Ferreira Fernandes
Antes de falar no Parlamento o
deputado Pedro Saraiva distribuiu 230 post-it -nos lugares dos seus colegas. Um
papelito por cada deputado de todos os partidos. Lembram-se da intervenção,
ontem, de outro deputado? Mas a de Pedro Saraiva conhecem - mérito dele, ter
chamado a atenção. É verdade que também chamaria se se tivesse exibido em
cuecas nos Passos Perdidos, mas o dia de fama que ele ganhou conseguiu-o com um
gesto de algum sentido. O post-it tinha a forma de balão de diálogo - imagem
sempre boa de recordar num parlamento - e era um post-it. O post-it, pequeno
papel com adesivo que se tira facilmente sem deixar marcas, é das invenções
mais práticas e úteis da História da Humanidade. Eu sei que nunca seria capaz
de inventar o Teorema de Gauss, mas o post-it quando apareceu, em 1977, já eu
ganhava a vida e se tivesse ousado pensar teria descoberto o post-it. Mas
falhei, não fui eu. Propondo um post-it aos colegas, Pedro Saraiva pedia-lhes
uma pequena sugestão para Portugal. Ao que sei, recolheu um alvoroço de
protestos por não se ter limitado a discursar, como é costume na casa, para o
esquecimento do País, como a casa sabe ser costume.
Ser diferente é duro em
Portugal. Também ontem, soube-se que João Ricardo Pedro tinha ganho o prémio
literário Leya (100 mil euros) e os jornais titularam: "Desempregado ganha
prémio literário". Desempregado coisa nenhuma, estava todo empregado a
fazer pela vida.
Título e Texto: Ferreira Fernandes, Diário de Notícias, 20-10-2011
Edição: JP
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