Manos Matsaganis, economista
grego, fez um discurso em Harvard que lhe mereceu fortes críticas. Não se pode
dizer que o governo é "outra coisa que não fantástico", explica em
entrevista ao Observador.
Edgar Caetano
O economista grego Manos
Matsaganis diz-se um “homem de esquerda” mas está “aterrorizado”
com o governo Syriza. “Aterrorizado” com a estratégia “ridícula” que
tem sido seguida na relação com os parceiros europeus, com a aliança
com um “charlatão” como Panos Kammenos, vindo da extrema-direita, e
com o risco de que a Grécia caminhe, como um sonâmbulo, para o abismo
da saída do euro. Porquê?
Porque há muita gente disposta
a ser “catastroficamente heroica” no governo. Depois de um discurso em Harvard
que lhe mereceu fortes críticas porque “não se pode dizer que o governo é outra
coisa que não fantástico”, Manos Matsaganis falou com o Observador a partir do jardim adjacente ao seu “pequeno apartamento
em Berkeley”, nos EUA, onde está a passar um ano em trabalho académico.
À entrada em mais uma semana decisiva para Atenas, propomos-lhe uma
entrevista a um grego influente, que não se retrai nas palavras.
Fez no início de março um
discurso, em Harvard, em que se disse “aterrorizado” perante a subida ao poder
do Syriza, apesar de se considerar um homem de esquerda. Porque se sente assim?
O Syriza explorou o filão a
que se chama “política do ressentimento”. Existe tanta raiva e insatisfação na
Grécia desde a crise que se tornou claro que uma abordagem política populista
como a do Syriza e dos seus aliados poderia tirar grande partido desse
ressentimento. E foi exatamente isso que aconteceu. Sinto-me “aterrorizado”
porque uma política de ressentimento não é uma base saudável para políticas
democráticas. Houve alturas em Atenas em que, para muita gente, bastava pôr uma
série de pessoas na cadeia e dar um tiro a outras que os problemas se
resolveriam dessa forma.
[…]
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