sábado, 15 de outubro de 2011

“Controle social da imprensa” e totalitarismo psicótico


Valfrido M. Chaves
Nada insulta e provoca mais ódios a quem cultiva sentimentos de poder ilimitado do que a discordância e divergência sobre suas verdades e desejos. Sabe-se haver indivíduos, grupos e instituições adoecidos pela onipotência, ou que a compartilham em suas patologias. Tal sentimento ou delírio, leitor, têm como fundamento uma auto percepção de que a tudo podem e de que tudo o que os contrarie não deva existir, é “a-histórico”, contra a humanidade. Isso posto, torna-se fácil compreender o quanto a diversidade de opinião e, portanto, a liberdade de imprensa incomoda nossos caciques e aprendizes de totalitarismo, sejam eles indivíduos, grupos, partidos e suas militâncias. Lembremos que totalitarismo seria um todo-poderoso, homogêneo e sem divergências, que a tudo se permite pela causa.
Mas ninguém acorda, leitor, espreguiça e diz: eu vou ser Stalin, eu vou ser Hitler, Pol Pot, (todos paranóicos de livro!) hoje vou matar tantos judeus, comunistas, democratas ou reacionários. Há uma personalidade psicótica paranóide estruturada naqueles que não concebem a divergência e reagem com a mais absoluta indignação e ira diante dela. Mas a pessoa não pode sair, com borduna, punhal ou metralhadora simplesmente eliminando “o diferente”. Ele tem que criar uma ideologia ou aderir a uma já existente, que o permita exercitar sobre o mundo sua paranóia. Os socialismos hitleriano e o marxista-leninista, vulgarmente chamado comunista, foram exemplos perfeitos de ideários intolerantes e onipotentes, isto é, que a tudo se permitiram no exercício dessa intolerância. É óbvio que não se tratava de uma intolerância pela intolerância, mas pela não aceitação da divergência sobre dois pontos estruturantes dessas ideologias. Um, a eliminação da contaminação racial da humanidade e, outro, abolição da propriedade privada dos meios de produção. O nazismo prometeu uma série de “malvadezas”, crimes e as executou, até ser varrido na Segunda Guerra. O socialismo comunista nasceu com promessas e teses politicamente corretas, como “Paz, pão e terra”, se estabelecendo no Leste Europeu e Ásia pela força das armas (“O fuzil é a parteira da História”- Mao Tsé Tung). Fracassou no Leste Europeu, enquanto a China transformou-se em Economia de Mercado, nela restabelecendo a antes famigerada propriedade privada. Na América Latina, Fidel Castro, na sua onipotência, profetiza que “recuperaremos na América Latina o que perdemos no Leste Europeu”, enquanto partidos que rezam pela cartilha marxista-leninista conseguem o poder em eleições democráticas, como no Brasil. Deram esse passo beneficiando-se das mesmas condições atuais de nossa liberdade de imprensa. Mas, no poder, tais condições já não os satisfazem e estão obcecados pelo “controle social da mídia”, fantasma esse que, no PNDH-3, mostrou sua face. O objetivo prático é a manutenção do poder, pois a história não registra exemplo em que os adeptos dessa ideologia aceitem a rotatividade do poder. Inibidos pela reação da sociedade, voltam à carga com palavras politicamente corretas contra “os donos dos jornais”. É o caso de perguntar: porque não demandam “controle social” sobre os mensalões, formação de caixa-2 e “recursos não contabilizados”, como disse o Delúbio? Ou sobre a corrupção nos Incras, o abandono dos assentamentos, ou os recursos públicos e externos usados para violação de direitos constitucionais do homem do campo? O que fica claro, leitor, no exercício da liberdade de imprensa, é que não são seus erros e excessos que tanto incomodam os onipotentes no poder mas, simplesmente, sua exata função: informar, trazer à luz os podres que medram nos subterrâneos palacianos, quer burgueses ou ditos populares. E que assim continue, com o ranger dos dentes da corrupção impune e do totalitarismo paranóico.
Título e Texto: Valfrido M. Chaves, Psicanalista, Pantaneiro

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