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Foto: Orlando Brito/OBritoNews |
Nivaldo Cordeiro
Dilma sempre que ficou sozinha
aos microfones falou besteira. Sua fama de administradora deriva unicamente da
sua veia autoritária, que tratava funcionários e negociantes com o governo a
pontapés.
A coluna do jornalista
Fernando Rodrigues, na Folha de São Paulo de hoje, é um exemplo de como se
planta notícias e se constrói, em doses homeopáticas, a imagem do governante do
dia. Pinço aqui duas informações que foram ali colocadas, absolutamente incompatíveis
com a realidade dos fatos:
“A presidente Dilma Rousseff
já ganhou a batalha da imagem. Mandou embora seis ministros e ficou com a fama
de não transigir com o erro. Pouco importa se no miolo de alguns ministérios a
bandalha continue ou se alguns outros ministros também já devessem estar no
olho da rua. Para efeito externo, a petista é durona e está fazendo uma faxina
na política”.
“Nos seus três próximos anos,
é possível que Dilma avance sobre outras áreas e de maneira mais real. Uma
delas é a notória ineficiência do setor público”.
O artifício retórico é
introduzir uma mentira como se fosse um fato consumado (Dilma Roussef como
“faxineira”), fato incompatível com o noticiário que dá destaque à vida e à
ação administrativa pouco proba de dois ministros, Carlos Lupi e Mário
Negromonte, sobre os quais a presidente não exerce qualquer autoridade
moralizadora. E também incompatível com todos os ministros do PT caídos em
desgraça, desde o “mensalão”. Aliás, este deveria ser o mote de um artigo
decente, a incompatibilidade entre o discurso ético e a ação deletéria da
presidente acobertando os malfeitos de seus auxiliares ilustres.
Assim, Fernando Rodrigues se
comporta como se fosse uma pena de aluguel, mesmo que não tenha a intenção
deliberada de fazê-lo. Está ajudando a criar a imagem mitológica da “faxineira”
comprometida com a ética.
Quanto à competência, esse
campo nunca foi o forte do PT e da antiga ministra da Casa Civil, ora
presidente. Lula assumiu que era despreparado do ponto de vista técnico e levou
a vida presidencial em cima de palanque, fazendo populismo barato. Dilma sempre
que ficou sozinha aos microfones falou besteira, revelando despreparo
equivalente. Sua fama de administradora deriva unicamente da sua veia
autoritária, que tratava funcionários e negociantes com o governo a pontapés.
Isso não é e nunca foi competência, apenas despreparo, falta de liderança.
Fernando Rodrigues é dos
melhores jornalistas em atividade. Dá para imaginar o que são os piores. E os
alugados.
Título e Texto: Nivaldo Cordeiro, Mídia Sem Máscara, Folha de S. Paulo, 26-11-2011
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