por
agentes militares aduaneiros panamenhos no interior de um container escondido
no compartimento de carga do navio norte-coreano. Foto: AFP/Getty Images
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Depois, fiquei sabendo pela
mídia internacional que o navio da marinha mercante do país comunista asiático
esteve ancorado no porto de Havana durante os dias em que o chefe do estado-maior
das forças armadas da Coeria do Norte se encontrava na ilha-cárcere dos Castros
em reunião com Raúl Castro, para “tratarem sabe-se lá do quê”.
Numa época em que se fala
tanto de espionagem internacional, na onda do traidor americano Snowden,
chega-se a conclusão que praticamente nada permanece escondido por muito tempo
dos olhos e ouvidos dos povos que são realmente bem informados no mundo.
O especialista Hugh Griffiths,
do Instituto de Investigações sobre a Paz Internacional (IIPI), uma ONG sueca,
nos diz ainda que a descoberta das armas cubanas escondidas pelos militares do
Panamá poderá arrefecer os esforços da Casa Branca para melhorar as relações
com Havana, após meio século de hostilidade ao regime comunista da ilha.
Washington tem encontro marcado para a próxima quarta-feira para dar
continuidade a possíveis – embora improváveis - entendimentos, suspensos há
mais de dois anos.
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Foto do cargueiro da Coreia do
Norte “Chong Chon Gang” ontem, terça-feira, 16 de julho de 2013, atracado no
cais de Manzanillo da cidade panamenha de Colón (EFE)
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O navio foi detido e ocupado pelos militares no início da manhã de hoje e, uma vez aberto o container, viram que o conteúdo não era de armas convencionais, e que havia sinais detectados de certo nível de radiação. As fotografias panamenhas foram submetidas à análise de uma empresa de consultoria de defesa, a IHS Jane, que identificou um equipamento de radar de controle de fogo RSN-75 “Fan Song” para mísseis antiaéreos SA-2, desenvolvidos na década de 1950 e que sofrem frequentes “upgrades” desde então.
Os estivadores do porto
descarregaram as 220 mil sacas de 100 libras de açúcar mascavo que estavam a
bordo do navio Chong Chon Gang, registrado na Coreia do Norte, sob as quais
encontraram dois containers escondidos com longos e pesados tubos semelhantes a
mísseis e o que parece ser uma unidade de controle por radar, mas ainda não
terminou o inventário da carga militar oculta nos porões do cargueiro
norte-coreano.
O Sistema de Identificação
Automática (AIS) do navio, que relata continuamente a localização por GPS da
embarcação, tinha sido desligado e seus registros apagados ou quebrou depois
que zarpou do porto de Vostochny no extremo oriental da Rússia em 12 de abril
último, de modo que seu périplo mais recente não pode ser rastreado, segundo
informou o Ministro da Defesa panamenho, uma situação altamente questionável e
suspeita.
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Um dos dois containers
escondido por baixo de uma carga de açúcar de Cuba. (AP)
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Estima-se que Cuba tenha umas
25 baterias antiaéreas SA-2, desmontadas de suas embalagens nos últimos anos e
instaladas em velhos tanques soviéticos T-55 para torná-las más fáceis de
mobilizar e menos suscetíveis de serem localizadas e destruídas. Também a
Coreia do Norte conta com numerosas baterias antiaéreas SA-2.
O jornal londrino The Telegraph citou recentemente
declarações de analistas não identificados que dizem que Cuba pode ter
entregado alguns de seus velhos radares SA-2 à Coreia do Norte, ou tê-los
enviado a Pyongyang para renová-los. Além disso, Cuba tem entre 330 e 550
mísseis balísticos do tipo Hwansong 5 e 6, feitos na Coreia do Norte e com
alcances de 200 e 430 milhas, respectivamente, bem como 65 mísseis 9K52 Luna-M
de fabricação soviética com um alcance de menos de 150 milhas. Ambos os sistemas
de mísseis são obsoletos, mas podem ainda transportar ogivas químicas e
nucleares.
Enquanto degustava meu café da
manhã, ouvindo todo esse noticiário, para depois colher na Internet as
informações adicionais que constam deste breve artigo, fiquei pensando, entre
enojado e indignado, como é possível que Brasília tenha a coragem de enviar o
suado dinheiro dos impostos pagos pelos trabalhadores e empresas brasileiras
para Cuba construir o Porto de Mariel, quando se sabe perfeitamente que tanto a
ditadura cubana quanto a norte-coreana faz com que seus povos passem fome e não
consigam suprir suas necessidades básicas, mas conseguem dinheiro, por vias
tortas, para armamentos desse porte, enquanto as nossas próprias forças armadas
permanecem sucateadas e incapazes de oferecer resistência à maioria dos seus
vizinhos, alguns deles potencialmente bem hostis, como a Venezuela.
Até encerrar esse texto, não
vi na “grande mídia tupiniquim” qualquer menção a esses fatos, o que é uma
vergonha completa para o jornalismo brasileiro.
Foi quando resolvi tomar um
remédio para evitar uma possível indigestão.
Título e Texto: Francisco Vianna (da mídia
internacional), 17-7-2013
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