Comentários irados de autoridades israelenses, em Jerusalém, dizem que
Washington deu sinal verde a Mahmoud Abbas para "formar uma coalizão de
governo com um grupo terrorista". Segundo os israelenses, tal ação piora,
ao invés de ajudar, o retorno às negociações de paz.
Francisco Vianna
Na noite de ontem, segunda-feira,
autoridades israelenses desancaram críticas ferozes contra a Casa Branca pelo
fato da administração Obama ter anunciado que vai trabalhar com o novo
"governo palestino" que inclui o grupo terrorista Hamas, na qualidade
de falso partido político.
Em amargos e gritantes
comentários, autoridades israelenses disseram que, ao invés de cooperar com um
governo apoiado pelo grupo terrorista, Washington deveria instar com a
necessária veemência o Presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, a
desfazer seu pacto com o Hamas e retomar as negociações de paz com Israel.
"Estamos profundamente
desapontados pelos comentários do Departamento de Estado Americano em relação a
trabalhar como esse arremedo de "governo de unidade palestina". Tal
governo é apoiado pelo Hamas, que é uma organização terrorista
declaradamentente empenhada na destruição de Israel", disseram as
autoridades do governo israelense.
"Caso a atual
administração de esquerda, dos EUA, queira, de fato, avançar no sentido de
obter uma paz duradoura no Oriente Médio, deveria conclamar Abbas para pôr fim
ao seu pacto com o Hamas e voltar a negociar a paz com Tel Aviv",
acrescentaram. "Ao invés disso, os EUA estão a habilitar Abbas a acreditar
que é aceitável formar um governo com uma organização terrorista".
O escritório do Primeiro-ministro,
Benjamin Netanyahu, e o do Ministro das Relações Exteriores, em Jesrusalém, se
negaram a comentar sobre esse assunto. Na manhã de ontem, segunda-feira, os
ministros veteranos de Israel decidiram boicotar o novo "governo",
uma vez que ele é apoiado pelo Hamas, considerado uma organização terrorista
tanto por Israel como pelos EUA.
Na manhã de ontem, a porta-voz
do Departamento de Estado, Jen Psaki, disse que os EUA acreditam que Abbas
"formou um governo interino tecnocrata… que não inclui membros afiliados
com o Hamas." Portanto, acrescentou ele, "pelo que sabemos até agora,
vamos trabalhar com este governo".
A Sra. Psaki disse,
entretanto, que Washington "continuará a avaliar a composição e as
políticas adotadas pelo "novo governo de Abbas" e, se necessário,
vamos modificar a nossa abordagem". Mais tarde ela acrescentou que a
administração estaria "vigiando cuidadosamente para se certificar de que a
nova unidade de governo manterá em vigência os princípios que servem como
precondições para que os EUA continuem com sua ajuda financeira mensal à
Autoridade Palestina.
Tal pronunciamento da Sra.
Psaki causou uma grande surpresa aos líderes israelenses; fontes de Washington
tinham sido citadas em Israel nos últimos dias dizendo que os EUA não
reconheceriam de imediato o novo governo de coligação com o Hamas.
Já no sábado último, o
Secretário de Estado americano, John Kerry, tinha telefonado a Abbas e
"expressado sua preocupação quanto ao fato de o Hamas exercer qualquer
papel de governo e a importância que o novo "governo" palestino deu
ao compromisso com os princípios da não-violência, com o reconhecimento do
Estado de Israel e a aceitação de acordos prévios com Tel- Aviv", disse a
Sra. Psaki.
Ontem, Kerry discutiu os
recentes desdobramentos com Netanyahu via telefone. O Departamento de Estado
americano mostrou-se silente quanto ao conteúdo da conversa, ou absteve-se de
comentar sobre se o anúncio da Casa Branca tinha surpreendido o governo
israelense.
Perguntada se Israel
concordaria em retornar à mesa de negociações nessas condições, a Sra. Psaki
disse que isso era uma decisão a ser tomada apenas por Israel. "Em última
análise, a decisão tem que ser tomada pelas partes... E a dificuldade em
tomá-la medirá a dificuldade de reiniciar as negociações de paz e, assim,
vermos. Os americanos não estão em posição de fazer previsões quanto a
isso", disse ela.
Segundo Psaki, os Estados
Unidos estão abertos ao plano atual estabelecido pela goveno interino de
unidade da Autoridade Palestina, mas acrescentou que "é cedo demais para
especular qual o resultado e teremso que esperar que os fatos e eventos
ocorram".
A porta-voz do Departamento de
Estado comentou que embora os EUA continuem a esperar que Abbas mantenha seu
compromisso com a manutenção da coordenação de segurança com Israel, o apoio do
Hamas para o atual governo não alterou a perspectiva americana sobre a
culpabilidade de ataques de foguetes lançados em direção a alvos israelenses da
controlada Faixa de Gaza pelo Hamas.
"Esperamos que a AP faça
tudo ao seu alcance para impedir ataques provenientes de Gaza, mas entendemos que
[a] Faixa de Gaza está sob o controle do Hamas", explicou Psaki.
Mais cedo, em Ramallah, Abbas
empossou 17 ministros em um novo governo tecnocrata destinado a orientar o PA
para eleições dentro de seis meses.
O gabinete israelense, por sua
vez, disse ontem que iria boicotar o novo governo da AP e considerá-lo
responsável por quaisquer foguetes disparados contra Israel a partir de Gaza.
Numa decisão aprovada em
reunião extraordinária do Comité Ministerial para Assuntos de Segurança
Nacional, Netanyahu e oito principais ministros disseram que não irian lidar
com o novo governo e que formariam uma equipe para "examinar cursos de
ação" à luz da nova unidade palestina de governo.
Abbas deu posse aos ministros
ontem à tarde depois de dirigentes do Hamas em Gaza e o Fatah, de Abbas,
resolveram um desacordo de última hora sobre um ministério chave do governo.
Ele saudou o "fim"
da divisão palestina, dizendo: "Hoje, com a formação de um governo de
consenso nacional, anunciamos o fim de uma divisão palestina que tem
prejudicado muito o nosso caso nacional".
Abbas prometeu que o novo
governo vai respeitar os princípios estabelecidos pelo quarteto de paz no
Oriente Médio, que pede o reconhecimento de Israel, rejeitar a violência e
cumprir todos os acordos existentes, embora o Hamas ainda tenha que ratificar
essas condições.
Título e Texto: Francisco Vianna, (da mídia
internacional), 03-06-2014
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