quinta-feira, 20 de outubro de 2011

E como vamos, na cidade e no mundo...


Jorge Curvello
Chega uma hora em que nossos olhos cansam de olhar para as notícias e a nossa mente cansa de tentar entender o mecanismo da vida humana, do mundo e de tudo que o homem faz. No Brasil conturbado eternamente por miséria e fome disfarçado de remediado, a dita cidade maravilhosa do Rio de Janeiro de outrora virou palco de assaltos, roubos, profanação e violência, os Estados abandonados por seus governadores sofrem com falta de reparos, cuidados, socorro e saneamentos, o Brasil inteiro ainda continua tendo povo miserável vivendo à míngua de favores, pedidos, fome, seca, inundações, e total abandono por quem se propôs em mentiras a cuidar dele, e de nós. Recentemente no Rio de Janeiro, ou melhor, em Niterói, cidade do Estado, uma simples propaganda anunciando preços baixos em um supermercado provocou uma avalanche de pessoas que tumultuou o trânsito local exigindo represálias do governo e fechamento das portas do supermercado, o que causou indignação em uma turba de necessitados que mal pensou ver solucionado, e diga-se apenas por dias ou meses, o problema da fome e ou da limpeza do lar, se via tolhido de conseguir justo por quem isso devia sempre prevenir. E porque isso aconteceu, a invasão de mãos pedindo atenção, gritos pedindo vaga, correria e pressa de encurtar no bolso já vazio o dinheiro que nunca dá para as necessidades básicas? Miséria, falta de poder aquisitivo que mal sente o cheiro de uma melhora ocorre com risco da própria saúde ou mesmo da vida. E não seria assim se fôssemos todos menos necessitados, dignos de receber um salário capaz de pelo menos, como outrora, nos deixar comer em paz.
Se abrirmos um jornal o que vemos estampado em manchetes não são as nossas necessidades e sim as do alheio, as notícias péssimas se sucedem a cada dia mais mostrando que nem só os homens estão revoltados com esse nosso mundo, mas ele mesmo, também está contra si mesmo.
Kadhafi foi preso e está ferido, dizem chefes militares do novo governo líbio
Cinzas de vulcão chileno causam transtornos no sul do Brasil
Greve afeta principal terminal de cargas do país, diz sindicato
E todos os dias isso nos é mostrado pela imprensa ávida de vender notícias sem se importar em defender as causas, para ela sendo melhor que aconteça porque senão não terá o que vender. Mas as verdadeiras notícias e correções que a imprensa deveria buscar seria a cobrança do respeito ao ser humano, ao povo, as coisas do mundo estragadas e a falta de previdência contra inevitáveis catástrofes. Mas isso imprensa nenhuma faz (de verdade) ou jamais fará.

Eu confesso-me cansado de ler, de ver, de escutar sobre o que vai pela minha cidade, o meu país e pelo mundo todo, sábio que estou pelo peso da idade de que tudo isso jamais teve, têm ou terá remédio, faz parte da agonia que temos que viver por pertencer ao mundo racional. E maldade ou desinteresse é tanto que até os velhos filmes, novelas ou séries, entretenimentos que antes eram fantasiosos no romance, na aventura e na comédia, hoje se transformaram em violentos suspenses sangrentos, batalhas de efeitos especiais explosivos, o burlesco tentando fazer rir com cenas de brutalidade ou idiotices vis. Até isso mudou, até o sonho agora tem que ser de sangue e agonia. As melodias antes tão bem feitas e tocadas, hoje é barulho, gritos, palavras obscenas ou sem sentindo, valendo apenas o desejo de mostrar uma arte que longe do barroco é castigo aos ouvidos. Não há mais mãos dadas, mas sim corpos se enlaçando, não há mais beijos de carinho, mas sim línguas se enroscando, não há mais juras de amor e no lugar delas surgiu à necessidade de mentir para conquistar.
Nas religiões o antes sentido e tomado respeito ou temeridade virou necessidade de persuasão, o considerado pecado deixou de existir em nome do pagar para ver, não há mais padres, pastores ou pais de santo, e o que se vê são soldados a serviço da ganância do ganhar dinheiro ou impetrar opiniões. O mundo hoje gira em torno de sexo, maldade, terror e mentiras, deixou de ser mundo para ser prisão. O homem hoje vive através do que pode conseguir para destruir e não mais para gozar a maravilha de Deus lhe deu, e toma de medo, angustia, sofrimento e desilusão.
Se o Filho de Deus um dia nasceu na Terra para ensinar ao homem o ser homem e filho de Seu Pai, parece que não conseguiu esse propósito mesmo com tantos milênios de luta querendo nos fazer acreditar, Ele nasceu justo em lugar onde desde que se conhece existir os primeiros passos do homem foi de guerra, sangue e infâmias, as terras do Oriente Médio e sua mensagem espalhada pelo mundo alcança hoje em dia bem poucos corações e os poucos que alcança ainda duvidam porque tantas atrocidades fazem enfraquecer a fé do homem na bondade quando a maldade impera. Assim é como anda nossa cidade, nosso país, nosso mundo.
Texto: Jorge Curvello, publicado originalmente no blogue (do autor) "Brasil de Insensato Coração"
Edição: JP

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