quarta-feira, 19 de outubro de 2011

[Portugal] Despesa pública: afinal havia outra!

Isabel Stilwell 
Sinceramente não tenho percebido a estupefacção de muitos dos comentadores políticos perante as medidas do OE para o próximo ano, anunciadas por Pedro Passos Coelho. Reagem como se os cortes previstos tivessem caído inesperadamente do céu, e fazem um ar quase que ofendido, como se fosse uma afronta pessoal. E o pior é que contagiam as pessoas com a ideia de que o inevitável era, afinal, evitável e que tudo podia ser de outra maneira.
Fico espantada porque, por um lado, os economistas que leram o acordo da Troika garantem-me que tudo isto estava lá escrito, e que aquilo que aconteceu foi que a maioria das pessoas que o comentaram se ficaram por uma leitura superficial do documento, o que os levou a falar de umas medidas vagas, e a que na altura não ligaram nenhuma.
Surpreendo-me, por outro, porque a contestação às políticas propostas pelo governo anterior, assentou na ideia de que se devia cortar na despesa do Estado, em lugar de carregar os portugueses com mais impostos. Proposta, aliás, que os votos nas últimas eleições sufragaram. Ou seja, a maioria dos comentadores, e dos portugueses eleitores, devia já contar com o que está a acontecer.
A não ser que, como tenho ouvido, a despesa em que pensavam cortar fosse a das mordomias, dos almoços e dos carros, dos prémios milionários e dos vôos em primeira classe que os políticos, ajudados em muito pelos comentadores e pela comunicação social, fizeram acreditar que representava os milhares de milhões de que os cofres do Estado precisavam. Mas afinal havia outra! A despesa real do Estado consiste nos serviços ou seja na saúde, na educação, nos salários e nas reformas, onde nos dói realmente mais, onde os sacrifícios são cruelmente grandes. Não há dúvida de que a demagogia e o culto da inveja é que deviam pagar imposto.
Isabel Stilwell, Destak, 17-10-2011

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