sábado, 30 de março de 2024

[Versos de través] Soneto do amor total

Vinicius de Moraes 

Amo-te tanto, meu amor… não cante 
O humano coração com mais verdade… 
Amo-te como amigo e como amante 
Numa sempre diversa realidade 

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em ter corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.


Vinicius de Moraes, Rio de Janeiro, 1951

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Os Três Mal-Amados 
Último Poema 
Versos íntimos 
Quanto tempo para o intervalo 
A Gilberto Freyre

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