Humberto Pinho da Silva
Conta D. Francisco Manuel de Melo que, caminhando,
em frigidíssimo dia, por terras de Espanha, abrigou-se a estalagem, em que a
dona e suas filhas escutavam a leitura de novela e, tão enredadas estavam que,
apesar dos rogos, não foram capazes de o atender, indo hospedar-se noutra
pousada.
Vejamos o que diz o escritor do século XVII acerca
das meninas embebidas na apaixonante novela: "Poucos dias depois as
novelas foram tanto adiante, que cada uma das filhas daquela estalajadeira
fizeram sua novela, fugindo com seu mancebo do lugar, como boas aprendizes da
doutrina que tão bem estudaram".
Se simples leitura de novela de amor causou tal
desventura, o que pensar das telenovelas de certos canais de televisão,
transmitidas em nobres horários, a cores, com cenas degradadas; com sexo quase
explícito, excitando impulsos de mocinhas e mancebos; mostrando episódios
promíscuos, abundantes de meninas de papá, a "transar" com o primeiro
rapazinho que deparam, ou o namorado que mal conhecem?
Acérrimas críticas surgem a cada passo, na
imprensa, de educadores e pedagogos, principalmente no Brasil, censurando
asperamente o desplante de projetarem cenas asquerosas, recheadas de diabólicas
intrigas e inauditos procedimentos.
Existem carradas de razão para tanta repulsa, mas, a meu ver, não são as cenas de nudez – que espevitam impulsos naturais – o maior mal, já que as imagens são tão frequentes na mass-media, que quase não chocam, mas, sim, a peçonha das ideias liberais que pretendem inculcar; os conceitos, as atitudes aviltantes; e, a linguagem de bordel, travada em íntimos encontros familiares, como se fosse o retrato, a imagem da vida atual da família brasileira.
Dir-me-ão: mostram a realidade. (Será?). Abordar
temas que preocupam a coletividade não é a missão da telenovela? Ser o espelho
da sociedade?
Pergunto ao leitor atento: Não será o contrário, a
sociedade o espelho da telenovela?
Porque, voluntária ou involuntariamente, difundem
a moda, a maneira de pensar, o comportamento e a linguagem do povo, que tudo
copia, abraça e imita.
Para finalizar, pergunto ainda: Não serão os meios
de comunicação social, os principais responsáveis pelo – parecer, degradação
dos costumes, desagregação da família, e ainda a ausência de pejo e decoro de
muita juventude?
Creio que sim. Se o leitor costuma refletir, não
deixará de ponderar sobre os enredos das telenovelas, que deviam e podiam ser
excelentes meios de difusão de cultura e formação moral e cívica dos cidadãos,
mas não são.
Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, março
de 2024
Se queremos paz, eduque-se cristãmente os jovens
Mentirinha não faz mal a ninguém
Desvio ou ladrão?
Uma bela lição de Voltaire
Convívio ou hereditariedade?
Meu nome começa com a letra A. Se não acertar com essa dica que eu dei, lhe darei uma canetada e morraes (rá) com a minha picada.
ResponderExcluirAparecido Raimundo de Souza
do Aeroporto Internacional de Viracopos, Campinas, São Paulo