terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Lula e o antissemitismo

Henrique Korman, liderança na comunidade jovem judaica do Rio de Janeiro, condena o presidente Lula e reclama da falta de políticas de combate ao antissemitismo

Memorial do Holocausto, Botafogo, Rio de Janeiro

O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”.

Esta declaração foi feita pelo Presidente Lula em 18 de fevereiro de 2024. Um posicionamento que carrega em si muitas camadas de inverdades e, sobretudo, escancara, infelizmente, uma faceta antissemita do Presidente da República.

Afinal, comparar os acontecimentos da guerra atual entre Israel e Gaza e o regime nazista não é só uma comparação esdrúxula, é banalizar um acontecimento incomparável como o holocausto. É, portanto, minimizar que, naquele momento, mais de 6 milhões de judeus foram perseguidos e tiveram suas vidas destruídas apenas por serem quem são. Isso tudo como política de Estado, com preconceito e ódio a esse grupo como pilares básicos. Algo que nunca aconteceu na história – e que faremos de tudo para que não aconteça novamente.

Assim, quando Lula faz essa comparação incabível, ele distorce esses acontecimentos e desrespeita a história de tantos descendentes daqueles que sofreram nas mãos de Hitler. Muitos desses – cerca de 200 mil – vieram para o Brasil em busca de segurança e de respeito às suas identidades, como foi o caso da minha família.

É importante ressaltar que a guerra atual entre Israel e o Hamas tenha seu espaço no debate público. Que as vítimas desse conflito sejam respeitadas, os sequestrados israelenses sejam libertados e a paz seja estabelecida urgentemente.

No entanto, este cenário duro e complexo não deve servir de pretexto para comentários infundados e desrespeitosos como os feitos por Lula, especialmente por ele ser o Chefe de Estado, responsável por representar mais de 200 milhões de brasileiros.

As consequências desse pronunciamento são graves, como evidenciado pela reação do governo israelense, que considerou Lula persona non grata, e pelo apoio do grupo terrorista Hamas à manifestação do Presidente. No mais, não estamos falando de assunto em extinção. Os casos de antissemitismo, segundo levantamento da Confederação Israelita Brasileira (CONIB), aumentaram mais de 960% no último ano. O ocorrido recentemente em Arraial d’ Ajuda, em que uma judia foi agredida, não deixa mentir: esse é um comportamento que só cresce na sociedade brasileira.

Por que nenhum representante do governo se pronunciou veementemente contra o antissemitismo? Por que Lula permanece calado diante desse problema?

Em resumo, diante desses eventos, parece claro que Lula não apenas não se preocupa com o antissemitismo, mas também está disposto a intensificá-lo, se necessário, para alcançar seus objetivos políticos.

Título e Texto: Henrique Korman, Graduando em Direito pela FGV-Rio com formação complementar em Ciências Sociais pelo CPDOC, Diário do Rio, 19-2-2024

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