Valfrido M. Chaves
As muito ricas
horas do Duque de Berry.
Pintura dos Irmãos Limbourg.
|
Sabe-se que na Idade Média,
onde o Feudo era a unidade econômica, social e política de uma região, o poder
era conquistado e garantido a ferro e fogo. Alcançado o poder, através do saque
ou de impostos, os senhores feudais adquiriam a riqueza, representada por
posses e pelo dito “vil metal”, o ouro. No contexto feudal surgiu o “Burgos”, a
vila, a cidade, o “burguês”, daí se chegando a um universo econômico que
chamamos de “Capitalista”, onde os meios de produção são propriedade
particular, ou privada. Ao contrário do mundo feudal, no mundo capitalista o
poder é conquistado após o acesso à riqueza. Mas tudo é verdade até certo
ponto, pois, em todo o mundo, grande parte da riqueza das famílias é
conquistada “à sombra do poder estatal”, o que poderíamos ver como uma herança
do feudalismo no sistema capitalista. Os comunistas brasileiros, há décadas
passadas, teorizavam sobre “o feudalismo” no campo e que a economia urbana,
portanto capitalista, faria da economia rural a sua “colônia” que alimentaria a
economia das cidades. Tais idéias se baseavam num dogma (e comunista só é menos
dogmático que o Papa), o de que uma economia capitalista só funciona se tem uma
colônia para sugar. Mas o campo brasileiro prosperou, não só negando o
chiquérrimo besteirol marxista da época, como se transformou no carro-chefe de
uma economia sustentável voltada para os mercados externo e interno. Girando o
mundo, num Brasil onde a economia particular mostra serviços e fôlego para
muito futuro, partidos políticos impregnados daquela ideologia marxista
fracassada como profetiza, promotora de justiça, prosperidade e liberdade,
chega ao poder central da República. Tal meta foi atingida após uma pertinaz,
massiva e eficiente campanha através da qual a maioria da população acreditou
que pouco prestava na condução dos destinos da nação, sobretudo na economia. Na
república popular, entretanto, a “herança maldita” revelou-se um “céu de
brigadeiro”, até agora não modificada e onde a prosperidade do agro-negócio
contrasta com o abandono e corrupção que envolve assentamentos e a dita reforma
agrária. Valeria até dizer aquele ditado: “A boca falou, o c. pagou”, sim
senhor! Mas fato é leitor, que grande parte dos quadros de liderança dos partidos
ditos socialistas e comunistas no poder, participou da luta armada contra o
regime militar, mas, até hoje, nunca mostraram um documento sequer em que
tivessem definido como objetivo o restabelecimento democrático da Nação. O
objetivo era ideológico, ou seja, substituição do regime militar por um regime
totalitário, coisa da qual fui testemunha nos anos 60, e do que falarei
futuramente. Mas o que até aqui está posto, leitor, é para apontar para a
grande ironia do que se passa em nosso momento político, que é alto grau de
reacionarismo da orientação política dos socialistas no poder, que é
reinstalar, com todas as letras, um aspecto essencial do feudalismo:
instalar-se no poder para saquear o dinheiro público e, portanto, a sociedade.
Para bolsos particulares, de ONGs ou caixa dos Partidos: o mecanismo é feudal,
pois é o uso do poder para meter a mão. Por isso tá caindo o quinto Ministro,
graças às denúncias da Imprensa, que parece mais competente que os órgãos de
informação do Estado. Por essa e por outras, reinstalou-se o poder feudal no
Brasil ou, como já se diz, o sistema das capitanias hereditárias, onde o
Capitão a tudo pode, menos ser pego com a mão na cumbuca, é claro. Aí dança.
Quantos ainda dançarão?
Título e Texto: Valfrido M.
Chaves, Psicanalista, 30-10-2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-