segunda-feira, 6 de abril de 2015

Crônica de Shangri-La: o barulho dos insensatos, o silêncio dos ludibriados

José Manuel

Na semana, pré-páscoa aconteceram fatos que merecem uma profunda reflexão por parte de todos aqueles que fizeram parte das maiores e melhores empresas aéreas da América do Sul, quiçá, do mundo, profissionais competentes, mas que não conseguem enxergar uma saída factível para todos os problemas que os afligem, ao contrário, continuam brincando com a seriedade, e procurando "chifre em cabeça de burro", como diz um ditado antiquíssimo, sem se aprofundar nas questões mais sérias que realmente serviriam para atenuar seus sofrimentos, mas preferindo continuar batendo cabeça e fazendo o jogo que o governo, responsável por tudo isso que aí está, mais deseja.

Assisti a uma entrevista dada a um canal de televisão portuguesa no dia 30 de março, pelo presidente da TAP, ex-presidente da VARIG, Fernando Pinto, e publicada pelo blog internacional "Cão que fuma", em que cada palavra do entrevistado, me fazia voar ao passado e cair ao mesmo tempo num vazio de perguntas do porquê não ter dado nada certo aqui pelo Brasil. Não há respostas plausíveis que satisfaçam as perguntas.

Fernando Pinto foi convidado pelo governo daquele país, para gerenciar uma empresa estatal, prepará-la para o futuro e sua possível privatização, pois não interessava mais àquela nação continuar a agir nesse mercado tão difícil e competitivo.

Quinze anos são passados, a TAP está pronta como uma das melhores empresas aéreas da Europa, talvez a maior operadora aérea internacional no momento dentro do Brasil, tendo até aeronaves de reserva aqui no país, mas o engenheiro Fernando Pinto continua lá, e altamente prestigiado pelo governo. Qual será o nosso problema? Por que o mandamos embora? Por que tudo o que produzimos de excelente, entregamos de mão beijada, é isso mesmo, pedindo a benção aos estrangeiros?

Há brincadeira excessiva em todos os aspectos, pessoais, governamentais, empresariais e todos os ais que se conheçam. Logo após ter ouvido essa entrevista, confirmei o que acabo de escrever ao dar uma passada pela rede social facebook e me deparar com várias postagens de ex-colegas mostrando um cockpit vazio e a manchete de que a TAP estaria obrigando os dois pilotos a se ausentarem da cabine. Evidente brincadeira xenófoba, para com o país que tão bem os acolheu por anos, brincadeira desrespeitosa para com os familiares dos que estavam no avião da Germanwings na tragédia sucedida, e falta de respeito a um conterrâneo e ex-colega brilhante que faz sucesso no exterior.

Gostaria de ler, mas nunca vi um texto sequer dessas pessoas que fazem esse tipo de brincadeiras, mas nada também com seriedade a respeito dos seus próprios problemas, que passa mês, entra mês, não param de nos afligir.

Há brincadeira governamental, pois agora cada vez mais sabemos que a VARIG foi saqueada por estes mesmos que aí estão saqueando o país e que sem a menor dúvida serviu de  "projeto-piloto" ao saque generalizado, para verem como o mercado se comportava ou a massa laboral reagiria, uma vez que o fariam com uma empresa imensa, mas não tinham ainda noção das consequências.

Foi fácil demais para eles pois não houve nenhuma reação nem relevante, nem contundente e o mercado comportou-se mais uma vez vergonhosamente, covardemente, com o empresariado nacional dando as costas a um ícone do país.
Não concordam? 

Vejam se a Itália ou mesmo a nossa vizinha Argentina, permitiram que se fizesse o mesmo com suas empresas de bandeira. 

Com certeza o orgulho pátrio desses povos está acima de qualquer questão comercial, ou hipócrita e criminalmente político e, se restar qualquer dúvida a respeito, é só verificar a quantidade de bandeiras estrangeiras que hoje sangram os nossos bolsos e os nossos céus.

As respostas aos atos irresponsáveis e às brincadeiras do empresariado nacional, não deverão demorar a chegar às portas das suas empresas, pois tudo indica que terão o destino que escolheram, portanto, merecem.

Sobre o barulho estúpido dos insensatos muito já foi escrito, mas o que dizer do silêncio ultrajante dos assistidos do fundo de pensão Aerus?

Com algumas moedas no chapéu já esquecemos das ruas, dos aeroportos, durante nove anos? Onde está o barulho dos ludibriados?

O que está ocorrendo neste momento, não interessando as suas nuances, prós e contras, se a culpa é de A ou B, até porque ao estômago não interessam firulas sem sentido, é mais uma das inúmeras brincadeiras tanto de grupos, aos quais só interessa o ruido da comunicação, assim como deste país contra os seus cidadãos previdenciários.
Não concordam?

Então revejam as suas caixas de correio eletrônico, ou passeiem pelas redes sociais e procurem algum repúdio altissonante a tudo isto.

Se encontrarem, por favor me informem e é bom relembrar de que o que aconteceu com a VARIG foi apenas o prenúncio do que poderá acontecer ao nosso país muito brevemente.

Título e Texto: José Manuel, 6-4-2015
Nota: a descritiva nas crônicas por mim publicadas é o resultado de pesquisa em notícias veiculadas em mídia nacional idônea, apenas compondo um pensamento lastreado em liberdade de expressão e ancorado no Artigo 5 inciso IX, da constituição Federal de 1988.

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Um comentário:

  1. O BARULHO DOS INSENSATOS, O SILÊNCIO DOS LUDIBRIADOS - EU CONCORDO COM RESSALVA.
    Jorge Curvello
    Muito bem escrito e descrito o grande problema que o texto de J Manoel exprime e concordo em quase tudo, especialmente quanto ao silêncio dos ludibriados, porém com ressalva que ultimamente se joga a culpa geral no PT, no Governo e em todos os corruptos que dele fazem parte, quando a maior culpa vem de muitos, de todos aqueles que se aproveitam dessa atual situação de injustiças e não cobranças e abusam da marmelada. Minha mãe me ensinou a não roubar me apontando o ladrão, me ensinou a não desrespeitar apontando desrespeitos, enfim me ensinou da honestidade me mostrando o lado dos desonestos e isso foi a base segura de meu caráter porque destes pecados eu mesmo sendo honesto também cometi. Eu roubei fruta de terreno alheio quando criança fez feira na empresa onde trabalhava, enfim cometi pequenos furtos como qualquer ladrão, sem assim me considerar sendo. E qual de nós assim não fez?

    No caso da Varig, se houve mesmo como se conta tanta patifaria governamental ela devia certamente ser conhecida de muitos poderosos dentro dela, mas gente que lucrava com isso e aproveitou para si, a deixando morrer. No caso do Aerus, o golpe dado foi maior, foi o de uma falência para mim causada propositalmente porque a fonte maior estava rota e naufragando, assim, deu no que deu. Nisto tudo pagamos nós, aposentados, mas porque deixamos acontecer na confiança do comodismo de processo judicial em grupo, acreditando na palavra de quem menos deveria ser, um sindicato que provavelmente sabia do nosso futuro desde há muito e calou, não nos avisou a tempo de podermos retirar nosso dinheiro daquele órgão. Não sei se é verdade, mas soube que alguns comandantes, associados da Aprus sabiam da tragédia se aproximando e se precaveram, mas então porque esses mesmos não colocaram a boca no trombone? Enfim agora o SNA, a Aprus e outros, duelam em acusações e lavagem de roupa suja, mas a verdadeira verdade, ninguém conta.

    Recentemente escrevi por E-mail para o escritório Castagna Maia pedindo explicações lúcidas, não veio resposta, há silêncio absoluto acerca do futuro de uma grana boa RN$35.000.000,000 já depositados pela AGU, mas embargados por falta de um alvará e a mim não foi dito ou explicado do porque disso e dessa demora.

    Fala-se em direito das viúvas ou dependentes colocados de fora desses pagamentos, mas quem deixa de pagar, a AGU ou o Aerus que eu soube que é quem envia para o banco os nomes dos favorecidos? Outro mistério enquanto toda essa grana fica no banco rendendo juro e não se diz ou sabe-se para quem. São muitos os mistérios e são muitas as expectativas que há muita gente mamando nisto tudo, justamente se aproveitando da fama do PT, que não defendo, odeio, não gosto, mas que não sou injusto de colocar culpa total porque com suas falcatruas permitem Ali Baba e mais de 40 milhões de ladrões.

    Acredito que se o chefe da casa não é bom uma família pode deteriorar, mas vai precisar que ela também não seja boa e tenha seu mesmo caráter. E enquanto isso por falta do pagamento do mês de março do montepio do Aerus, prometido e sacramentado por depósito no Banco, eu e os meus deixamos de comer bacalhau na semana santa e se comi badejo foi porque ganhei o peixe de presente de um pescador amigo meu.
    E então, quem tem culpa afinal?
    Jorge Curvello (Com pedido de repasse em massa)

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