A desmoralização do ministro
do Trabalho, Carlos Lupi, tem o efeito imediato de desmoralizar junto com ele o
seu partido, o PDT, mas paradoxalmente não atinge, pelo menos até o momento, o
prestígio da presidente Dilma junto à população, que não identifica nela o que
ela realmente é: a única responsável pela indicação de um ministro
desqualific...ado para seu governo e, mais que isso, pela sua manutenção no
cargo, mesmo depois de ter mentido privadamente para a própria presidente e
publicamente numa comissão do Congresso.
Fora as acusações de corrupção
no ministério que, com a comprovação de que o próprio ministro viajou de carona
com o presidente da ONG Pró-Cerrado, que tem contratos milionários com o
Ministério do Trabalho, já envolvem Lupi diretamente.
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Charge: André Zendron |
O problema que já começa a
perturbar os partidos aliados é que essa sucessão de crises ministeriais, ao
mesmo tempo em que aumenta estranhamente a popularidade de Dilma, aprofunda
inversamente a descrença da população nos partidos políticos, que no final das
contas são os únicos responsáveis, diante da opinião pública, pelos desvios de
conduta, e também não recebem os bônus por eventuais programas de governo que
deem certo. Nesses casos, é também a presidente Dilma que recebe o reconhecimento
da população.
Como estamos em regime
presidencialista, a responsabilidade por erros e acertos deveria ser da
presidente, assim como a decisão de tirar ministro que ficasse inviabilizado,
por qualquer motivo, de continuar no governo. Como vem ressaltando nos últimos
dias o deputado do PDT Miro Teixeira, que dirigiu a pasta das Comunicações no
primeiro ministério do governo Lula.
Até porque, em última
instância, foi a presidente quem o escolheu para o ministério. Para os
políticos sérios - que ainda os há -, está se tornando um péssimo negócio fazer
parte do Ministério Dilma.
A não ser que ela, na reforma
ministerial anunciada para o início do ano, resolva montar uma equipe de acordo
com um programa de governo previamente negociado com os partidos políticos, num
governo de verdadeira coalizão partidária.
O que temos hoje é um governo
de cooptação, que se baseia em interesses outros que não os do país.
Título e Texto: Merval
Pereira, O Globo, 22-11-2011
Colaboração: Rafael Picate
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