sábado, 27 de abril de 2024

[Versos de través] Soneto do maior amor

Vinicius de Moraes

Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.

Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.


Vinicius de Moraes, Oxford, 1938

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