João César das Neves
Na quinta-feira passada a
declaração do Primeiro-ministro sobre o Orçamento foi um grande choque. Quando
acabou parece que o país ficou suspenso alguns segundos, sem saber o que dizer.
Logo a seguir recuperou o fôlego e as palavras jorraram. «Estado de emergência
social», «choque brutal», «austeridade a sério» foram expressões sucessivamente
repetidas.
No sábado o silêncio de
quinta-feira explodiu em indignação em várias cidades, aliás seguindo o exemplo
de outros países, com tumultos que diziam representar a democracia. As palavras
de ordem foram muitas e os espíritos andaram exaltados. Faltou a única coisa
que faria sentido aqui: uma alternativa.
Ouviram-se acusações,
indignação e insultos, culpados e análises. Muitos explicaram teorias e
apontaram os terríveis inconvenientes das medidas na nossa vida: estagnação
económica, desemprego, falências, vasto drama social. Todos têm razão. O
problema é que ninguém, da oposição aos oradores improvisados e analistas de
café, apresentou com credibilidade mínima aquilo que se deveria fazer em vez da
austeridade.
Todos vivemos por cá nos
últimos anos e seguimos a loucura que nos trouxe a este estado. Sabemos porque
razão os cortes, apertos e privações nos acompanharão no futuro previsível.
Quando o sistema anda mal, não vale a pena gastar esforços a protestar. Temos é
de imaginar soluções para sair da dificuldade, cada um pelo seu lado. Em vez de
perder tempo a procurar culpados, é preciso enfrentar os problemas com
filosofia. Aquela filosofia que José Sócrates anda estudar em Paris.
Título e Texto: João César das Neves, Destak, 20-10-2011
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