sexta-feira, 12 de abril de 2024

[Aparecido rasga o verbo] Nem todos devem ser lembrados, apenas esquecidos...

Aparecido Raimundo de Souza 

“Aquele parente chato, que não vale um centavo, deve ficar de lado, como uma locomotiva velha, esquecida num desvio da linha principal.”
Fábio Porchat 

MEU ANIVERSÁRIO PASSOU e ninguém me ligou desejando Felicidades e uma vida longa. Os parentes mais chegados, os que convivem comigo, no dia a dia, sequer deram um telefonema. Poderia ser até um “FELIZ ANIVERSÁRIO, FILHO DA PUTA. AGUENTOU CHEGAR ATÉ AQUI?! IMAGINEI QUE JÁ TIVESSE MORRIDO, E NESSA DATA, QUEIMASSE OS OSSOS NOS QUINTOS DA PUTA QUE TE PARIU.” Apenas os netos que nem sabem direito o que é comemorar uma data importante, ligaram. Quando menciono os netos, referencio também às mães, minhas filhas. Ainda assim, com exceções. E raríssimas... diga-se de passagem. 

Alguns rebentos (nem todos) advindos do mesmo saco escrotal sumiram, criaram asas enormes, escafederam. Voltando aos pequenos, os netos que ligaram, exigiram, de pronto, a minha presença, me deram presentes e fizeram um bolinho seguido de felicitações de muitos anos de vida. Uau! Foi massa, diria, “tri legal”. Me senti renovado, remoçado. Os demais, os ricos e poderosos, os figurões que se acham “eternos e imortais,” preferiram guardar silêncio, naturalmente para não coçarem os bolsos. Pensaram com seus botões inconspurcados: “ESSE FILHO DA PUTA VAI QUERER PRESENTE, OU PELO MENOS, PEDIRÁ ALGO EM TROCA E EM FACE DA DATA.” 

Aos 71 (fazer um 69, por exemplo, é bom, se você que não lembrou de mim, entre aspas, quando chegar nessa idade pela qual passo agora, se tiver alguém para fazer um 69 no capricho, sem você precisar meter as mãos no bolso e pagar uma puta, ou um puto, toda saúde e PAZ do mundo). Aos 71, como dizia, a gente, a trancos e barrancos, aprende o que é ser excluído, esquecido, proscritado, banido, cortado, fatiado. A gente aprende que família são os ricos, os endinheirados, os que têm carros bonitos, aviões, barquinhos, geladeiras com dois andares e elevadores para subir e descer “as gororoba,” muito dinheiro nas contas bancárias e etc, etc... Pois bem! 

Todavia, espero estar vivo, com as graças do Pai Maior para parabenizar a todos os “meus chegados,” notadamente os mais próximos e presentes , aquelas criaturas imaculadas que me deram uma banana bem grande (ao menos seria elegante uma caixinha de chocolate da vadia atual) no dia do meu “apagamento de velinhas”. Em meio a essa porra toda, esqueci (deve ser coisa da idade, aos 71, não sei se deixei a dentadura no banheiro ou enfiei o pau no olho do cu da bunda do Rogério, do André, ou do Claudio). Aos 71, me deslembrei simplesmente que faço parte da banda pobre e podre da família, ou dessa estirpe familiar “roscoficadamente” falida. 

Quando mamãe vivia o albor da sua vida plena, nossa!..., a conversa se fazia bem diferente. Ela deixava de comer para me dar alguma coisa, ainda que uma simples e singela lembrancinha. MAS O FATO É QUE NÃO ESQUECIA, NÃO DEIXAVA PASSAR A DATA EM BRANCAS NUVENS. A mamãe se foi, e, com ela, a data que todos os irmãos, primos, tios, sobrinhos, o caralho, esqueceram. Se eu fosse um empresário, ou algo mais que um mero “laranja” , se tivesse uma casa bonita, status ou um carro do ano, certamente esses rebentos saídos da mesma boceta da minha progenitora, esses vermes malparidos viriam me visitar... marcar presença... puxar o saco... punhetar... 

Contudo, concluindo, como sou um zero à esquerda... um Mané “encosto,” usque um sem eira nem beira, que se “Foda-se.” Tem muita gente que reza dia e noite para que eu parta logo para a cidade dos pés juntos. Obviamente, nesse dia, esses malditos farão uma festança memorável e inesquecível no Castelo de frente para o mar da Dinamarca. Pelo barulho das rodas das carruagens, “Geputo” será lembrado, “Pinótio,” idem... “Brinca de Neve e os Sete Safadões,” “Chupãozinho Vermelho e o Louco Mau,” Os “Treze Porquinhos,” As “Laranjas” e os “Abacaxis,” todos, todos estarão por lá, mas o Aparecido, kikikikikikikiki, “ESSE VERME, A BEM DA VERDADE, GRAÇAS A DEUS, JÁ SE FOI TARDE.” Mas não esqueçam cambada de víboras e lacrácias: só irei depois de fazer um 69 no gozo “dos meus 71, na fuça de todos vocês.” 

Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Vila Velha, no Espírito Santo, ES, 12-4-2024

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[Aparecido rasga o verbo – Extra] O eterno “Menino maluquinho” foi morar lá no céu 
Prevalece sempre uma estranha medida do que não vemos 
Era só um buraco na camada de ozônio 

4 comentários:

  1. Meu Deus! Quanta amargura!
    Insistir com quem não te quer da nisto. Tem que deserdar todo mundo. Hahahaahhaahhaha
    Doar tudo para alguma instituição que cuida de animais. Hahahhahahahaha

    Circe Aguiar

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  2. Circe Aguiar, bom dia. Obrigado por ter “aparecido” ainda que como anônimo. O que vale é a intensão, ou melhor dito, a lembrança. Pois bem! Não estou amargurado. Apenas desabafei as desgraças que me atormentavam. Quando a gente desabafa, bota para fora tudo o que perturba, a alma fica aliviada, serena, tranquila. Parece até que o corpo todo, principalmente a cabeça e os olhos dos pés viajam por rincões que pareciam escondidos. Não posso deserdar, em face de ter colocado tudo no nome de uma moça fantasma, digo fantástica que não pode aparecer, a não ser na hora do café, do almoço e do jantar. Kikikikikikikikikikikikik... ela ama usar esse kikiki. Fico brabo quando ela escreve kikiki, mas se eu a tirar do sério, é bem possível que não só me deserde, como também pode querer cortar a minha pensão mensal. Sem a pensão mensal, ficarei sem poder pagar a pensão onde moro. Penso também numa filha que vive no interior de São Paulo e me botou na justiça. Como vivo igual a um orangotango pulando de galho em galho, gostei da ideia de ser um e adotei o nome de Borges. Talvez, quem não goste muito da ideia, seja o meu amigo Veríssimo. Pode pensar, ou imaginar, que estou de sacanagem com a obra dele, por sinal, bem orangotanguesta. No mesmo chute nas batatinhas do Epitáfio Surubebo (aquele personagem do Cabral) se eu doar tudo o que (repetindo, não tenho) para uma instituição que cuida de animais, certamente os beneficiados ficarão pê da vida. Cachorros, gatos, elefantes, galinhas, patos, marrecos e hienas, agora também os orangotangos, toda essa galera ficaria a ver navios, pois até onde sei, esses personagens não possuem documentos. Eu poderia ser tachado como louco, por fazer doações a quem não tem personalidade jurídica conhecida. Apesar de uma amiga minha, a eterna Nélida Piñon, ter doado seus quatro apartamentos de luxo na bucólica Lagoa Rodrigo de Freitas, lá no Rio de Janeiro e todos os direitos autoras de seus livros para suas cachorras. Até onde sei, as dondocas (por sinal umas gracinhas) estraram na justiça, cada uma com um advogado especialista em desejos caninos, uma vez que a pinscher de 13 anos, conhecida no prédio, como Suzy, quer morar na cobertura e a irmãzinha dela, a chihuahua Pilara, não se conformar em ficar com o apê do oitavo andar. Os outros dois apartamentos, um no segundo andar e um outro no quinto, também estarem arrolados na discussão. Pilara leu todos os livros de Nélida e Suzy, até agora, terminou de ler somente “A camisa do marido.” A camisa do marido, personagem do livro, bem entendido. Ela prefere ficar jogando no celular e olhando o Cristo Redentor. Obrigado por ter se lembrado de mim. Saúde, graça e PAZ!
    Aparecido Raimundo de Souza, de Vila Velha ES

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  3. Rogério, Claudio, André, são todos farinha do mesmo saco. Se merecem. Rogério vive de promessas, sobrevive de golpes e falcatruas. Fala pelo rabo que o homem só deve ter uma palavra, ou seja, 'a palavra de um homem de bem não deve fazer curva.' O cara de pau é o que mais faz curva em suas palavras e ações. Não tem nada no nome. Usa os "laranjas", entre eles o Apa. Claudio, por seu turno, é o único santo. Deu um tombo na própria mãe, dona Ana (que Deus a tenha). O infeliz do Claudio comprou um carro no nome dela, não pagou e dona Ana, todo mês ficava sem o valor das prestações. A importância vinha descontada em seu holerite de pagamento. Ela trabalhou a vida toda no INSS e por conta teve que assumir as prestações de um carro que nunca usou. Nem carteira tinha, coitada! Sem falar, mas já o fazendo, ele (ainda sobre o Claudio) o bom vivam e a esposa, quando iam à casa de dona Ana, roubavam as coisas dela, tipo roupas, sapatos, pratos e talheres. Hoje essa desgraça mora na Bahia e ocupa um cargo de 'Conselheiro tutelar.' Deve dar bons conselhos. Até onde sei, a filha dele, a Carol precisou entrar na justiça pelo fato que o pai (só lembrando, o Claudio) queria lhe tomar o apartamento deixado pela avó dela, não dona Ana, mas a mãe da primeira esposa de Claudio. Quanto ao André esse dispensa comentários. Fuma tudo o que vê pela frente. Móveis, carros, motos, dinheiro. Magro feito um palito de quinta categoria, quem o vê tem a impressão de que o cara quer fazer um regime básico para se deitar na agulha e se cobrir com a linha. Vive nas drogas. Resumindo: Claudio, André e Rogério formam o trio negro da família. O texto acima veio bem a calhar. Meu medo é que o André fume o texto.
    Carina Bratt, de Vila Velha no Espírito Santo.

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