sexta-feira, 12 de abril de 2024

André Ventura, o bombo da festa

O que temos assistido, mormente na televisão, já raia o completo non sense

José Coelho Martins

Antes das eleições do passado dia 10 de março, André Ventura e o partido Chega! Foram objeto de uma orquestrada campanha de memorização e difamação nunca vista  até então em Portugal, e vergonhosa para a nossa democracia.

Mais grave e acutilante ainda do que o que ocorreu nos tempos do PREC e pós-PREC, em que se acusava fantasiosamente Álvaro Cunhal e o PCP de comerem criancinhas ao pequeno almoço.

Os resultados das eleições e a constituição de uma bancada parlamentar com cinquenta deputados foi a resposta que os portugueses deram aos detratores do Chega! e do seu líder, sendo de enfatizar a vitória no círculo da emigração, que tem um significado simbólico muito importante, uma vez que falamos de portugueses que, na sua grande maioria, se viram forçados a sair de um país (o seu) por este não lhe proporcionar as devidas condições de uma vida digna.

Por que votaram mais de um milhão de portugueses no Chega!?

Os produtores da narrativa politicamente correta defendem que André Ventura, “mestre na arte do populismo”, os levou ao engano, fazendo-os acreditar que o Chega tem a resposta para as suas preocupações, quando, afinal, se trata, no seu entendimento, de uma organização política fascista, racista e xenófoba. Um partido sem ideologia!

Não contentes com o ataque pré-eleitoral efetuado, os ressabiados com André Ventura e o Chega continuam numa dinâmica de ataque, de ofensa e de desvalorização da proposta política por este(s) consubstanciada.

Por mais que André Ventura se predisponha a dialogar e a negociar, a sua atitude é de imediato denegrida pelos seus adversários políticos, nos quais se inclui quase toda a comunicação social, que se tem comportado como uma inimiga figadal do líder do Chega.

Aquilo a que temos assistido, mormente na televisão, já raia o completo non sense, havendo jornalistas e comentadores que fazem um esforço quase patético para colocarem em evidência os defeitos de André Ventura. As entrevistas que lhe fazem são verdadeiros interrogatórios a lembrar tiques pidescos.

Segundo aqueles, Ventura é capaz de dizer uma coisa de manhã, outra de tarde e outra à noite. Outros referem que na mesma frase ele é capaz de utilizar em simultâneo a cora amarela, azul e verde.

Não conheço André Ventura, senão enquanto cidadão comum atento ao que se passa em meu redor, mas é para mim evidente tratar-se de uma pessoa qualificada, inteligente, com uma capacidade de argumentação muito acima da média e com um discurso lógico e coerente. Revela a espontaneidade, ansiedade e ambição típicas de um ser humano jovem e consciente do seu valor. É crime?

Poderemos não apreciar ou valorizar algumas das suas ideias, propostas políticas e comportamento irreverente (nem sempre me revejo nas suas ideias e atitudes), mas André Ventura é um político que criou um partido dentro do quadro legal existente, respeita as regras e normas da atividade política e tem o apoio de quase vinte por cento dos eleitores nacionais.

“André Ventura e o Chega ganharam por mérito próprio o apoio de mais de um milhão e cem mil portugueses, e nessa condição/qualidade têm todo o direito de querer fazer parte da solução governativa do país”

Ao atacarem o Chega da forma vil como o fazem, os seus adversários (inimigos?) políticos e da comunicação social não o fazem pela ausência de um projeto político congruente.

Fazem-no, única e exclusivamente, porque não gostam do que esse projeto consubstancia e dos efeitos que tal provocaria em muitos interesses instalados.

Não será de colocar de parte a hipótese, por exemplo, de que sendo André Ventura um dia primeiro-ministro de Portugal, não aceite financiar os meios de comunicação social privados como tem acontecido até hoje. Faz sentido empresas privadas que remuneram os seus acionistas serem financiadas pelos contribuintes?

André Ventura, pela sua história familiar, conhece bem o valor do trabalho e do dinheiro e duvido que algum dia aceitasse tirar dinheiro dos bolsos dos contribuintes para atribuir subsídios que alimentam uma classe, em grande parte, de inúteis, que ganham fortunas sem nada produzirem, incluindo os comentadores “especializados”, muitos deles políticos e ex-políticos.

Acusam-no de ser excessivamente ambicioso e até de mendigar o “tacho” ao PSD/AD. Ora, só quem está de má-fé e/ou é preconceituosos pode fazer tais afirmações. André Ventura e o Chega ganharam por mérito próprio o apoio de mais de um milhão e cem mil portugueses e nessa condição/qualidade têm todo o direito de querer fazer parte da solução governativa do país, seja diretamente no executivo, seja negociando algumas ações/decisões que defendem e que os eleitores subscreveram.

Quem assume as rédeas do Governo tem o dever moral, não apenas de atender ao seu programa e aos seus eleitores, mas a todos os portugueses. Sou um acérrimo defensor dos pactos de regime (não das negociatas interpartidárias!) e já defendi claramente isso nas páginas deste jornal.

Portugal não pode continuar subordinado e refém dos interesses destas organizações partidárias, cujos objetivos e motivos são demasiadas vezes pouco claros e transparentes, e que em nada influenciam positivamente a vida dos cidadãos.

A corrupção atingiu um nível inaceitável e não pode ser entendida como uma inevitabilidade do sistema. Tem de ser implacavelmente combatida, porque os abusos de uns tantos significam o sacrifício da maioria.

É assim que os portugueses têm vivido e tal é um cavalo de batalha de André Ventura.

Por tal motivo, a frontalidade com que André Ventura fala deste e de outros temas fraturantes da sociedade portuguesa assusta os partidos do sistema e a comunicação social subsídiodependente. Os muitos interesses instalados seriam colocados em causa se André Ventura um dia tivesse nas suas mãos as rédeas do poder.

Atrevo-me mesmo a dizer que se esse cenário se vier a colocar oportunamente, possa mesmo correr-se o risco em Portugal de surgirem convulsões sociais graves que coloquem em causa a própria democracia. Nessa altura se identificariam os verdadeiros vilões!

Perante o próximo quadro governativo, arrisco dizer que nada de significativamente positivo irá ocorrer em Portugal. Alguns fogos vão ter a sua chama diminuída, não necessariamente extintos… e será tudo!

A navegação vai ser à vista. A inexistência de uma estratégia de verdadeira mudança será tónica.

Há quem tenha interesse em que o país continue pobre e dependente de Bruxelas, com a maior parte da população assistida pelo Estado. Percebe-se porquê!

O joga da perpetuação no poder já começou com o recente acordo para a nomeação do presidente da Assembleia da República, que mais não é do que a ressuscitação do bloco central de interesses que se irá estender, muito em breve, à futura ação governativa.

André Ventura e o Chega assustam!

Talvez assustem ainda mais após as próximas eleições europeias!

Título e Texto: José Coelho Martins, O Diabo, nº 2466, 5-4-2024
Digitação: JP, 12-4-2024

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