![]() |
Mariza, Pavilhão Atlântico, novembro 2007. Foto: José Goulão |
A notícia acaba de chegar via
SMS: “O Fado já é património imaterial da humanidade”. Sara Pereira, directora
do Museu do Fado, estava sentada na sala onde o comité intergovernamental da
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) está
a votar as candidaturas a património cultural imaterial da humanidade, em Bali,
na Indonésia, quando o resultado da votação foi anunciado.
A partir de agora, o fado não
é apenas a canção de Portugal, a canção de Severa, Marceneiro, Amália, Carlos
do Carmo, Camané e Carminho - é um tesouro do mundo. Um tesouro que fala de
Portugal, da sua cultura, da sua língua, dos seus poetas, mas que também tem
muito de universal nos sentimentos que evoca: a dor, o ciúme, a solidão, o
amor.
O optimismo à volta da
eventual entrada do fado para a Lista Representativa do Património Cultural
Imaterial da Humanidade era grande desde que, em Outubro, a comissão de peritos
da UNESCO considerou a candidatura portuguesa “exemplar”, mas vê-la formalizada
compensa definitivamente anos de trabalho de uma série de especialistas,
músicos e intérpretes.
Foi em 2005 que Portugal
começou a preparar mais seriamente esta candidatura que o Museu do Fado, em
nome da Câmara Municipal de Lisboa, formalizou junto da UNESCO em Junho do ano
passado (tinham passado apenas dois anos sobre a aprovação da Convenção para a
Salvaguarda do Património Cultural Imaterial). Mas a ideia, ou o sonho, tem
quase 20 anos - surgiu por altura da Lisboa Capital Europeia da Cultura, em
1994, garantiu ao PÚBLICO há dias Ruben de Carvalho, vereador da CDU em Lisboa
e um dos que mais apoiaram o projecto desde o início.
Em 2010, o fado apresentou-se à UNESCO como “símbolo da identidade nacional” e “a mais popular das canções
urbanas” portuguesas, tendo por embaixadores dois intérpretes que, por motivos
bem diferentes, fazem parte da sua história de forma incontestada: Carlos do
Carmo e Mariza.
A canção que deve a Amália os
primeiros grandes esforços de internacionalização é uma das 49 candidaturas a
património imaterial da humanidade que serão avaliadas por delegados de 24
países até dia 29.
A lista do património
imaterial - uma designação que abrange tradições, conhecimentos, práticas e
representações que fazem a matriz cultural de um país e que, juntas, formam uma
espécie de tesouro intangível do mundo - tinha até à reunião de Bali 213 bens
de 68 Estados, como o tango ou o flamenco, só para falar em dois exemplos de
universos semelhantes. O fado é o primeiro bem português, mas, se tudo correr
bem, já não faltará muito para que o cante alentejano lhe faça companhia.
Título e Texto: Lucinda Canelas, Público, 27-11-2011, 12h21
Momento em que o Fado foi reconhecido pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade:
Momento em que o Fado foi reconhecido pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-