terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Uma revolução de camponeses no século XXI


Paulo Hasse Paixão

Enquanto estas linhas são escritas, dezenas de milhar de tratores bloqueiam ruas de centros urbanos e artérias fundamentais de vários países na Europa. Em Bruxelas e em Paris, os agricultores chegaram durante a madrugada para serem de pronto cercados pela polícia. A maior parte deles dormiram nas suas cabinas. Alguns montam churrascos ao ar livre enquanto bebem umas cervejas. 

De forma algo ingénua, fazem declarações indignadas à imprensa corporativa, que os trata como nazis, e ao mesmo tempo que despejam estrume à entrada de edifícios governamentais e apupam os poucos políticos liberais que têm a coragem de comparecer nos seus improvisados comícios, esperam sinceramente que as elites no poder ouçam as suas queixas e aliviem os seus fardos e acreditam convictamente que os protagonistas do populismo institucionalizado façam mais do que utilizá-los como adereços da narrativa dissidente.

A quantidade de equívocos em que mergulham é imensa, mas a sua inocência é tocante. E o poder real que congregam é assustador para muitos dos intérpretes do dirigismo político contemporâneo.

(…)

O Contra não tende a considerar plausível a hipótese de uma alteração revolucionária, de carácter violento e abrupto, por parte das massas. Mas, por outro lado, não coloca de parte que a reação das elites à rejeição popular das suas políticas seja feroz e, a cada momento, mais opressora.

Devemos estar preparados para isso. E resistir a tentações jacobinas. A revolta campesina do século XXI, ou outra de carácter populista que possa emergir, não pode ter como modelo movimentos congéneres de outros séculos, porque nós, no Ocidente, não fomos educados nem estamos mental ou materialmente equipados para essas agruras e essas tragédias e esses sacrifícios. E porque devemos manter uma posição moral consistente com os nossos valores ideológicos e espirituais, independentemente do niilismo dos nossos inimigos.

A referência ética para uma revolução decisiva, pacífica e holística é, porém, a de sempre. Encontra-se na história que é por quatro vezes contada, no Novo Testamento.

Continue lendo no » ContraCultura

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-