Telmo Azevedo Fernandes
A gritaria e choro convulso a propósito da apresentação por Pedro Passos Coelho de um livro sobre temas ligados à família parece uma versão ligeiramente mais moderada da reacção fanática e ensandecida à publicação no final dos anos 80 do “Versículos Satânicos” de Salman Rushdie.
À porta da livraria lisboeta
estiveram até manifestantes de cara tapada enfurecidos com a blasfémia que o
livro apresentado por Passos supostamente representa. Estes chanfrados foram
travados pela polícia de colocarem em causa a segurança dos presentes na sala.
Já nas televisões assistimos em direto à apoplexia da cangalhada comentadeira, furiosa pela heresia de Passos Coelho não ter vergonha de dizer em público aquilo que pensa pela sua própria cabeça, algo inconcebível para invertebrados subservientes a agendas ideológicas distópicas.
Como seria de esperar, a esquerda rafeira protestou o mais que pode e curiosamente alguma esquerda da direita, incluindo destacados elementos do PSD e da Iniciativa Liberal, fizeram questão de se demarcar dos comentários políticos que Pedro Passos Coelho aproveitou para fazer na ocasião.
Para além do folclore das reações
ridículas há, portanto, uma leitura política a se fazer de tudo isto,
nomeadamente para o espaço da Direita. Muita gente no PSD ainda não percebeu a
razão de terem tido um resultado eleitoral magríssimo e do Chega ter tido um
crescimento gigante. É que várias das bandeiras que o Chega levanta são
preocupações e assuntos que interessam muito a uma camada significativa da
população. O Chega deu voz a esse eleitorado que foi totalmente esquecido pela
restante Direita.
Mas as «linhas vermelhas»
não foram só ineficazes. Foram sobretudo contraproducentes. Em vez de o PSD
integrar esses temas no seu discurso político e dar maior consistência e
racionalidade à análise de questões como a defesa da família, os malefícios da
ideologia de género, os problemas da imigração, o PSD deixou esse debate
político exclusivamente ao Chega.
Seria, portanto, suicida e uma
estupidez que os dirigentes do PSD deixassem passar a ideia de que o seu
partido pretende reincidir no erro, ainda mais grave, que é o de criar um
cordão sanitário, uma nova «linha vermelha» agora em relação a Pedro
Passos Coelho.
A peixeirada que a Esquerda
faz sempre que Passos Coelho fala tem um objetivo: impedir que o PSD cresça e
passe também a tratar dos temas que deram votos ao Chega. Se o PSD cair
novamente nesta armadilha da Esquerda, então, efetivamente, não serve para
nada.
A minha crónica-vídeo de
hoje, aqui:
Título, Texto e Vídeo: Telmo
Azevedo Fernandes, Blasfémias,
10-4-2024
"Identidade e Família": Passos Coelho revê-se em "muitas das perspetivas" de livro polémico
Abrunhosa e Capicua atacam livro 'Identidade e Família' apresentado por Passos Coelho
Raiva
ResponderExcluirA ditadura ideológica que vigora na política e nos meios de comunicação parece ter escolhido Pedro Passos Coelho como alvo permanente.
No início da semana, uma singela apresentação do livro "Identidade e Família", em que o antigo primeiro-ministro foi o orador principal, provocou reações destemperadas por parte de uma brigada furiosa de "pides" do pensamento.
Passos Coelho limitou-se, na sua intervenção, a alertar para a "destruição da família" tradicional e os perigos da "ideologia de gênero", aduzindo argumentos contra o aborto e a eutanásia.
O que ele foi dizer!
Logo se encarniçaram as carpideiras do marxismo-leninismo, com o chefe do PS à cabeça. "Assustador", extrema-direita", "regresso ao passado" – acusaram com raiva.
Está visto: o homem já não tem direito a defender as suas ideias.
Pedro Passos Coelho já quase nem precisa de abrir a boca. Basta assomar à ribalta para a esquerda entrar em transe psicodélico e desatar a espumar da boca, como aconteceu esta semana a propósito da inocente apresentação de um livro.
ExcluirComentários do Semanário 'O Diabo', nº 2467, 12 de abril de 2024