Brancos e nulos sem influência nas presidenciais
Fernando Madaíl
Brancos e nulos não contam para o apuramento do vencedor nas presidenciais, pois não são considerados votos validamente expressos - embora tenham significado e, se atingirem percentagem relevante, exijam leitura política.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) divulgou uma nota oficiosa sobre o apelo ao voto em branco que tem circulado na Internet e que " induz os cidadãos em erro, na medida em que afirma que, se for obtida uma percentagem maioritária de votos em branco", a eleição do Presidente da República "será anulada".
De acordo com a legislação, "será sempre eleito, à primeira ou à segunda volta, o candidato que tiver mais de metade dos votos expressos, qualquer que seja o número de votos brancos ou nulos", esclarece a CNE.

O Supremo Tribunal de Justiça fixou doutrina nesta matéria desde as primeiras eleições presidenciais, sendo secundado pelo Secretariado Técnico dos Assuntos para o Processo Eleitoral (STAPE). Como "eleger é escolher", "o eleitor que votava em branco, ao recusar--se a fazer a escolha entre os diversos candidatos, não elegia nenhum deles, antes se limitava a depositar nas urnas um mero papel sem significado jurídico, pela impossibilidade, em termos de escrutínio, de se vir a recolher qual a sua vontade expressa". Na época, a CNE sustentava o oposto, pois "o voto em branco era um voto que de forma alguma podia ser considerado menos expressivo da vontade do eleitor", já que "constituía o exercício do direito e dever cívico de votar, apesar de não pretender o eleitor optar por qualquer dos candidatos que se apresentavam ao sufrágio". O diferendo foi ultrapassado na revisão constitucional de 1982, sendo consagrado numa alteração introduzida na lei.
Mas, diz o porta-voz da CNE Nuno Godinho de Matos, mesmo "sem expressão jurídico-formal, o voto branco é tão respeitável como o voto no candidato X ou Y".
Nas legislativas de 2005 houve 1,80% de brancos e 1,14% de nulos - isto é, quase metade dos eleitores do BE e bem mais que a soma dos resultados de todos os concorrentes sem representação parlamentar (MRPP, PND, PH, PNR, POUS e PDA). Nas presidenciais de 1991 (recandidatura de Soares), só os brancos foram 2%. E nas de 1980 houve mais brancos do que os votos de Aires Rodrigues e quase tantos nulos como os expressos em Pires Veloso ou em Galvão de Melo.
Fernando Madaíl, Diário de Notícias, 11-12-2010
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