
O momento decisivo para a
minha desistência foi quando um adversário chutou para o gol onde eu exercia
minhas funções. A bola não viu que eu estava por ali, e bateu bem no meu peito.
Mesmo se eu não quisesse opor-me ao seu trajeto, ela não conseguiria passar. Agarrei-a
valentemente e corri com ela para dentro do gol. Sob um coro de protestos,
tomei conhecimento do meu gol contra, tendo corrido para o lado errado. Foi meu
único gol na curta vida de atleta futebolístico. E fui injustamente excluído do
time, por unanimidade, logo no instante em que as minhas altas cogitações
transitavam bem próximo do campeonato mundial. Não adiantava deblatterar
(nada a ver com dirigente da FIFA), e passei a exercer em cômodas arquibancadas
minha outra função, a de observador, já que não me aceitavam como “rei do gol
contra”.
Esse título frustrado me
lembra uma crônica cujo autor (não me pergunte o nome) lamentava ter perdido a
oportunidade de tornar-se o rei do futebol. E explicou que estava inscrito para
um teste no Santos, mas um motivo qualquer o impediu de comparecer. Foi
substituído por quem? Por um tal de Edson Arantes do Nascimento. Assim ele
perdeu a vaga de “rei do futebol”, que por direito era dele.
A esta altura você já deve
estar esperando que eu mude de assunto, pois sempre começo bem longe do que
devo abordar. Então vamos ao que interessa: Basta oferecer a alguém uma
oportunidade, para daí surgir um profissional brilhante? Pergunta muito
importante, nesta época de múltiplas cotas para qualquer cor da pele que não
seja a branca; de pistas preferenciais para veículos que não deviam transitar
por ali; de empregos preferenciais para quem nunca comprovou sua aptidão;
cargos de direção para quem não tem experiência teórica nem prática em direção;
cotas para mulheres públicas onde deveriam estar homens públicos; cotas
territoriais para quem nunca demonstrou competência nem apetência para
cultivá-las ou administrá-las…
Nos Estados Unidos, país que
tem sido o grande inspirador para tudo de bom ou ruim que o mundo inteiro vem
copiando, a livre iniciativa, a meritocracia e o empreendedorismo sempre
decidem na prática o que deve permanecer ou precisa ser abandonado. Fizeram lá
uma experiência de cotas raciais nas escolas, imposta por governos
esquerdistas, e depois foi simplesmente abandonada, devido aos altos custos e
resultados pífios. Eles mesmos dizem que sempre escolhem o caminho certo,
depois de tentar todas as alternativas. Quanto aos nossos atuais governantes,
obstinam-se nas alternativas erradas, mesmo sabendo que são erradas.
Resta-nos então examinar o
conjunto dessas nossas opções erradas, definir o que as caracteriza, em seguida
elaborar soluções válidas. Eis um trabalho intelectual gigantesco. Confiado a
estudiosos alemães sé-r-r-r-ios, ao fim de uma década teríamos volumosa
enciclopédia destinada às estantes empoeiradas de outros estudiosos. Mas isso
pode ser resolvido de modo rápido e fácil apelando para o bom senso, e assim
chegamos ao meu campo de experiência comprovada. Respondo então em boa ordem,
como fariam bons estudiosos alemães:
• 1ª pergunta — O
que tem levado nosso País a tantas decisões prejudiciais?
Resposta — A mentalidade
comunista, que sempre deu errado onde foi aplicada.
• 2ª pergunta — O
que devemos fazer para consertar nossos erros?
Resposta — Abandonar
radicalmente tudo que cheira a mentalidade comunista.
• 3ª pergunta —
Quais as características principais da mentalidade comunista?
Resposta — O combate obstinado
ao direito de propriedade e à livre iniciativa.
• 4ª pergunta — O
que deve fazer o novo governo para adotar as medidas certas?
Resposta — Estimular a livre
iniciativa e garantir o direito de propriedade.
Se os livros dos tais
estudiosos alemães chegarem a conclusões diferentes destas, você pode alimentar
com eles a fogueira das suas festas juninas. Embora minhas conclusões não
pretendam esgotar nossos assuntos econômicos, convém pensar seriamente nesses
pontos antes de decidir seus votos da próxima eleição. Boa oportunidade para
participar na mudança dos nossos maus costumes políticos.
(O que tem a ver minha escolha
de votos com futebol, cotas, etc?)
Releia a crônica com atenção,
ligue todos os pontos, e lhe será fácil entender.
Título, Imagem e Texto: Jacinto Flecha, ABIM – Agência Boa Imprensa, 28-06-2014
Entendido!
ResponderExcluirPara postergar a dialética, na primeira pergunta as decisões prejudiciais podem ser corrigidas, já as pré Judiciais ou judiciais são postergadas.
Na segunda está tudo correto, porém não há partidos de direita no Brasil, qualquer um que assumir é socialista, ou pseudo comunista.
Na terceira há um erro crasso, eles não combatem o direito à propriedade nem a livre iniciativa dos companheiros, mas sim a do povo.
E a quarta é alvissareira eles estimulam a livre iniciativa e o direito de propriedade deles.
No Brasil troca-se o pinico e coloca-se as mesmas bostas dentro...