Antônio Ribas Paiva
Em 1889 o Brasil tinha cerca
de 14 milhões de habitantes, absolutamente alheios, como hoje, ao Sistema de
Governo. Tratavam da própria vida, no ritmo dos trópicos, espalhados por 8,5
milhões de km².
O Império do Brasil era a
segunda potência econômica e militar do mundo. O Maranhão, à época, grande
produtor de algodão, era a 5ª potência econômica do mundo.
As Forças Armadas Imperiais
tinham cultura de combate, adquirida na Guerra do Paraguai. A Marinha Imperial,
2ª do mundo, dominava o Atlântico, a projeção de poder do Brasil Imperial
alcançava a África e o extremo oriente; cenário preocupante para a maior
potência militar: o Império Britânico.
De repente, em 15 de novembro
de 1889, aparentemente atendendo aos anseios de algumas centenas de
republicanos e, supostamente em retaliação ao Visconde de Ouro Preto, Ministro
do Império, Deodoro da Fonseca, com uma “barretada”, lançou o Império do Brasil
no 3º Mundo.
A decadência permanente do
período posterior à proclamação da República, levanta suspeitas e impõe uma
análise histórica sob ângulos diferentes dos abordados habitualmente.
O Brasil, após 15 de novembro,
“despencou” do 2º lugar como potência militar e econômica do mundo, para um
modesto 46º lugar em 1964, quando houve uma “repescagem” econômica com os
governos militares e o país, em 1973, ascendeu ao 8º lugar, como potência
econômica.
A decadência continuou e,
atualmente, o Brasil, apesar de ser a 7ª potência econômica mundial é, apenas,
a 60ª potência militar e sua educação ocupa a 88ª posição.
Essa decadência foi atípica,
porque o Brasil é uma potência natural, com território, população e recursos
naturais. Não fossem os colaboracionistas, teria se desenvolvido como os irmãos
dos Estados Unidos da América fizeram. E não se fale em povo, porque o povo
nunca fez nem soube de nada; nem cá e nem lá.
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Bandeira do 2º Império do Brasil. Autor: Tonyjeff |
Voltando a 1889, não é
verossímil, que algumas centenas de republicanos, tenham empolgado o Exército
Brasileiro a proclamar a República e, no aproveitamento do êxito, massacrado os
oponentes da Marinha Imperial.
Para concluir basta perguntar: A
quem aproveitou o fim do Império do Brasil?
Certamente ao Império
Britânico, que como afirmou Eric Hobsbawm (historiador
britânico), em a Era dos Impérios, tinha a América
do Sul como parte informal de suas possessões.
A conclusão é dolorosa, mas
deve ser feita. Foi apenas um Núcleo de Oficiais do Exército
Brasileiro que, talvez inadvertidamente, garantiu o êxito do Império Britânico.
Isso até se explica, porque Benjamin Constant, líder do movimento, não era
guerreiro, era um professor de matemática, que tudo fez para não ir para a Guerra
do Paraguai.
Estranhamente, o Exército
Brasileiro, proclamou a República, mas não a implantou, limitando-se a algumas
intervenções superficiais na Política, sem contudo, aprimorar as Instituições e
garantir a Democracia.
A “classe política”, desde 1889, vem assenhoreando-se do Brasil, como coisa deles, e o Exército não vem cumprindo o seu exclusivo dever de dizer não.
A “classe política”, desde 1889, vem assenhoreando-se do Brasil, como coisa deles, e o Exército não vem cumprindo o seu exclusivo dever de dizer não.
Será que o Núcleo de
Oficiais, que proclamou a República, ainda controla politicamente o Exército
Brasileiro, suscitando um falso corporativismo, que procura manter os
brasileiros fardados alheios à coisa política?
Esse alheiamento
vulnerabilizou o Brasil, que sofre ataques de Guerra de 5ª Geração,
sem qualquer reação. Nossas ferrovias foram destroçadas, de Norte a Sul, de
Leste a Oeste; o Lloyd Brasileiro foi extinto; a guerrilha
campesina atacou o agronegócio, financiada com dinheiro público e
internacional; minérios estratégicos são exportados fraudulentamente, por
preços vis; nossa indústria bélica, que garantiu o poder de fogo do Iraque e da
Líbia, foi fechada; nossas hidrovias permanecem inexploradas; a logística tem
“gargalos”, que entravam o desenvolvimento; tudo sem que o Exército dissesse
não, apesar do evidente solapamento da Soberania.
Tudo leva a crer, que o Núcleo de
oficiais, que lançou o Império do Brasil no 3º Mundo, perenizou-se e
atua de forma intertemporal, sufocando, talvez inadvertidamente, nossas
potencialidades. Seu papel não é complicado, basta impedir o
Exército de dizer não. Assim foi na criação da Reserva Raposa Serra do Sol,
também de interesse do Império Britânico, muito se falou, até com certa
veemência, mas o Exército Brasileiro não disse NÃO (em
1904 a Guiana Inglesa nos tomou 19.000 km², na mesma região),
Essa omissão, do DEVER
DE DIZER NÃO, possibilitou que os poltrões e traidores de
gravata “cumprissem sua missão”. Para o Império Britânico a continuação do
golpe já praticado em 1904 está em andamento! É preciso cumprir o DEVER
DE DIZER NÃO!
Revisitando a história,
observa-se que o primeiro ato da 1ª Guerra Mundial foi a Proclamação da
República no Brasil.
A Princesa Izabel casou-se, em aliança
monárquica, com o Príncipe Gastão de Orléans, Conde d’Eu,
dinasta francês das Casas Bourbon Orléans e Saxe-Coburg-Gotha, forjando a
aliança do Império do Brasil, com o Império Português, com o Império Francês e
com o Império Austro-Húngaro[1] e
Alemão.
Sem a proclamação da
República no Brasil a 1ª Guerra Mundial não teria ocorrido.
A Marinha Imperial Brasileira
dominava o Oceano Atlântico e as alianças monárquicas do Império do Brasil
impediriam a formação da Tríplice Entente[2].
Bem sucedido no Brasil, sem disparar um único tiro, graças ao Núcleo de
oficiais existente no Exército Brasileiro, o Império Britânico deu andamento ao
seu planejamento.
Em 28 anos, de 1889 a 1917, o Império Britânico destroçou 7 (sete) impérios: o
do Brasil, o de Portugal, o Otomano[3],
o Francês, o Russo[4],
o Austro-Húngaro e o Alemão[5].
Na história da humanidade não existe registro de tal “sucesso” em apenas 28
anos. Nem os Romanos conseguiram tal proeza.
Esse brilhantismo político-estratégico, que nos vitimou e, vitima, deve ser
objeto de estudos adequadamente dirigidos, que ajudarão a sobrestar os 121 anos
de decadência do Brasil.
Acima de tudo, o Exército Brasileiro precisa encapsular esse Núcleo de
falso corporativismo, que vem impedindo o cumprimento do dever de dizer não.
Encapsulado o núcleo, o Brasil se autodeterminará automaticamente e a missão
desta geração de brasileiros estará cumprida, sem qualquer ruptura, sem
violência, basta, apenas, o Exército Brasileiro passar a cumprir o seu
intransferível dever de dizer não.
Título e Texto: Antônio José Ribas Paiva, São Paulo, 4 de abril de 2011
União Nacionalista Democrática - UND
União Nacionalista Democrática - UND
Presidente
Recebido de Fernando Bihari
[1] Corresponderia
atualmente à Áustria, Hungria, República Checa, Eslováquia, Eslovénia, Croácia, Bósnia e
Herzegovina e as regiões da Voivodina na Sérvia, Bocas de Kotor no Montenegro, Trentino-Alto
Ádige eTrieste na Itália, Transilvânia e
parte do Banato na Roménia, Galícia na Polónia e Ruténia (região
Subcarpática) na Ucrânia).
[2] Tríplice
Entente foi a aliança militar realizada entre a Inglaterra, a França e o Império Russo após
a assinatura da Entente Anglo-Russa em 1907. A Aliança
Franco-Russa de 1871,
juntamente com a Entente Anglo-Russa de 1907 e a Entente Cordiale de 1903, formaram a Tríplice
Entente, entre a França, o Império
Britânico e a Rússia.
[3] O Império
Otomano existiu entre 1299 e 1922 e, no seu auge,
compreendia a Anatólia,
o Médio Oriente,
parte do norte
de África e do sudeste europeu.
[4] O Império
Russo existiu de 1721 (Czar Pedro I) até a Revolução Russa, de 1917 (Czar Nicolau II). Em seu ápice, em 1866, se estendia da Europa
do Leste, percorria toda a Ásia e chegava à América do Norte.
[5] O Império
Alemão governado pela Casa von Hohenzollern. Existiu desde a sua
consolidação como Estado-nação em 1871 até 1918, após a derrota na 1ª Guerra
Mundial.
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