quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A presidente e o ministro


Foto: Neto Ferreira (?)

Peter Rosenfeld
Devo dizer que jamais tinha visto algo parecido! Um subordinado mente escandalosamente para o seu superior, que tem provas irrefutáveis desse crime, e este nada faz para afastar o mentiroso!
Mas onde é que estamos?
Será que o chefe (no caso, a chefe) está esperando um milagre? Que alguém apareça com um pó de pirlimpimpim e em um passe de mágica faça o mentiroso sumir? Evaporar-se?
Será que nenhum outro subalterno tem a coragem de alertar a chefe para a situação absurda que foi criada?
Ou será que a Chefe tem medo de tomar a única medida cabível, a demissão?
Pois é exatamente isso que está acontecendo neste nosso País dos absurdos! Nesse pobre Brasil, que virou uma verdadeira Casa da Mãe Joana!
É evidente que estou me referindo à Presidente da República, Senhora Rousseff e ao Ministro Lupi.
O Ministro mentiu para a Presidente; mentiu para os Senadores em pleno Senado Federal; mentiu para os Deputados Federais em plena Câmara dos Deputados.
Essa mentira a nossos legisladores federais foi assistida pelos brasileiros via televisão, ao vivo e a cores e, posteriormente, pelas gravações feitas nos dois casos. Não foi preciso, sequer, que alguém imaginasse o ocorrido; lá estava, sem deixar qualquer coisa à imaginação de quem assistia! 
Será que o indigitado Ministro, responsável pela administração de vultosos valores, consegue dormir à noite?

E como nós, cidadãos pagantes de impostos (os mais altos do mundo, provavelmente), estamos nos sentindo sabendo que nossos dinheiros estão sendo usados para enriquecer gente que não fez para merecê-los?
O Ministro talvez nem se vexe, apesar de saber que, mais cedo ou mais tarde, será ejetado do cargo, mas aí já terá causado grandes males!
Ah, é verdade, sairá sob grandes aplausos dos asseclas do governo federal, incisiva e fortemente elogiado por sua superior, como aconteceu com os ministros anteriormente demitidos, esses apenas por haverem cometido falcatruas!
Nossos presídios estão superlotados com ladrões de galinhas, de pacotes de manteiga e de outros delitos envolvendo valores pequenos.
Criminosos que se apropriaram indevidamente de somas significativas e acabaram nas cadeias penso que podem ser contados nos dedos de uma única mão. Há uma enorme quantidade deles, sabe-se, mas desfrutando do produto de seu roubo no aconchego de suas suntuosas casas ou de propriedades em países que não têm tratados de extradição com o Brasil.
Aliás, fazendo pequeno parêntese; com a Itália temos tratado de extradição, mas o Sr. Cesare Battisti não foi extraditado graças à criminosa decisão do ex-Presidente da República por recomendação de seu então Ministro da Justiça. Vergonha para o Brasil; mas o ar de uma praia no Estado de São Paulo está fazendo grande bem ao italiano...
Voltando ao procedimento da Sra. Presidente.
Consta que pretende substituir o atual Ministro do Trabalho quando da suposta reforma do ministério que, ao que se diz, será levada a efeito no princípio do próximo ano.
Mas uma coisa nada tem a ver com a outra! Um ministro que confessadamente é mentiroso tem que ser substituído imediatamente pois pode, até lá, delinqüir firme e fortemente, para completar seu pé-de-meia (e, por pressuposto, o daqueles que o cercam).
Deve-se dar-lhes essa oportunidade? Absolutamente não.
Tão logo comecei a trabalhar, há sessenta anos passados, aprendi que “a ocasião faz o ladrão”. Na empresa para a qual trabalhava havia essa máxima: evite que qualquer pessoa seja submetida às tentações que são oferecidas a ela a todas as horas, todos os dias.
Foi tendo isso em mente que surgiram as caixas registradoras (aquelas belas obras de arte que durante muitos anos existiram junto às caixas das lojas), com a finalidade de registrar mecanicamente o que era vendido!!
Nos bancos, verificou-se que os funcionários que manejavam diretamente o dinheiro delinqüiam em grande número de ocorrências, todas de pequeno valor; enquanto isso, os desvios de valores vultosos eram praticados pelos presidentes das instituições, mas a quantidade de ocorrências era pequena.
Logo, em minha modesta opinião, quando alguém é ladrão confesso, há que ajudá-lo, não lhe dando a menor oportunidade de se apropriar de dinheiros que não lhe pertençam.
Em nossos dias a máxima que reza “rouba mas faz”, criada para caracterizar o então Governador do Estado de São Paulo, Ademar de Barros, não pode ser aceita (como, é claro, não era aceita então...).
Para encerrar, o relato de um evento verdadeiro, mas que demonstra como o povo pode saber discernir: na eleição de 1954, candidatou-se a deputado pelo Rio de Janeiro um cidadão de nome Jurandir Pires Ferreira, que tinha sido Presidente da Central do Brasil. Seu lema era “Consulte seu passado e votarás nele”.
Os eleitores cariocas consultaram o passado do candidato e não votaram nele, sabido larápio que era…
Título e Texto: Peter Wilm Rosenfeld, Porto Alegre (RS), 23 de novembro de 2011

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