No dia 18 de outubro último,
na sede da Federação Pró-Europa Cristã (FPEC), em Bruxelas, o Prof. Houchang
Nahavandi, que fora ministro do Desenvolvimento e, mais tarde, do Ensino
Superior, durante o reinado de Reza Pahlavi, último Xá do Irã, proferiu
excelente conferência intitulada: “Como se fabrica uma revolução — o começo do
islamismo radical".
O conferencista externou a
erudição de um laureado pela Academia Francesa e a incontestável segurança de
quem viveu todo o processo da revolução iraniana, explicando com riqueza de
detalhes como, de um país aberto à civilização ocidental, o Irã tornou-se o
foco por excelência do terror islâmico que assola os nossos dias.
O público presente — composto
de vários membros da nobreza europeia, intelectuais e políticos — ouviu com
profundo interesse todo o desenrolar da trama que transformou o então
desconhecido Khomeini em “líder” de uma revolução que acabaria por eliminar a
milenar monarquia persa. Segundo o conferencista, com a ajuda da imprensa
ocidental e de renomados intelectuais de esquerda, uma falsa biografia do
aiatolá foi elaborada para “transformado-o em pai de mártir, filho de mártir e
ele mesmo vítima do regime imperial”, o que era totalmente contrário à
realidade.
Confortavelmente instalado em
Paris, Khomeini recebeu todo o apoio estratégico e material que culminou com o
seu retorno triunfal ao Irã. O Prof. Nahavandi salientou que nessa época foi
inaugurada a prática do assassinato em massa como tática revolucionária para
aterrorizar a população e desestabilizar o país, dando o exemplo concreto de um
cinema que foi incendiado quando passava um filme dedicado ao público infantil,
ocasião em que morreram mais de 472 pessoas, em sua maioria crianças.
Muitos fatos narrados na
conferência lembram o momento em que vivemos, que quase todo mundo islâmico foi
atingido pela chamada "Primavera árabe". Esta, sob o pretexto de
instaurar a democracia, vem transferindo o poder de ditadores laicistas para
islâmicos cada vez mais radicais. E assim como há mais de 30 anos no Irã, o
apoio ocidental vem sendo novamente decisivo para a ascensão ao poder da
teocracia muçulmana.
Título, Imagem e Texto: Heitor
Abdalla Buchaul, 13-11-2011. Publicado originalmente no blog “Agência Boa Imprensa”
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