Sinceramente não tenho percebido a estupefacção de muitos
dos comentadores políticos perante as medidas do OE para o próximo ano,
anunciadas por Pedro Passos Coelho. Reagem como se os cortes previstos tivessem
caído inesperadamente do céu, e fazem um ar quase que ofendido, como se fosse
uma afronta pessoal. E o pior é que contagiam as pessoas com a ideia de que o
inevitável era, afinal, evitável e que tudo podia ser de outra maneira.
Fico espantada porque, por um lado, os economistas que
leram o acordo da Troika garantem-me que tudo isto estava lá escrito, e que
aquilo que aconteceu foi que a maioria das pessoas que o comentaram se ficaram
por uma leitura superficial do documento, o que os levou a falar de umas
medidas vagas, e a que na altura não ligaram nenhuma.
Surpreendo-me, por outro, porque a contestação às
políticas propostas pelo governo anterior, assentou na ideia de que se devia
cortar na despesa do Estado, em lugar de carregar os portugueses com mais
impostos. Proposta, aliás, que os votos nas últimas eleições sufragaram. Ou
seja, a maioria dos comentadores, e dos portugueses eleitores, devia já contar
com o que está a acontecer.
A não ser que, como tenho ouvido, a despesa em que
pensavam cortar fosse a das mordomias, dos almoços e dos carros, dos prémios
milionários e dos vôos em primeira classe que os políticos, ajudados em muito
pelos comentadores e pela comunicação social, fizeram acreditar que
representava os milhares de milhões de que os cofres do Estado precisavam. Mas
afinal havia outra! A despesa real do Estado consiste nos serviços ou seja na
saúde, na educação, nos salários e nas reformas, onde nos dói realmente mais, onde
os sacrifícios são cruelmente grandes. Não há dúvida de que a demagogia e o
culto da inveja é que deviam pagar imposto.
Isabel Stilwell, Destak, 17-10-2011
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