quinta-feira, 11 de abril de 2024

Linhas vermelhas a Passos Coelho

Telmo Azevedo Fernandes

A gritaria e choro convulso a propósito da apresentação por Pedro Passos Coelho de um livro sobre temas ligados à família parece uma versão ligeiramente mais moderada da reacção fanática e ensandecida à publicação no final dos anos 80 do “Versículos Satânicos” de Salman Rushdie.

À porta da livraria lisboeta estiveram até manifestantes de cara tapada enfurecidos com a blasfémia que o livro apresentado por Passos supostamente representa. Estes chanfrados foram travados pela polícia de colocarem em causa a segurança dos presentes na sala.

Já nas televisões assistimos em direto à apoplexia da cangalhada comentadeira, furiosa pela heresia de Passos Coelho não ter vergonha de dizer em público aquilo que pensa pela sua própria cabeça, algo inconcebível para invertebrados subservientes a agendas ideológicas distópicas.

Como seria de esperar, a esquerda rafeira protestou o mais que pode e curiosamente alguma esquerda da direita, incluindo destacados elementos do PSD e da Iniciativa Liberal, fizeram questão de se demarcar dos comentários políticos que Pedro Passos Coelho aproveitou para fazer na ocasião.

Para além do folclore das reações ridículas há, portanto, uma leitura política a se fazer de tudo isto, nomeadamente para o espaço da Direita. Muita gente no PSD ainda não percebeu a razão de terem tido um resultado eleitoral magríssimo e do Chega ter tido um crescimento gigante. É que várias das bandeiras que o Chega levanta são preocupações e assuntos que interessam muito a uma camada significativa da população. O Chega deu voz a esse eleitorado que foi totalmente esquecido pela restante Direita.

Mas as «linhas vermelhas» não foram só ineficazes. Foram sobretudo contraproducentes. Em vez de o PSD integrar esses temas no seu discurso político e dar maior consistência e racionalidade à análise de questões como a defesa da família, os malefícios da ideologia de género, os problemas da imigração, o PSD deixou esse debate político exclusivamente ao Chega.

Seria, portanto, suicida e uma estupidez que os dirigentes do PSD deixassem passar a ideia de que o seu partido pretende reincidir no erro, ainda mais grave, que é o de criar um cordão sanitário, uma nova «linha vermelha» agora em relação a Pedro Passos Coelho.

A peixeirada que a Esquerda faz sempre que Passos Coelho fala tem um objetivo: impedir que o PSD cresça e passe também a tratar dos temas que deram votos ao Chega. Se o PSD cair novamente nesta armadilha da Esquerda, então, efetivamente, não serve para nada.

A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:

Título, Texto e Vídeo: Telmo Azevedo Fernandes, Blasfémias, 10-4-2024

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2 comentários:

  1. Raiva
    A ditadura ideológica que vigora na política e nos meios de comunicação parece ter escolhido Pedro Passos Coelho como alvo permanente.
    No início da semana, uma singela apresentação do livro "Identidade e Família", em que o antigo primeiro-ministro foi o orador principal, provocou reações destemperadas por parte de uma brigada furiosa de "pides" do pensamento.
    Passos Coelho limitou-se, na sua intervenção, a alertar para a "destruição da família" tradicional e os perigos da "ideologia de gênero", aduzindo argumentos contra o aborto e a eutanásia.
    O que ele foi dizer!
    Logo se encarniçaram as carpideiras do marxismo-leninismo, com o chefe do PS à cabeça. "Assustador", extrema-direita", "regresso ao passado" – acusaram com raiva.
    Está visto: o homem já não tem direito a defender as suas ideias.

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    1. Pedro Passos Coelho já quase nem precisa de abrir a boca. Basta assomar à ribalta para a esquerda entrar em transe psicodélico e desatar a espumar da boca, como aconteceu esta semana a propósito da inocente apresentação de um livro.

      Comentários do Semanário 'O Diabo', nº 2467, 12 de abril de 2024

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