Rui A.
Uma empresa é uma conjugação
de recursos humanos e materiais, com o objetivo de prestar serviços a clientes
(mercado) e, com isso, obter um resultado financeiro que cubra os custos
correntes, permita o eventual crescimento do negócio e remunere o capital e o
esforço investidos (lucro).
Quando uma empresa apresenta
resultados negativos anuais sucessivos, isso pode significar duas coisas que,
em última análise, redundam numa só, que é a última das duas: que a empresa
produz bens e serviços de que o mercado não necessita; que a empresa é mal
gerida, isto é, que a afetação dos seus recursos não cumpre os desígnios
necessários aos seus pretendidos fins.
Vindo isto a propósito desta notícia sobre a CP, várias coisas se tornam necessárias ponderar.
Primeiro, a decisão dos
atuais governantes em reverterem o processo de privatização em curso lançado
pelo governo anterior. Na altura, a coisa foi posta como sendo a defesa dos
interesses nacionais e da população, que a privatização – visando o maldito
lucro – poria em causa. Analisada a decisão pelos seus resultados, a CP
encontra-se à beira de uma iminente e ruinosa falência, a que a decisão
conduziu.
Segundo que os serviços
que a CP presta ao país são necessários e têm clientes. Bastará ver, por
exemplo, a permanente indisponibilidade de lugares nos Alfa, por sinal os
comboios mais caros da companhia, para se tirarem conclusões. E estas só podem
ser que, como a empresa tem clientes e presta um serviço fundamental ao
mercado, ainda por cima em regime de monopólio, a sua situação financeira só
pode ser explicada por má gestão da empresa.
Terceiro, que a empresa
já estava em situação financeira muito grave quando os anteriores governantes a
quiseram privatizar. Aliás, foi por isso mesmo que o tentaram fazer: para
desonerarem o estado de mais responsabilidades no pagamento das dívidas
sucessivamente acumuladas por uma gestão incompetente e irresponsável, entregue
frequentemente a boys and girls dos partidos do regime.
Quarto, sobre o futuro
da companhia: como não foi privatizada, mas a sua atividade não poderá cessar,
por mais falida que esteja, os aportes de capital necessários a que continue a
trabalhar serão cobertos pelo estado. E, como quem diz estado diz
contribuintes, será mais uma conta – e uma conta muito pesada – a cobrir pelos
nossos impostos, com o sacrifício de (quase) todos.
Quinto, como o estado
entrará com o dinheiro estritamente necessário à satisfação das necessidades
mais urgentes da empresa, ele servirá apenas para pagar aos credores
imediatamente indispensáveis à continuidade da sua atividade, pelo que não
sobrará qualquer dinheiro para investimentos. Ou seja, as condições de
funcionamento da CP vão continuar a degradar-se e os clientes serão cada vez
pior servidos.
Sexto, e último, qual
seria a diferença, para os consumidores, da privatização da CP? Porventura os
carris desapareceriam? Os comboios deixariam de circular? Claro que não: a
empresa seria vocacionada para ter lucro, isto é, para ter mais clientes e
servi-los melhor, porque, de outro modo, passariam a fazer os seus trajetos de
outro modo – carro, camionete, etc., e a empresa continuaria a acumular
prejuízos. Com a vantagem de que seriam os novos donos da companhia a assumirem
os custos do passivo e os de investirem num negócio que, sem prosperar, estaria
condenado ao fecho e à perda do capital investido. O que, obviamente, nenhum
investidor deseja.
Em conclusão: empresas
+ privatização + lucro = serviço público e satisfação dos clientes; e empresas
+ estado + gestão partidária ruinosa = prejuízo + mau serviço + aumento de
impostos. Tudo o resto é preconceito ideológico. Será isto tão difícil de
compreender?
Título, Imagem e Texto: Rui A., Blasfémias,
11-7-2018
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