quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

[Daqui e Dali] Convívio ou hereditariedade?

Humberto Pinho da Silva

Disse, com razão, em 1871, Ramalho Ortigão, in "As Farpas”, que “Metade daquilo que alemos moralmente e intelectualmente, devemos aos contactos às sugestões dos indivíduos que nos tem rodeado através da existência. É esta uma divida que poucos se lembram de pagar, reconhecendo com veneração os benefícios da amizade."

Na verdade, poucos reconhecem que o desenvolvimento intelectual, as opiniões, o caráter é, quase sempre, motivado pelo convívio que se teve desde criança.

Primeiro com os pais e avós. Depois, parentes e amigos, que frequentaram e frequentam a nossa casa.

Aprende-se pelo estudo, lendo e ouvindo e, por osmose, diria até que é a osmose que molda o homem.

O filho do político, naturalmente torna-se  semelhante ao pai, pelo convívio, e o mesmo acontece ao filho do médico ou do advogado. Chama-se vocação, o que é, muitas vezes, efeito do convívio.

Pais tementes a Deus, que rezam em família e frequentam o templo, têm mais possibilidade de terem filhos que sigam a vida religiosa, do que os indiferentes ou agnósticos.

Embora o convívio seja essencial para o desenvolvimento do ser humano, deve-se reconhecer a importância da hereditariedade. Exemplo disso é a notável família Strauss, assim como a de Bach, Beethoven, Mozart, Murilo, Darwin, a família de Francisco Bacon e a de Galileu, entre outras.

O pai da Eugenia, Sir Francis Galton, afirmou que a inteligência da criança não depende só dos progenitores, pois pode vir dos avós e bisavós ou de antepassados mais remotos.

Pode-se conseguir superdotados, da mesma forma como se faz com animais e plantas.

Está confirmado que crianças de famílias cujos pais são intelectualmente desenvolvidos, têm mais probabilidade de terem melhor sucesso nos estudos.

Será devido à hereditariedade ou ao convívio? Há muita controversa sobre o assunto, mas o convívio influencia muito. Disso não tenho dúvidas.

Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, janeiro de 2024

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