terça-feira, 9 de abril de 2024

[Aparecido rasga o verbo] Prevalece sempre uma estranha medida do que não vemos

Aparecido Raimundo de Souza 

EM UM MUNDO complexo, bicudo, escuro e dissimilado, bem ainda sem trancas, chaves e porteiras, onde impera a desordem, a balbúrdia, a putaria, a ladroagem, a roubalheira implacável , onde, em paralelo , os nossos representes na tal “capital do país” (por nós escolhidos (escolhidos??!!) em todas as instâncias), se vendem; se mercadejam; se barganham; pelo dinheiro fácil; pelo vil metal; pelo prestígio; pela  troca de favores e fama... onde as leis brasileiras se fazem inoperantes temerárias e corruptas; igualmente onde juízes e promotores trocados por palhaços de circos mambembes fazem mais sucesso; tudo englobado num só bolo; nos leva a concluir que um amontoado de merda fala mais alto. Essas infâmias às vezes gritam, berram e latem, chegando a corromper todos os demais valores atribuídos ao tangível, ou ao imensurável. 

Na verdade, existe um reino de veados e rinocerontes, onças e leopardos que escapam aos nossos sentidos. Às vezes, por conta dessas falhas, temos vontade de fazer um pacote bem feito e mandar tudo para a casa do caralho, via Sedex, ou, via idêntica, torcer para que o brazzzil vá ainda mais além de onde está metido até as pregas: em outras palavras , para a puta que o pariu. É o que cognominaríamos do espetaculoso, atrativo e elegante  “chamado-domínio-coletivo,” em face das mumunhas que vemos sem ver, que sentimos sem sentir, ou aquilo que temos diante de nossas faces de bobocas e otários , qual seja, uma dimensão do tamanho do universo, onde o tempo se dobra e o espaço se expande além da nossa vã e vazia compreensão. Nesse tom negro, aquilo que deveríamos entender como “Compreensão,’ não passa de uma palavra vazia. 

Pois bem, amados e amadas. Nas ruas e praças, cidades e “pela-aí-à-fora,” entre o barulho e a pressa, há sussurros de histórias e feitos não contadas. São os segredos escondidos por debaixo dos tapetes dos puteiros dos senadores, dos covis dos deputados e governadores, dos inferninhos dos ministros intocáveis e impolutos, dos charlatões e “mamadores” dos mirrados salários dos desmilinguidos, obviamente (não necessariamente nessa ordem), usque dos sem casa, dos pobres e sem a consciência sadia de um amanhã venturoso e duradouro. Essa corja de ratos e vermes, de lacraias e escorpiões, são os verdadeiros “reis do pedaço.” Os cânceres e donos da carne seca, ou percebam, os flibusteiros que proclamam e espalham aos quatro cantos, um “estado democrático de direito,” uma frase feita em camas e alcovas bem pagas, dos motéis e que, infelizmente, só existe nas cabeças impuras de um punhado de espertalhões que se posam de Soberanos.

 Potestades de bosta, bem sabemos. Senhores “coelhos da páscoa,” onipotentes de titica, de safardanas, de ratos de esgoto. Esses segredos são todos aqueles guardados a sete chaves. Mesmo norte, os sonhos enfurnados em cofres com segredos guardados em bancos com agências em paraísos fiscais. Os “poderosos” mandam para o ralo as nossas esperanças. Enfim, grosso modo, sem tirar nem pôr, fica bailando no ar tudo o que simplesmente flutua invisível ao sabor ameno de um vento como partículas de poeiras queimando ao sol. A medida do que não vemos não se encontra em escalas ou em números. Contudo fervilham, pululam, saltam, das profundidades do acaso, como aquelas doenças incuráveis que todos sentimos tipo as ausências pesadas e densas do que nunca foi visto, sentido ou imaginado. É o preço alto que pagamos pelo silêncio dos inocentes (lembrando, nós somos esses inocentes) após uma indagação não respondida, ou “escrevinhada” de maneira mais vasta , é a distância entre duas almas divorciadas que nunca se encontraram. 

Neste poço imensurável, a imaginação é a única ferramenta que possuímos. Ela nos permite pintar de cores as mais variadas e vibrantes nas telas em branco das incertezas, ao tempo em que nos concede dançar ao som de músicas malucas e destoadas de uma banda de “desbundados-doidos” e sem juízo algum em suas cacholas , via idêntica , a escrever livros e jornais, compêndios e ensaios que nunca foram ou jamais serão abertos. Enquanto caminhamos sem norte, sem porto, sem bússola, pelas estradas e trilhas da vida, vegetamos à esmo, ou a bel prazer de teorias truncadas tentando decifrar o “enigma-enigmático” do invisível. Oxalá, talvez descubramos, ou cheguemos a conclusão que os verdadeiros valores residem não no que podemos medir, porém, nas trolhas, ou nos cacetes que sentimos entrando nos regos de nossas bundas. Ainda que não vejamos o amor, a compaixão, a bondade, o amanhã, tais atrativos são, de fato as verdadeiras medidas do que colocaram nas nossas cabeças, com o nome bonito e pomposo, chamativo e eletrizante e pasmem, senhoras e senhores: H U M A N I D A D E.   

Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Vila Velha, no Espírito Santo, 9-4-2024 

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